No dia 3 de dezembro, a população venezuelana irá votar o referendo proposto pelo governo sobre a anexação da região conhecida como Essequibo, ou Guiana Essequiba. Essa questão tem gerado um grande desconforto para o imperialismo que, nesse momento, controla a região, riquíssima em petróleo.
A área equivale a dois terços do território guianense e concentra os campos e blocos exploratórios de petróleo, que têm reservas de mais de 10 bilhões de barris. O plebiscito é mais um capítulo de uma disputa bicentenária que tem se acirrado nos últimos anos. O plebiscito visa garantir apoio popular para a anexação daquela região pela Venezuela, que é o país que deveria ter soberania sobre a região.
Com 160 km², o enclave localizado na fronteira entre os dois países é objeto de disputa desde o século XIX, mais precisamente em 1841, quando a Venezuela reivindicou o território. A primeira resolução veio em 1899, quando cinco juristas deram a concessão para os britânicos. Em 1949, a decisão foi considerada fraudulenta e a disputa ganhou novo impulso, passando por diversas tentativas de entendimento, como o Acordo de Genebra, de 1966.
No entanto, o caso se tornou mais complexo em 2015, após o descobrimento de enormes reservas marítimas de petróleo na região. A Venezuela resolveu elevar o tom contra o governo guianês, depois que entregaram a concessão da exploração para a multinacional Exxon Mobil, empresa petrolífera norte-americana. Outro ponto que reclama o governo venezuelano é exercícios militares e a tentativa de instalação de bases militares norte-americanas na Guiana.
Nesta quarta-feira (22), o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, e o vice-ministro da Defesa, Felix Osório, estiveram presentes em um encontro que aconteceu em Brasília a pedido do ministro brasileiro Mauro Vieira. Já a Guiana enviou o primeiro-ministro, Mark Phillips, o segundo na linha de sucessão do presidente, Irfaan Ali. A posição do governo brasileiro é para uma “solução diplomática e pacífica”.
O chanceler venezuelano usou suas redes sociais para divulgar trechos de suas falas onde acusa o governo guianês de planejar “agressões bélicas” contra a Venezuela. “Alertamos para a posição ofuscada da Guiana de incorporar atores externos, como os EUA, na controvérsia territorial do Essequibo, com a presença e ações militares conjuntas do Comando Sul para ameaçar nosso país e desenhar planos de agressão bélica contra nossa vontade”, afirmou o chanceler.
Em sua tradicional Análise Política de Terça, Rui Costa Pimenta comentou o caso, afirmando que “aquele território só não faz parte da Venezuela por causa do imperialismo”. “Eles ficam montando esses enclaves, dividindo os países, jogando um setor da população mundial contra outro, um setor dentro de uma sociedade contra outro. Eles têm toda uma política criminosa que nós estamos vendo na Palestina, porque a monstruosidade da Palestina é um feito do imperialismo”, disse Pimenta.
O referendo, que será votado pelos venezuelanos, coloca também uma pergunta para a população referente em não reconhecer a Corte Internacional de Justiça de Haia para julgar o caso. A Venezuela reivindica o Acordo de Genebra, assinado em 1966, como o único documento válido para solucionar a disputa.