Literatura

02/3/1814: morria Sousa Caldas, o poeta católico

Sousa Caldas viveu durante um período revolucionário, foi preso pelo Santo Ofício, mas mesmo assim viveu até os 51 anos e se tornou um dos grandes poetas do Brasil

António Pereira de Sousa Caldas, nascido em 1763, no seio de uma família portuguesa estabelecida no Rio de Janeiro, teve sua vida marcada por uma notável trajetória entre letras e convicções que desafiaram as normas de sua época.

Uma pessoa de saúde frágil, desde cedo Sousa Caldas demonstrou aptidão para as letras. Aos oito anos, foi enviado a Lisboa para viver sob os cuidados de um tio, iniciando assim uma jornada que o levaria a matricular-se, aos dezesseis anos, no curso de matemática da Universidade de Coimbra. Contudo, suas ideias francesas lhe renderam problemas com o Santo Ofício, resultando em sua prisão e condenação por heresia em 1781.

Apesar de uma tentativa de catequização, Sousa Caldas manteve seu pensamento crítico. Em 1784, compôs a “Ode ao Homem Selvagem,” influenciada por Jean-Jacques Rousseau, e em 1785 foi provavelmente o autor de “O Reino da Estupidez,” afastando-se da ortodoxia católica.

Após obter o bacharelado em Cânones, Sousa Caldas empreendeu uma viagem à França, recomendado ao segundo marquês de Pombal. Seus estudos jurídicos foram concluídos em 1789, e uma jornada pela Itália culminou em sua ordenação sacerdotal em Roma, no ano seguinte.

A partir de sua ordenação, Sousa Caldas abandonou a poesia profana, destacando-se como orador sacro e poeta com inclinação filosófica e religiosa. Sua mudança para o Rio de Janeiro, em 1801, marcou o início de uma fase estável em sua vida.

Entre 1810 e 1812, Sousa Caldas escreveu uma série de cartas abordando temas como a liberdade de opinião, revelando a coexistência de sua fé religiosa com o desejo de liberdade de pensamento.

Faleceu aos 51 anos, em 1814, sem ter ocupado cargos oficiais. Suas obras, publicadas postumamente, incluem “Ode ao Homem Selvagem,” “A Criação” e “Poesias Sacras e Profanas”, revelando seu talento literário e sua versatilidade.

O legado de António Pereira de Sousa Caldas é preservado em suas obras, que continuam a ser estudadas e apreciadas, proporcionando um vislumbre único da mente de um homem que desafiou as convenções de sua época em busca da expressão autêntica para suas ideias e crenças.

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