Há 153 anos, no dia 14 de março, nascia o poeta brasileiro Castro Alves. Autor de obras como “Espumas Flutuantes” (1870), a peça de teatro “Gonzaga, ou a revolução de Minas” (1875), além de “A Cachoeira de Paulo Afonso” (1876) e “Os escravos” (1883), que lhe renderam a alcunha de O Poeta dos Escravos.
Poeta, dramaturgo e ativista abolicionista do século XIX, recebeu elogios de outros expoentes da literatura brasileira, como Machado de Assis e José de Alencar. Para se ter uma ideia, a edição de 1875, do livro “Gonzaga ou revolução de Minas”, é precedida por cartas de Alencar e Assis que comentam sobre a qualidade literária da obra teatral e também da poesia de Alves.
“0. Sr. Castro Alves é um discípulo de Victor Hugo, na arquitetura do drama, como no colorido da ideia. O poema pertence à mesma escola do ideal; o estilo tem os mesmos toques brilhantes”, comenta Alencar à Assis.
Na carta resposta, Machado de Assis comenta suas impressões sobre o autor e reforça uma das principais características de Alves: “Nesta rápida exposição das minhas impressões… Eu não podia, por exemplo, deixar de mencionar aqui a figura do preto Luiz [personagem da peça teatral Gonzaga…]. Em uma conspiração para a liberdade, era justo aventar a ideia da abolição: Luiz representa o elemento escravo. Contudo o Sr. Castro Alves não lhe deu exclusivamente a paixão da liberdade. Achou mais dramático por naquele coração os desesperos do amor paterno. Quis tornar mais odiosa a situação do escravo pela luta entre a natureza e o fato social, entre a lei e o coração…”.
As biografias de Castro Alves destacam que ele sempre demonstrou paixão pela poesia e ao treze anos de idade recitou seu primeiro texto em público na escola. Mesmo com uma produção de amplitude, o principal tema de seu trabalho é o abolicionismo. Considerado uma das figuras mais importantes do romantismo no Brasil, uma vez que sua poesia estava ligada a temas sensíveis da sociedade, além de defender causas da liberdade e da justiça, atuava também fora dos limites da poesia contra o regime escravista, notadamente nas faculdades de direito em que foi aluno, em Recife e São Paulo.
Abaixo um dos poemas do livro “A Cachoeira de Paulo Afonso”:
Sangue de africano
AQUI sombrio, fero, delirante
Lucas ergueu-se como o tigre bravo…
Era a estatua terrível da vingança…
O selvagem surgiu… sumiu-se o escravo.
Crispado o braço, no punhal segura!
Do olhar sangrentos raios lhe resaltam,
“Qual das janellas de um palácio em chammas
As labaredas, irrompendo, saltam.
Com o gesto bravo, sacudido, fero,
A dextra ameaçando a immensidade…
Era um bronze de Achilles furioso
No punho concentrando a tempestade !
No peito arcando o coração sacode
O sangue que da raça não desmente,
O Sangue queimado pelo sol da Lybia,
Que ora referve no Equador ardente.