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Entrevista

WikiLeaks, intromissão dos EUA no exterior e corrupção doméstica

Stefania Mauriz dá entrevista explicando o envolvimento do imperialismo norte-americano nos demais países

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  • Brasil 247

Quando Stefania Maurizi recebeu o primeiro telefonema do WikiLeaks em 2009, ela sequer tinha uma única pista de quão drasticamente a vida dela estava por mudar. Quatorze anos depois, as revelações do WikiLeaks sobre a extensão da vigilância, da espionagem, das matanças extrajudiciais de da corrupção dos EUA que foram esparramadas pelo mundo inteiro. No entanto, dentro dos EUA, estas ações são frequentemente minimizadas ou totalmente ignoradas. Stefania Maurizi comparece ao The Chris Hedges Report para compartilhar a sua perspectiva de insider [quem tem informações privilegiadas] sobre uma das maiores estórias do século, bem como sobre o seu conhecimento enciclopédico sobre as horríveis verdades reveladas nas centenas de milhares de páginas nos arquivos do WikiLeaks.

Stefania Maurizi é uma jornalista investigativa trabalhando para o jornal italiano Il Fatto Quotidiano e autora do livro ‘The Secret Power: WikiLeaks and Its Enemies’ [O Poder Secreto: o WikiLeaks e os Seus Inimigos]. Previamente, ela trabalhou para o jornal La Repubblica e a revista l’Espresso. Ela começou a trabalhar com Julian Assange e o WikiLeaks em 2009 para o seu jornal. Dentre outras jornalistas internacionais, ela é a única que trabalhou com a inteireza dos documentos secretos do WikiLeaks e a única que conduziu um litígio multi-jurisdicional para defender o direito da imprensa de ter acesso à documentação completa do caso do WikiLeaks.

Tradução da transcrição original do vídeo:

Introdução de Chris Hedges:

Julian Assange e o WikiLeaks conduziram o jornalismo investigativo mais importante da nossa geração, revelando ao público o funcionamento interno do poder através da publicação de documentos luminosos. Nenhuma outra organização de notícias chegou perto disso. Estas informações expuseram os crimes, as mentiras e as fraudes dos poderosos, desencadeando o linchamento judicial de Assange — que aguarda a extradição para os EUA numa prisão de alta segurança em Londres. Estes documentos permitiram que as pessoas de todo o mundo pudesse compreender o que os seus governos estão fazendo por trás das suas costas. Nesta entrevista, conversaremos com a jornalista investigativa italiana Stefania Maurizi, autora do livro ‘Secret Power: WikiLeaks and Its Enemies’, sobre algumas das informações mais importantes providas pelo WikiLeaks ao público. Estas incluem os históricos de guerras dos EUA – do Afeganistão e do Iraque, um acervo de 259.000 telegramas diplomáticos e relatórios de avaliação de 800 detentos de Guantanamo Bay, juntamente com um vídeo de um assassinato colateral de 2007 — no qual pilotos de um helicóptero dos EUA gracejam enquanto metralhavam civis, incluindo crianças e dois jornalistas da agência Reuters numa rua de Baghdad.

Estes documentos incluem 70.000 e-mails hackeados das contas de John Podesta, o chefe da campanha eleitoral de Hillary Clinton, que expõem o mundo desprezível e corrupto dos Clintons, incluindo a doação de milhões de dólares para a Fundação Clinton, oferecidos pela Arábia Saudita e o Qatar, os US$ 657.000 que a Goldman Sachs pagou por palestras de Hillary Clinton — uma soma tão grande que só pode ser considerada como um suborno e a sua desonestidade, contando ao público que ela trabalharia a favor da reforma financeira enquanto, em privado, assegurava a Wall Street que ela protegeria os interesses deles. O acervo de e-mails vazados mostrou que a campanha eleitoral de Clinton interferiu nas primárias Republicana, para assegurar que Donald Trump fosse o candidato nomeado do Partido Republicano, presumindo que ele seria o candidato mais fácil de ser derrotado. Eles expuseram o conhecimento adiantado que Clinton teve sobre as perguntas num debate das primárias sobre o seu papel de principal arquiteta da guerra na Líbia — uma guerra que ela acreditava que abrilhantaria as suas credenciais como candidata à presidência.

Juntando-se a mim para discutir estas e outras revelações e a importância destas está Stefania Maurizi, que é uma jornalista investigativa. Ela é a única repórter internacional que trabalhou com a inteireza do tesouro dos documentos secretos do WikiLeaks. Então, vamos começar com um telefonema que você recebeu no meio da noite. Isto está no livro. E vou deixá-la ir adiante dali. Você tem uma hora. Então, eles lhe telefonaram por volta das duas horas da manhã, ou algo assim? Vá adiante.

Stefania Maurizi:

Sim, sim. Primeiramente, agradeço por me receber, Chris. E eu gosto da sua ideia de discutir a primeira vez que eu trabalhei como parceira de mídias com WikiLeaks. Isso ocorreu em 2009 e WikiLeaks não era tão famoso como após o lançamento de bombas, como o vídeo dos assassinatos colaterais. E esta era uma pequena e pouco conhecida organização de mídia. E eu estava observando-os desde 2008, quando uma das minhas fontes, fontes jornalísticas, de repente pararam de falar comigo. E foi naquele ponto que eu me dei conta que precisava de uma melhor proteção de fontes, porque as técnicas antigas — as quais basicamente ainda estão em uso atualmente nas redações, o uso de telefones celulares, de e-mail — não são mais adequadas hoje em dia, quando a vigilância pesada é a regra. E como sou uma matemática, para mim foi natural olhar para a criptografia como uma ferramenta para proteger as fontes.

Naquela época havia apenas uma única organização de mídia no mundo que usava a criptografia sistematicamente. E aquela organização de mídia não era o The New York Times. Não era o The Guardian. Não era o Washington Post. Era uma minúscula organização de mídia fundada por Julian Assange, o WikiLeaks. E então comecei a olhar o trabalho dele, mas eu não tinha contatos. Eu só estava olhando para eles e os tipos de documentos que eles estavam publicando e eu fiquei muito, muito impressionada. E eu diquei profundamente impressionada, em primeiro lugar, pelo tipo de documentos muito sensíveis que eles conseguiam obter. Mas também pela coragem deles. Eles eram pessoas muito corajosas por que, por exemplo, quando eles publicaram o Manual de Guantánamo e o Pentágono pediu a eles para removerem o documento pelo seu website, eles disseram que não. E naquela época, não era muito comum que uma organização de mídia dissesse não ao Pentágono. Exatamente o oposto. Após o 9/11 (atentado contra as torres-gêmeas em NYC), as mídias reportavam qualquer coisa que as organizações de inteligência lhes contavam, obviamente com muito poucas exceções.

Então, eu estava olhando para eles, mas não os conhecia. Eu estava profundamente interessada neles, no trabalho deles, e para aprender com eles. Então, foi naquela noite de julho de 2009 quando, de repente, eles me contataram. Eles tinham os meus contatos porque eu os havia abordado; era de madrugada e eu estava dormindo. E estava muito quente e pegajoso. E a última coisa que eu queria fazer era acordar e responder o meu telefone. Mas o meu telefone continuou a tocar. Então, ao final, eu me acordei e me foi dito: “Aqui é o WikiLeaks”. Eu mal consegui entender o que estava ocorrendo. Quer dizer, eu estava dormindo. E eu entendi que eu tinha que correr até o meu computador e baixar um arquivo, porque eu tinha uma hora para fazê-lo, apenas uma hora para baixar o arquivo. E, depois de uma hora, eles o removeriam, porque outros poderiam baixá-lo.

Então, eu fui até o computador, baixei o arquivo e comecei a escutar. Era um arquivo de áudio. E era um arquivo de áudio muito interessante sobre a crise do lixo em Nápoles em 2009. Basicamente, Nápoles estava se afogando em lixo, em dejetos. E nós tínhamos aquelas imagens de Nápoles se afogando no lixo, o que basicamente apareceu nas manchetes de notícias o mundo inteiro. Esta era uma conversação, uma conversação gravada secretamente entre algumas pessoas que tiveram uma conversação com um conselheiro [autoridade pública] para discutir o papel dos Serviços Secretos Italianos na crise do lixo. Muitas pessoas não se dão conta que o lixo é um recurso realmente importante para as máfias. Eles traficam com lixo. Então, este conselheiro estava discutindo sobre os alegados acordos do estado com a máfia. Sem o WikiLeaks, esta informação provavelmente nunca viria à tona.

Eu me lembro que, na manhã seguinte, eu telefonei para o conselheiro e verifiquei sobre [a veracidade] dos arquivos. WikiLeaks havia feito o seu próprio processo de verificação — o que para mi era importante, porque isso confirmou que WikiLeaks estava trabalhando como uma organização de mídia. Eles não colocaram logo online o que haviam recebido. Eles fizeram a sua própria verificação. E então, obviamente, eles estavam tentando fazer o processo de verificação em paralelo com outros jornalistas — porque, obviamente, nenhuma redação tem as habilidades técnicas e jornalísticas para verificar qualquer coisa que recebe. Mesmo a mídia tradicional frequentemente faz parcerias para verificar e publicar informações de impacto. Para mim, isso era realmente importante que eles quisessem verificar esta informação para estabelecer se era genuína e para compreender o contexto local. Eles não colocaram na internet seja o que for que receberam.

E eu verifiquei em paralelo com eles. E não havia dúvidas. O arquivo era genuíno. Naquela época, eu estava trabalhando para uma das principais revisas italianas, L’Espresso, que havia feito um trabalho importante sobre a crise do lixo e o papel das máfias, etc. Então, eu pude colocar esta informação no se contexto. E aquela foi a primeira vez que eu trabalhei como parceira de mídia do WikiLeaks antes do assassinato colateral. Depois disso, basicamente após algo como seis meses, o WikiLeaks publicou o vídeo do assassinato colateral. Obviamente, eles ficaram famosos e muito bem conhecidos no mundo todo. E desde então, eu basicamente jamais parei de trabalhar com os documentos secretos do WikiLeaks. Eu trabalhei com a documentação completa e tenho trabalhado neste caso nos últimos 13 anos.

Mas você deve dar-se conta que, porquanto eu não tive problemas, eu fui alvo de algumas intimidações. Se você quiser, nós podemos discutir sobre que tipos de intimidações foram aquelas. Eu fui fisicamente atacada em Roma, me roubaram uma documentação importante. Eu fui fisicamente na Embaixada Equatoriana e recebi várias intimidações, porém eu nunca fui para a prisão. Eu nunca fui presa, porém Julian jamais retomou a liberdade. Esta também é uma das razões pelas quais eu sou tão focada neste caso, porque é como se os seus editores lhe dissessem para sair com um colega e o seu colega caísse de um penhasco. Você não o abandona. Você tenta chamar pessoas para ajudarem. Você tenta fazer com que as pessoas se deem conta que esta pessoa está em perigo, sua vida está em jogo. E é isso que eu estou tentando fazer. Além disso, I estou litigando o meu caso de FOI [Freedom of Information / Lei de Liberdade de Informação] para obter a documentação completa sobre Julian Assange e o WikiLeaks nos últimos sete anos, o que tem sido muito, muito intenso.

Chris Hedges:

Então, essencialmente este vazamento estava ligado aos serviços de inteligência, os serviços de inteligência italianos, e à máfia em Nápoles. Seria este um resumo do que você descobriu?

Stefania Maurizi:

Sim. Quero dizer, segundo a fonte, havia uma espécie de negociação, segundo o conselheiro que estava discutindo a crise. Havia uma espécie de negociação entre o estado e a máfia sobre esta crise.

Chris Hedges:

Eu penso que está é uma coisa desconhecida para muitos dos nossos espectadores e leitores nos EUA, e este é o impacto que o WikiLeaks tem tido em outros países — não só na Itália, mas também na Tunísia e no Haiti. Talvez você possa falar sobre o impacto na Tunísia e o impacto no Haiti. Porque, de repente, há países no mundo que foram capazes de ver não só os que os governos deles estão fazendo, mas também a interferência — especialmente no Haiti — da embaixada estadunidense numa tentativa de esmagar uma campanha para aumentar o salário mínimo — que eu não me lembro quanto é, algo em torno de US$2/hora. Mas, fale um pouco sobre o impacto global que estas revelações tiveram.

Stefania Maurizi:

Bem, obviamente, pela primeira vez — se você se refere aos arquivos da guerra no Afeganistão, da guerra no Iraque ou os telegramas — todos estes arquivos permitiram, pela primeira vez, o acesso às informações que eram secretas. Quero dizer que não havia outra maneira para se obter esta informação, a não ser se você conseguisse uma cópia depois de 25 anos, 30 anos, talvez 40 anos, quando ninguém mais se importa com isso. Talvez os historiadores, os historiadores profissionais, se interessem naquele ponto, mas então isso não seria relevante para a opinião pública tomar decisões informadas, obviamente.

Esta foi a parte explosiva da documentação secreta. Pela primeira vez, nós tivemos acesso às informações secretas sobre como funcionou a guerra no Afeganistão, sobre a guerra no Iraque, sobre a diplomacia estadunidense e os seus negócios, a sua pressão, a pressão política, os seus crimes nos bastidores. E pudemos ter acesso aos fatos quando estes ainda eram relevantes, e não após 20, ou 30, ou 40 anos. E nós pudemos ter acesso a elas sem reduções. Porque, quando você requer estes documentos usando a lei de liberdade de informação, muito frequentemente você recebe documentos completamente censurados — ao ponto de serem inúteis. Como uma jornalista e uma cidadã, estes são de pouco uso. Então, estas informações foram realmente uma mudança do jogo, realmente permitiram levar à opinião pública o que eles precisavam para tomar decisões. As informações que eles precisam para tomar decisões enquanto cidadãos.

Chris Hedges:

Eu quero lhe perguntar sobre os 706.910 arquivos secretos da guerra no Afeganistão. Ante de fazê-lo, só nos conte brevemente sobre a importância do WikiLeaks na Primavera Árabe e na Tunísia e a importância do WikiLeaks em termos do Haiti. Estes são dois bons exemplos do impacto que o WikiLeaks teve.

Stefania Maurizi:

Sim, certamente. Quero dizer que, no que tange aos telegramas do WikiLeaks: pela primeira vez, os cidadãos destes países nos quais as informações são restritas e não disponíveis foram informados. Eles puderam ter acesso à avaliação francesa sobre os seus regimes, através da diplomacia dos EUA. Porquanto a diplomacia dos EUA, publicamente, estava conduzindo a diplomacia como ‘business as usual’, mas no segredo da sua correspondência, eles eram absolutamente não-diplomáticos sobre estes regimes. Assim, pela primeira vez, esta população pode ver a realidade do regime e eles foram vindicados. E isto os fez reagir a este tipo de informação e tentar se opor ao seu regime, para mudar o seu regime. E é por isso que a Anistia Internacional creditou ao WikiLeaks e os telegramas do WikiLeaks o importante papel na Primavera Árabe nestes países, obviamente.

Chris Hedges:

E no Haiti, porque eles também expuseram a interferência dos EUA.

Stefania Maurizi:

Certamente. Certamente.

Chris Hedges:

E um esforço muito concertado da parte do governo dos EUA para esmagar o movimento dos trabalhadores, para quebrar o movimento pelo aumento do salário mínimo, porque há todas aquelas oficinas clandestinas –

Stefania Maurizi:

Obviamente.

Chris Hedges:

Que são propriedades de corporações estadunidenses.

Stefania Maurizi:

Certamente, sim. Mesmo que no caso de outros países, eles não lançaram uma revolução, mas alcançaram uma importante consciência política sobre a interferência política, sobre o tipo de crimes expostos por aqueles documentos, que não podiam mais ser negados naquele ponto, o tipo de violações dos direitos humanos, o tipo de pressão política para conceder impunidade, por exemplo, para a CIA. Nos telegramas do WikiLeaks, nós tivemos evidências indisputáveis sobre a pressão política sobre as autoridades italianas para conceder impunidade para os agentes da CIA responsáveis pela extraordinária capitulação de Abu Amar. E, obviamente, nós podemos imaginar este tipo de pressão política, obviamente. É por isso que estes documentos são importantes. E, na verdade, ninguém nega isso. Ninguém sequer tentou abrir um caso de difamação para dizer “Isto não é verdade”.

Chris Hedges:

Vamos falar sobre isso.

Stefania Maurizi:

Eles jamais disseram isto.

Chris Hedges:

Isto foi em 2003. A CIA sequestra Hassan Mustafa Osama Nasr em Milão.

Stefania Maurizi:

Sim.

Chris Hedges:

E por causa do WikiLeaks, penso que eles finalmente eram 26 pessoas acusadas. Mas, fale sobre o que isto expôs.

Stefania Maurizi:

Sim, sim. Basicamente, a CIA sequestrou este cidadão egípcio que havia pedido asilo à Itália e estava sob investigação por terrorismo internacional. Então, de repente, os procuradores italianos em Milão tinham esta pessoa sob investigação, que basicamente desapareceu. Eles não conseguiram saber onde ele foi parar. E eles foram muito brilhantes. Usando a meta data do telefone, os procuradores italianos puderam, basicamente, identificar os 26 agentes estadunidenses, quase todos eles agentes da CIA, responsáveis por este sequestro. Fizeram um sequestro em pleno meio-dia de 17 de fevereiro de 2003. E eles foram brilhantes. Os procuradores italianos foram absolutamente brilhantes. Eles foram capazes de identificá-los e de colher evidências deste sequestro e o papel da CIA e como esta capitulação funcionou, como Abu Amar foi transferido para a base estadunidense de Aviano, onde os estadunidenses armazenam armas nucleares na Itália; como você provavelmente sabe, a Itália é o país europeu com a maior quantidade de armas nucleares dos EUA no seu solo e o único país europeu com duas bases nucleares.

Uma delas é Aviano, para onde Abu Amar foi transferido. E depois, ele foi transferido para o Egito a lá foi brutalmente torturado. Os nossos procuradores foram brilhantes ao identificarem e indicarem os 26 estadunidenses. Eles foram acusados e levados a julgamento In Absentia, porque na Itália se pode levar pessoas a julgamento, mesmo que elas não estejam disponíveis em solo italiano — porque, obviamente, eles saíram da Itália imediatamente após o sequestro. E eles conseguiram as sentenças finais para todos eles — entre seis e nove anos na prisão. No entanto, nenhum deles ficou sequer um dia na prisão. Por quê? Basicamente, porque os seis juízes, tanto da esquerda quanto da direita, tanto progressistas quanto conservadores, basicamente se recusaram a enviar o mandado de prisão para os EUA. Eles se recusaram a mandar o mandado para os EUA.

E assim, ao final de contas, a Itália — o único país onde, nós ficamos muito orgulhosos de que o nosso promotor tenha conseguido fazer justiça neste caso — a Itália acabou sendo condenada pela Corte Europeia de Direitos Humanos. Por quê? Porque nós concedemos imunidade a estes agentes da CIA e nenhum deles foi para a prisão. Nós pudemos ter imaginado que havia algum tipo de pressão política sobre os nossos políticos, porque os procuradores e os nossos juízes fizeram tudo o que puderam para prendê-los. Para identificá-los, prendê-los e sentenciá-los. Portanto, o problema não foi a justiça italiana. O problema foi os políticos, porque, como os telegramas revelaram, a diplomacia estadunidense tinha consciência que não havia maneira alguma de forçar os promotores e os juízes para parar a sua investigação, porque os promotores italianos são independentes.

Como eles não podiam pressionar os promotores nem os juízes, eles fizeram pressão sobre os políticos. Porque, ao final de contas, as extradições — mesmo nos nossos casos de extradição — é importante entender o caso de Julian Assange — extradição é um processo político. É um processo no qual você tem políticos agindo, permitindo ou negando a extradição. Então, os EUA sabiam poderem por pressão sobre os políticos, mesmo se não eram capazes de pressionar os promotores e os juízes. Então, eles puseram pressão sobre os políticos, sobre todos eles que estavam no governo, no governo esquerdista de Romano Prodi até hoje; o presidente do Senado Italiano naquela época, no governo Maloney. Eles puseram pressão sobre todos eles e, basicamente, os nossos políticos italianos se recusaram a enviar o mandado de prisão aos EUA.

Como resultado disso, nenhuma daquelas pessoas acabou indo para a prisão. Basicamente, nenhuma daquelas pessoas ficou sequer um dia na prisão. Como eu disse, sem os documentos do WikiLeaks, nós poderíamos ter imaginado, mas jamais teríamos obtido as evidências, evidências sólidas, os nomes, que eles haviam discutido. E estes telegramas são tremendamente importantes para termos as evidências da pressão política para conceder imunidade para a CIA.

Chris Hedges:

Vamos falar sobre a guerra afegã e os registros de guerra no Iraque — que são 391.832 arquivos secretos. Os arquivos afegãos são 76.910 arquivos secretos. O que eles revelam?

Stefania Maurizi:

Eles são documentos incríveis. Deixe-me dizer, trabalhei tanto sobre estes documentos. Eles são relatórios de campo, do teatro de guerra, escritos por soldados que estavam lá. Basicamente, eles provêm retratos instantâneos da guerra — tudo o que ocorreu no teatro de guerra desde janeiro de 2004 até dezembro de 2009. Portanto, são seis anos de guerra, descritos sem qualquer filtro, sem qualquer propaganda. Naquele ponto, se podia ver a guerra como ela é em todo o teatro de operações e se podia comparar com o que a máquina de propaganda estava contando ao público e ver o que realmente estava acontecendo. E este é o valor real destes documentos. Obviamente, o valor é o que eles revelam. O número de civis inocentes que foram mortos e as unidades secretas como a Força-Tarefa 373. Mas o valor é que, pela primeira vez, podíamos ver estas guerras como elas eram, enquanto estavam ocorrendo. Não após 30 ou 40 anos.

Com exceção dos Papéis do Pentágono vazados por Daniel Ellsberg, nunca antes foi possível olhar para a guerra em andamento e ter esse acesso às informações secretas sobre o que estava ocorrendo. Estes são documentos tremendamente importantes e eles permanecem sendo a única fonte de informação disponível até hoje. Se você pega os registros da guerra afegã, por exemplo, eles permanecem sendo a única fonte pública sobre a matança, a matança extrajudicial, e a única fonte sobre os civis inocentes mortos antes de 2007. Eu pedi isso à missão da ONU no Afeganistão, que é basicamente quem compila as estatísticas. E ele disseram: “Não existem informações confiáveis. Com exceção dos registros das guerras de gangues, não existem dados confiáveis sobre as mortes de civis antes de 2007”. Portanto, estes documentos são tremendamente importantes. E nós seguimos consultando-os. Nós continuamos a acessá-los para o nosso trabalho jornalístico.

Quanto aos registros na guerra no Iraque, é a mesma coisa. Você tem acesso a estes relatórios secretos sobre a guerra no Afeganistão enquanto esta ocorria, de janeiro de 2004 a dezembro de 2009 — seis anos de guerra. E você podia comparar a propaganda com aquilo que estava ocorrendo. E organizações reputáveis, como a Contagem de Corpos no Iraque, foram capazes de descobrir e documentar 15.000 mortes de civis que jamais haviam sido registradas antes. Estas não estatísticas, são seres humanos. Estes são seres humanos. Portanto estes documentos são tremendamente importantes e eles permanecem sendo a única fonte pública sobre estas duas guerras.

Chris Hedges:

Eles expuseram as mentiras que foram repetidamente contadas sobre a guerra.

Stefania Maurizi:

Certamente.

Chris Hedges:

Por um lado, estas são comunicações internas sobre a realidade, enquanto que as declarações oficiais não tinham a mínima semelhança com os próprios relatórios deles.

Stefania Maurizi:

Sim. Como a Força Tarefa 373, que era completamente desconhecida. Esta era uma unidade secreta. E o valor destes documentos é que nós descobrimos o envolvimento da unidade secreta que jamais havia sido revelada antes, e como eles descobriram esta informação, como a propaganda havia evitado mencionar estas unidades especiais e a brutalidade das suas operações, obviamente.

Chris Hedges:

Eu quero lhe perguntar sobre os arquivos de Guantánamo, porque estes também são extremamente importantes para expor os fatos, e os autores destes documentos internos o sabiam, que muitas destas pessoas em Guantánamo eram completamente inocentes de qualquer crime. Mas estes são realmente documentos importantes. Você pode falar sobre eles?

Stefania Maurizi:

Sim, estes documentos são muito importantes. Pela primeira vez, nós tivemos relatórios sobre 765 detidos em Guantánamo, a maioria deles, basicamente. Desde o início, 780 pessoas foram detidas em Guantánamo. Então, nós tínhamos relatórios sobre quase todos eles. Assim, nós pudemos saber, pela primeira vez, a razão pela qual eles foram transferidos para Guantánamo. Em muitas situações, isto foi feito por causa da recompensa. Eles foram literalmente vendidos aos EUA sem quaisquer critérios. Pelo menos 22 deles eram menores, eram basicamente crianças. E o que é relevante sobre este arquivo é que estes documentos provêm evidências das mentiras do governo Bush, que havia sustentado publicamente que Guantánamo fosse um campo de detenção para o pior do pior, as pessoas mais perigosas do mundo. Basicamente, os mais perigosos terroristas do mundo que representaram uma ameaça extraordinária para a humanidade.

Como resultado disso, nós começamos a revisar estes arquivos e descobrimos, basicamente, que pelo menos 150 eram completamente inocentes. Pelo menos. Porém, os 220 detentos foram basicamente rotulados como terroristas perigosos. Bem, a narrativa era suspeita, porque muitos deles estavam lá por causa de informantes que eram completamente inconfiáveis, que os haviam vendido por uma variedade de razões. Por exemplo, porque eles haviam vivenciado torturas brutais, ou porque foram assaltados, ou por algum ganho pessoal. Então, era um tipo de desconstrução, expondo as mentiras completas sobre estes detentos. E havia algumas estórias terríveis naqueles arquivos. Mesmo se não houvesse descrições de torturas, se podia entender o absurdo da razão pela qual eles foram transferidos para Guantánamo e o absurdo das suas detenções. Muitos deles foram liberados e ainda estavam lá. Na verdade, eles ainda estão lá.

Vamos falar, por exemplo, sobre Ahmed Rabbani. Ele foi vendido para os EUA como um terrorista perigoso e foi torturado por 540 dias num lugar secreto da CIA no Afeganistão, porque ele foi pego por um erro. Havia um problema com a sua identidade. E quando o verdadeiro terrorista que os EUA pensaram que ele fosse, Ahmed Rabbani, foi morto por um ataque de drone dos EUA, naquele ponto ficou claro que Ahmed Rabbani não era aquele terrorista perigoso. Mas ele ainda está lá, ainda está em Guantánamo. E nos últimos 10 anos ele está em greve de fome e pesa cerca de 36 quilos. Ele só vivenciou brutalidade, terror e abusos. Ele tem um filho que nasceu quando ele foi capturado, quando ele foi vendido aos EUA. Ele jamais encontrou nem conheceu o seu filho e ele ainda está em Guantánamo. Ele não foi indiciado nem acusado de coisa alguma. Ele ainda está lá, depois de 20 anos.

Então, basicamente, estes arquivos expuseram as mentiras sobre o pior do pior. Eles não eram os piores. Com muito poucas exceções, eles definitivamente não era os piores dos piores. E os abusos foram simplesmente horríveis, absolutamente horríveis. E o WikiLeaks tem exposto as atrocidades em Guantánamo desde o início. Eu me lembro da primeira vez que eu vi o material do Wikileaks, eles haviam exposto as mentiras do governo Bush, porque, basicamente, o governo havia declarado que eles podiam ser acessados pelo Comitê da Cruz Vermelha Internacional, enquanto que o Manual revelou que nem todos eles podiam ser acessados pelo Comitê da Cruz Vermelha Internacional. Então, havia alguns detidos que estavam fora do alcance do Comitê da Cruz Vermelha Internacional. Assim, eles provavelmente foram abusados e torturados. Eles foram torturados e abusados de maneiras horríveis.

Chris Hedges:

Vamos falar sobre o que você suportou. Muitas pessoas que trabalharam com o WikiLeaks tiveram seus equipamentos eletrônicos roubados. Se eles visitaram Julian Assange na embaixada, agora nós sabemos que a UC Global copiou tudo que estava nos telefones e computadores deles. O computador de Julian foi roubado em trânsito para Londres. Mas você também vivenciou isto. Você pode falar a respeito disso?

Stefania Maurizi:

Sim. Deixe-me lhe contar o que ocorreu, na verdade o momento preciso. Isso ocorreu em 2007, eu sei até o dia quando ocorreu. Foi em 29 de dezembro de 2017. Eu fui a Londres, porque um mês antes eu descobri algo realmente importante. Basicamente, eu estava lutando para conseguir a documentação completa sobre Julian Assange e WikiLeaks na Suécia, nos EUA, no Reino Unido e na Austrália. Tudo começou quando ele estava sendo investigado na Suécia porque havia sido pego no seu limbo, quando ele não havia sido indiciado por estupro e sequer havia sido acusado… Basicamente, a investigação sobre o estupro foi anulada. Então, após cinco anos neste limbo, nesta paralisia legal e diplomática – porque a paralisia era legal, porque esta investigação permaneceu aberta e sem solução, sem indiciamento e sem a anulação do caso. E também foi uma questão diplomática porque, quando ele exauriu todas as opções legais, basicamente ele tomou refúgio na embaixada e pediu asilo.

Então, naquele ponto, houve uma paralisia, um pântano que era tanto legal quanto diplomático. Então, em 2015, após cinco anos desta paralisia, um promotor italiano me disse: “Por que esta investigação não faz qualquer progresso?” E eu disse a ele: “Isto não faz progresso algum porque o promotor sueco não quer ir à Londres para questioná-lo e decidir se eles irão acusá-lo de estupro, ou se anulariam o caso”. E o promotor me disse: “Isto não faz sentido para mim, porque nós, os procuradores italianos, viajamos ao Brasil para questionar gente muito perigosa da máfia. Então, por que o promotor sueco não pode voar até Londres para questioná-lo e decidir se ele será acusado de estupro? Você deveria descobrir por que”. E eu não tinha fonte alguma dentre as autoridades da promotoria sueca. Então, a única opção para mim foi de entrar com um pedido de liberdade de informação na Suécia.

Eu dei entrada no pedido e recebi os documentos imediatamente. Eu não tinha ideia do porquê eles me proveram com aquela documentação. Eu tendo a acreditar que talvez alguém havia discordado com este gerenciamento da investigação sueca. Seja como for, os documentos que eu obtive foram muito, muito importantes, porque eles revelaram haver sido o serviço de Promotoria da Coroa Britânica que havia dito ao promotor sueco: “Não venha a Londres para questioná-lo. Ele se ofereceu para ser questionado de todas as maneiras possíveis na embaixada [equatoriana], via conexão de vídeo. Faça o interrogatório somente após a extradição”. Obviamente, Julian não se opôs à possibilidade de ser questionado. Ele se ofereceu para ser questionado de todas as maneiras possíveis na embaixada, via uma conexão de vídeo. Todas estas técnicas de interrogação certamente são legítimas e legais sob a lei sueca.

Então, foi o serviço da procuradoria da Coroa Britânica que fez isso. Por que eu sublinho este ponto? Porque os Serviços de Promotoria da Coroa Britânica foram a mesma agência que […] a extradição para os EUA. Então, a mesma agência que era responsável pela extradição para a Suécia era o Serviço de Promotoria da Coroa [Britânica] que, naquela época, estava encarregada das extradições para os EUA. Porque os EUA agem através do Serviço de Promotoria da Coroa. Então, eu descobri que foi o Serviço de Promotoria da Coroa que disse ao promotor sueco: “Não venha aqui”. E eu descobri que, em 2013, os procuradores suecos queriam anular o pedido de extradição, enquanto que as autoridades do Reino Unido não eram a favor disso. E eu descobri que o Serviço de Promotoria da Coroa destruiu os documentos-chave deste caso. Eles destruíram os documentos-chave. E, nos últimos cinco anos — eu descobri isto em novembro de 2017 — eles se recusaram a prover qualquer informação exata sobre o que eles haviam destruído, por ordens de quem e porque o fizeram.

Então, em novembro de 2017, eu descobri isto e fui à embaixada [equatoriana]. Eu queria discutir sobre isto com Julian Assange. Eu jamais poderia imaginar o que estava acontecendo nos bastidores. Basicamente, assim que eu cheguei à embaixada em dezembro de 2017, a minha mochila foi confiscada. E esta foi a primeira vez. Eu havia visitado Julian Assange na embaixada muitas, muitas vezes desde o início, desde 2012. E eles sempre me permitiram trazer a minha mochila, as minhas anotações, etc. Mas, naquele dia, eles confiscaram… Os guardas de segurança na embaixada confiscaram a minha mochila. Eu tentei protestar e tentei dizer: “Por que isto está ocorrendo?” Mas, basicamente, eles confiscaram a minha mochila. Dois anos depois, eu descobri o que estava ocorrendo. Basicamente, eles acessaram todos os meus aparelhos e as memórias USB. Eu tinha uma documentação muito importante. Felizmente, ela estava criptografada. Eles desaparafusaram e extraíram o cartão SIM e fotografaram tudo.

Eles estavam nos filmando. Eles estavam nos gravando, gravando as nossas conversas. E nós descobrimos isso só depois, em 2019, dois anos depois deste fato ocorrer. Felizmente, eles tiraram esta foto. Então, hoje, nós temos evidências e eu fiz uma queixa criminal contra estas empresas, a empresa de segurança, que basicamente estava provendo segurança para a embaixada, mas aparentemente eles começaram a trabalhar para a CIA. E, aparentemente, a CIA estava recebendo tudo, estava recebendo os materiais dos advogados de Julian Assange — o que, obviamente, faz você se perguntar “Como é que ele poderá algum dia ter um julgamento justo, considerando que a CIA e as autoridades estadunidenses agora conhecem os seus argumentos legais e as evidências legais, etc.?” Ele jamais terá um julgamento justo. Não se trata apenas do Ato de Espionagem, que não permite ter um julgamento justo. Também é porque estas atividades de espionagem que permitiram às autoridades dos EUA de adquirirem informações sobre as suas estratégias legais, as suas evidências legais e tudo mais.

Então, eles adquiriram a evidência, a conversação legal. Eles adquiriram as informações sobre a sua saúde, sobre os seus médicos, quando os médicos o visitavam. Eles acessaram estes vídeos dos seus médicos visitando-o. E tudo é completamente disponível neste vídeo. E eles acessaram a nossa conversa com Julian Assange. Quando eu obtive estes arquivos, eu não tive dúvidas que eu tinha que dar entrada numa queixa criminal, porque estas são o tipo de coisas que se espera de uma ditadura. Nós sabemos que em países autoritários, eles fazem este tipo de coisas contra jornalistas, contra advogados, contra políticos. Então, você não espera ver este tipo de coisas no coração da Europa, no coração de Londres, no país que se orgulha pela democracia e pela liberdade de imprensa. Então, eu não tive dúvidas que eu tinha que dar entrada numa queixa criminal – e assim o fiz. E eu espero que nós consigamos evidências e conseguiremos ter uma sentença final contra esta gente, porque estes são fatos extremamente sérios, que jamais ocorreram numa democracia na qual você tem liberdade de imprensa, onde se alega ter liberdade de imprensa.

Chris Hedges:

Ótimo. Esta foi Stefania Maurizi, autora do livro ‘Secret Power: WikiLeaks e os seus Inimigos’.

* A matéria não expressa necessariamente a opinião desse jornal

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