Em 17 de dezembro de 1956, o governo brasileiro, sob a presidência de Juscelino Kubitschek (JK), oficializou um acordo com os Estados Unidos para a construção de uma base militar norte-americana no arquipélago de Fernando de Noronha. Tomada em meio à radicalização da ofensiva imperialista contra os países atrasados, a conclusão do acordo refletia a profunda submissão do Brasil aos EUA, que oito anos mais tarde derrubaria o governo brasileiro e inauguraria o mais tenebroso período da história do País: os 21 anos da Ditadura Militar (1964-1985).
O acordo previa a cessão do território brasileiro em troca de um aporte de 100 milhões de dólares (valores da época) em armamentos. A justificativa oficial era reforçar a cooperação militar entre os dois países e garantir que o Brasil estivesse “equipado” para enfrentar potenciais ameaças externas. No entanto, o verdadeiro objetivo era consolidar o controle norte-americano sobre o Atlântico Sul, uma região de grande importância estratégica para o monitoramento de mísseis teleguiados, além de ampliar o cerco aos países latino-americanos.
Em 1957, a base militar foi oficialmente instalada no então Território Federal de Fernando de Noronha, que, à época, era administrado diretamente pelo governo federal. A escolha do arquipélago não foi aleatória: sua localização privilegiada permitia um monitoramento eficiente das rotas marítimas e aéreas entre as Américas, a África e a Europa, além de estar suficientemente distante do continente para operações sigilosas. A estrutura da base incluía radares avançados para a época, sistemas de comunicação e monitoramento, além de alojamentos e equipamentos operados por militares norte-americanos.
A base norte-americana de Fernando de Noronha começou a ser desativada em 1960, ao final do governo JK. Embora o fechamento da base tenha representado uma vitória contra a ingerência externa, ele não encerrou a presença norte-americana no Brasil. Os EUA continuaram sendo uma força decisiva nos rumos do País, intervindo na política e na economia nacional, especialmente a partir do golpe de 1964.