Foi em uma das mais famosas casas de ópera do mundo, o Teatro Alla Scala, em Milão, que a ópera “O Guarany” do brasileiro Antônio Carlos Gomes fez sua estreia em 19 de março de 1870.
Baseada no romance de José de Alencar e composta em quatro atos por Carlos Gomes, foi a primeira ópera brasileira a ser aclamada fora do Brasil.
O libreto, que em sua estreia foi escrito em italiano, conta uma história que se passa no Brasil do século XVII e é a história de um romance impossível entre o índio guarani Peri e a filha da nobreza, Cecília ou Ceci, que havia sido prometida em casamento para um patrício.
A ópera, que finaliza com todos os personagens mortos, exceto Ceci e Peri, simboliza com o amor do casal, a miscigenação que é um dos principais aspectos da formação do povo brasileiro.
A qualidade de sua produção, composta por uma rica orquestra, com melodias que destacam e homenageiam a música indígena brasileira, tornou esta ópera reconhecidamente uma obra singular em meio a todo o repertório de óperas do mundo e é hoje a única ópera latino-americana a se manter em cartaz nos principais teatros do mundo.
Poucos meses depois de sua estreia em Milão, em 2 de dezembro de 1870, a ópera de Carlos Gomes estreou no Brasil, no Rio de Janeiro, no Teatro Lírico Fluminense.
Identitários contra Carlos Gomes
Recentemente os propagadores da política identitária, que patrocinados pelo banco Itaú tomaram conta da cena cultural do País, resolveram atacar esta verdadeira obra-prima da cultura nacional.
Trata-se da “releitura” de O Guarany concebida pelo índio psdbista, Ailton Krenak.
A “nova concepção” da ópera foi apresentada no Theatro Municipal de São Paulo, decepcionando aqueles que compraram o ingresso da ópera anunciada como O Guarany esperando ver a obra de Carlos Gomes.
Krenak, um notório inimigo da cultura brasileira e da obra-prima de Carlos Gomes, anunciou que pretendia, com a sua “concepção”, corrigir a obra, que segundo o índio tucano, faz de Peri uma “caricatura de índio ridícula”.
Assim, os identitários conseguiram privar o público brasileiro de desfrutar desse verdadeiro patrimônio requisitada no mundo inteiro para ter de ficar com a “versão” identitária de Krenak.
A tentativa de destruição da mais importante ópera brasileira em pleno Theatro Municipal de São Paulo é uma grande prova do quanto o identitarismo é nocivo para a cultura.