No ano de 1936, Adolf Hitler, ainda admirado pelos países imperialistas ditos democráticos, realizou uma enorme peça de propaganda de seu país e política, as Olimpíadas de Berlim. Entre 1 e 16 de agosto de 1936, a capital da Alemanha, sediou os Jogos da XI Olimpíada. Com a participação de 3.963 atletas de 49 países, incluindo 328 mulheres, os jogos apresentaram 22 modalidades esportivas. Os nazistas não pouparam recursos, tornando-se os mais grandiosos, bem realizados e politicamente explorados jogos olímpicos até então.
Os jogos foram abertos com grande pompa por Adolf Hitler no moderno Estádio Olímpico de Berlim. A expectativa era que os atletas arianos dominassem as competições. A Alemanha liderou o quadro de medalhas com 33 ouros. A delegação brasileira, composta por 94 atletas, incluindo nomes como Maria Lenk e João Havelange, não conquistou medalhas.
O governo nazista utilizou os jogos como veículo de propaganda, promovendo a ideologia nazista de maneira sem precedentes. O orçamento foi ampliado em 20 vezes, resultando na construção do mais moderno complexo esportivo da época, o Reichssportfeld (atual Olympiapark Berlin), com o Estádio Olímpico de Berlim como ponto central, capaz de abrigar 100 mil pessoas.
Os organizadores também criaram o cortejo da tocha olímpica, tradição que perdura até hoje. Um sino gigante com a inscrição “Ich rufe die Jugend der Welt” (Eu chamo os jovens do mundo) celebrou a chegada da tocha na cidade olímpica, apresentando Alemanha como pacífica e aberta ao mundo.
Julius Lippert, governante nazista de Berlim, em discurso para os representantes do Comitê Olímpico três dias antes da abertura dos jogos, afirmou: “Berlim saúda os guerreiros olímpicos do todo o mundo. Saúda ainda, nos senhores e com os senhores, os representantes de mais de 50 nações, com as quais toda a Alemanha deseja conviver como num reduto de paz no espírito da compreensão mútua“.
Para reforçar essa imagem pacífica, Hitler ordenou a remoção de todas as referências antissemitas dos arredores da cidade olímpica, incluindo a retirada do jornal nazista Der Stürmer das bancas de revistas próximas ao complexo olímpico.
A cineasta Leni Riefenstahl, uma das maiores propagandistas do nazismo, dirigiu o documentário “Olympia”, considerado até hoje uma das mais impressionantes obras sobre as Olimpíadas, consolidando a estética nazista e promovendo a ideologia de Hitler ao mundo.
Diante de tal exploração política elas são muito lembradas até os dias de hoje. A estratégia da burguesia alemã não foi abandonada. Os jogos olímpicos seguem sendo usados como ferramenta de propaganda, como está sendo observado neste ano em Paris.