Nos últimos dias, nenhuma figura foi tão criticada na imprensa capitalista e por uma parcela da esquerda nacional quanto Cristiano Zanin. Ex-advogado de Lula, Zanin se tornou o primeiro indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no novo governo.
Antes de sua indicação, Zanin já havia sido bastante criticado. Para a direita, o advogado não poderia assumir a vaga porque seria um “amigo pessoal de Lula”. Para setores que se dizem de esquerda, Zanin não poderia fazer parte da Corte porque Lula precisaria indicar uma mulher negra ao STF.
Agora, os reais motivos para tanta oposição a Zanin já aparecem com maior clareza. Embora seja possível criticar determinados aspectos da votação do ministro, o fato é que ele está sendo criticado por ninguém menos que as pessoas que controlam, há décadas, o STF. Isto é, Zanin está sendo criticado, no final das contas, por destoar daquilo que se espera de um ministro da Corte. E isso é extremamente positivo.
Os críticos de Zanin são a imprensa golpista, figuras como Pedro Abramovay, da Open Society, que financia golpes de Estado em todo o mundo, e a esquerda filoimperialista. A grande questão neste caso é que eles não querem um ministro que venha, em um dado momento, votar contra as grandes operações promovidas pelo imperialismo por meio do STF. O que Zanin está demonstrando, portanto, é que não estaria disposto a seguir essa orientação, uma vez que está se negando a votar em conjunto com os seus pares. Futuramente, isso pode dificultar alguma manobra e abrir uma crise política durante uma determinada operação.
Os grandes “críticos” , portanto, são aqueles que se opõem à existência de juízes independentes. Isto é, eles querem um STF político – ou, melhor dizendo, um partido político na Justiça. O que é, na verdade, absurdo: a decisão de um juiz sempre deve ser técnica, de acordo com a lei, e não de acordo com a “moda” do momento propagandeada pela grande imprensa.
Foi com base nesse funcionamento que o golpe de Estado contra Dilma Rousseff encontrou um caminho fértil no Judiciário. O julgamento do mensalão, em 2012, que marcou o início da ofensiva golpista, foi feito sem base em lei alguma. No final das contas, quando a esquerda filoimperialista e a imprensa golpista atacam Zanin, estão, na prática, defendendo a atuação dos outros ministros: Luiz Fux, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e outras tantas figuras nefastas que deram uma grande contribuição para afundar o País.
A campanha contra Zanin, ao que parece, tem um duplo objetivo. O primeiro é o de exercer uma pressão contra o próprio ministro, na expectativa de que ele mude o seu comportamento na medida em que for sendo apresentado como um “traidor” da esquerda. O segundo é o de pressionar o próprio presidente Lula para que sua próxima indicação seja de alguém que siga exatamente o que o imperialismo quer.