Vinícius Rodrigues

Militante do Partido da Causa Operária no Rio de Janeiro e membro da Direção Nacional da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Coluna

11 de setembro: contrarrevolução e revolução no oriente médio

A guerra ao terror foi uma grande ofensiva imperialista no Oriente Médio, ao ser derrotada pelos povos oprimidos armados se iniciou uma verdadeira revolução 

O ataque as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001 foi o estopim da contra revolução no Oriente Médio. O imperialismo iniciou uma etapa de 20 anos que é bem delimitada pela invasão do Afeganistão pelos EUA em 2001 e sua derrota em 2021. O imperialismo, que é em sua essência a contra revolução, foi derrotado em quase todos os países da região. O Eixo da Resistência, uma organização revolucionária internacional, é a filha da “guerra ao terror”. Ela se tornou a linha de frente da revolução mundial.

Com o ataque do 11 de setembro, o governo Bush pôs em ação seu plano de dominação total do Oriente Médio. O começo foi no Afeganistão em 2001, o país foi invadido e o Talibã derrubado, assim se iniciou a guerrilha que seria o pesadelo do imperialismo. O grande avanço foi em 2003 com a invasão do Iraque, um país rico se comparado ao Afeganistão, que foi totalmente destruído pelos norte-americanos. Essa foi a maior guerra dos EUA desde a derrota no Vietnã, quase 30 anos antes.

O imperialismo seguiu com a guerra de “Israel” contra o Líbano em 2006, mas o Hesbolá rapidamente conseguiu conter o avanço. Os EUA também já nessa época atuavam no Iêmen auxiliando o governo pró-imperialista nos bombardeios contra o Ansar Alá, naquela época uma guerrilha, hoje o partido que governo o Iêmen. A segunda onda de intervenções aconteceu a partir de 2011, o quadro era de crise econômica internacional e a Primavera Árabe.

Foi nesse momento que começou a intervenção imperialista na Síria, uma tentativa de derrubar o governo de Bashar al-Assad. Na Líbia, os bombardeios da OTAN levaram a derrubada e assassinato de Ghadafi, mas o país nunca se estabilizou. A única intervenção que foi um sucesso total nesse período foi o golpe de 2013 no Egito, o governo eleito da Irmandade Muçulmana foi derrubado por um golpe militar organizado pelos EUA.

A nova etapa da intervenção imperialista

A contra revolução imperialista então assumiu uma forma mais fraca e que permitiu a ação revolucionária de todos os povos da região, o Estado Islâmico. Os EUA, enfraquecidos pela guerra no Iraque, de onde recuaram para não serem totalmente derrotados por uma guerrilha, lançaram uma nova estratégia, forças de procuração de tipo “terrorista”. Eles armaram e organizaram grupos muçulmanos de ideologia sectária, os taqfiri. Os principais era o Exército Livre da Síria, mas este foi superado em 2013 pelo Estado Islâmico, que cresceu da Síria para o Iraque.

Essa força indireta do imperialismo permitiu que entrasse em ação a força mais revolucionária da região: a República Islâmica do Irã. Foi o governo de Khamenei quem garantiu a derrota do imperialismo da Síria e assim garantiu o ponto de virada na contra revolução. O Irã, com a ação do revolucionário general Qassem Soleimani, convocou todos os povos oprimidos da região a lutarem contra os taqfiris pró-imperialistas na Síria. No Iraque eles unificaram todos os grupos de resistência e criaram as Forças de Mobilização Popular, o nome oficial do que hoje é chamado de Resistência Iraquiana.

Lutaram na Síria os próprios sírios, palestinos, libaneses, afegãos, paquistaneses, iraquianos, e obviamente os iranianos. Em 2015 o jogo virou ainda mais, os russos entraram na jogada e garantiram que Assad não seria derrubado. A Síria foi a grande derrota do imperialismo, e foi dessa guerra na Síria que surgiu o Eixo da Resistência. O ano de 2014 também é importante, pois foi o ano da vitória da Revolução Iemenita. Depois de 10 anos de guerrilha, o Ansar Alá tomou o poder, após 10 anos isso se mostrou um dos eventos mais importantes do século.

O imperialismo então foi se enfraquecendo cada vez mais. 2014 foi também o ano em que as Brigadas al-Qassam do Hamas se mostraram capazes de bater de frente com “Israel” na Faixa de Gaza. Em 2016, o imperialismo tentou derrubar Erdogan na Turquia, mas os russos frustraram esse plano. Em 2017 o Estado Islâmico foi declarado derrotado. Os EUA então passaram a se apoiar em um grupo ainda mais fraco na Síria, os curdos.

Em 2020, os norte-americanos decidiram punir o Irã por sua ação revolucionária, assassinaram o general Qassem Soleimani. Foi uma perda gigantesca para a luta dos oprimidos, mas politicamente avançou a derrota dos EUA. Os iranianos bombardearam a base de al-Assad no Iraque e mostraram que são capazes de destruir todos os alvos militares norte-americanos na região. Os Iraquianos, por sua vez, iniciaram mais uma vez o movimento para expulsar os norte-americanos, que agora ocupavam o país de forma muito mais frágil, com bases militares distribuídas por alguns pontos do país.

O quadro do Oriente Médio no ano de 2021, após 20 anos do lançamento da investida contra revolucionária, era quase de derrota total. O único governo que de fato caiu foi o de Qadafi na Líbia. Uma vitória foi a divisão do Sudão, que apesar de mais distante faz parte da conjuntura do Oriente Médio. O Egito quase saiu do controle dos EUA, mas eles conseguiram estabilizar a situação. Do ponto de vista da resistência, o Hamas se fortaleceu, o Hesbolá se fortaleceu, Assad não foi derrubado, o Iraque derrotou os EUA e estava tendendo para um governo da resistência, o Ansar Alá tomou o poder no Iêmen e o Irã estava mais forte do que nunca. Foram 20 anos de intervenção para esparsas vitórias do imperialismo e uma quantidade enorme de derrotas.

A maior delas aconteceria no dia 14 de agosto de 2021, a libertação do Afeganistão pelo Talibã. Foi lá onde tudo começou e foi lá o começo da derrota geral do imperialismo. A derrota dos EUA no Afeganistão foi o sinal para todos os povos do mundo que o império estava fraco, de que era possível vencer. Os russos foram os primeiros a agira, poucos meses depois atacaram a OTAN na Ucrânia. Mas cerca de 2 anos depois o Hamas traria a derrota do imperialismo novamente para o Oriente Médio.

Em resumo, o imperialismo depois do 11 de setembro tentou tomar controle total do Oriente Médio mas foi impedido pela luta revolucionária das massas, com grande apoio do governo revolucionário do Irã. Em 2013-2014 a situação já era do imperialismo acuado e a resistência avançando. E em 2021-2023 o jogo virou completamente. Decadência total para o imperialismo. Da contra revolução surgiu a vanguarda da revolução mundial. E é por isso que a luta dos palestinos segue sendo a principal luta política em todo o mundo hoje.

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