Em 14 de dezembro de 1981, o Knesset (parlamento de “Israel”) aprovou a Lei das Colinas de Golã, estendendo as leis e o governo da ocupação sionista da Palestina também à região das Colinas de Golã, território sírio capturado durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Com 63 votos favoráveis e 21 contrários, a aprovação da lei foi amplamente interpretada como uma anexação, embora o termo não tenha sido utilizado no texto. A medida, condenada pela comunidade internacional, foi declarada nula e sem efeito pela Resolução 497 do Conselho de Segurança da ONU.
Tomada poucos meses após o acordo de paz entre “Israel” e o Egito, que incluía a devolução da Península do Sinai, a medida foi vista como um golpe às negociações futuras com a Síria. A lei enfrentou forte oposição interna e internacional, com críticas sobre o procedimento legislativo apressado e seus impactos diplomáticos. Ainda assim, a ocupação foi consolidada, ignorando a soberania síria e os apelos globais por respeito ao direito internacional.
Rica em recursos naturais, a região delimita a fronteira entre “Israel”, Síria e Jordânia, tendo por isso importância estratégica, o que a levou a ser ocupada a pretexto da segurança nacional do enclave imperialista, uma desculpa para esconder a verdadeira intenção: consolidar o controle sobre territórios árabes. A resistência local se manifestou no histórico movimento de greve geral dos drusos em 1982, que por cinco meses rejeitaram a anexação.
A greve envolveu trabalhadores drusos de diversas áreas, principalmente agricultura e serviços públicos. Esses trabalhadores, muitos dos quais eram empregados em empresas israelenses ou no setor público israelense, pararam suas atividades em sinal de resistência. A greve foi amplamente organizada por líderes comunitários drusos, que mantiveram firme a posição de não aceitar a cidadania israelense, além de rejeitar os esforços de assimilação cultural e política do regime sionista.
A repressão israelense foi imediata e truculenta. Houve detenções, espancamentos e intimidações contra os líderes da greve e os participantes. A pressão psicológica e física foi usada para tentar quebrar a resistência, mas os drusos se mantiveram firmes na sua oposição à anexação e ao regime israelense. Muitos foram forçados a trabalhar sob condições de vigilância constante, mas a maioria se recusou a aceitar qualquer forma de lealdade ao Estado de “Israel”.
A greve de 1982 não apenas evidenciou a resistência dos drusos à ocupação, mas também destacou as tensões entre a população árabe da região e a ditadura sionista, que continua a expandir sua ocupação às custas dos direitos e da autodeterminação dos povos árabes.
Décadas depois, a anexação segue sem reconhecimento internacional, salvo pelos Estados Unidos, que em 2019 declararam o território como parte da ocupação israelense. A ONU, por sua vez, reafirmou que a situação das Colinas de Golã permanece inalterada. A ilegalidade flagrante da ocupação das Colinas de Golã é mais um exemplo de como a ditadura sionista se sustenta pela força e pela complacência de aliados como o governo da Jordânia e do Egito.