O Ministério Público de Goiás (MPGO) formalizou denúncia no último dia 9 de maio a 16 pessoas, por fraudes realizadas com o objetivo de manipular resultados de jogos de futebol para benefício de apostadores. Um grupo de promotores intitulado “Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado” (Gaeco) realizou as investigações através da “Operação Penalidade Máxima II”, no melhor estilo sensacionalista do Ministério Público. Uma parte dos acusados seriam agentes organizadores das fraudes, atuando a mando de grupos de apostadores, e a outra, jogadores de futebol. A contrapartida pedida pelo MPGO? Dois milhões de reais por “dano moral coletivo”.
Antigamente, a manipulação nas apostas costumava envolver o resultado final dos jogos. Para isso, o comum era o aliciamento dos árbitros para a marcação de um pênalti duvidoso, a expulsão do goleiro ou a anulação de um gol legítimo, por exemplo. O filme “Boleiros – Era uma vez o futebol” de Ugo Giorgetti traz uma anedota onde o juiz interpretado por Otávio Augusto está comprado e não apenas marca um pênalti duvidoso, como invalida as cobranças erradas do atacante por duas vezes. Para finalizar com chave de ouro, manda o treinador da equipe trocar o batedor. Só assim o gol sai e o juiz cumpre o combinado, acalmando os capangas que assistiam o jogo no estádio.
Já nos dias de hoje, as apostas podem se dar em relação a fatos que normalmente o público não prestaria muita atenção, como “primeiro escanteio”, “mais escanteios”, “número de cartões”, “tempo do primeiro cartão”, entre outros. E isso não vale apenas para o futebol brasileiro, mas para o mercado mundial do esporte, incluindo mercados de futebol menos tradicionais, como o futebol asiático. O que torna muito difícil de acreditar que o escândalo trazido à tona seja algo exclusivo do Brasil. E por que a preocupação em afirmar isso? Porque sabemos que aqui o judiciário atua religiosamente contra os interesses nacionais e não esperamos que o caso atual seja uma exceção.
Na última semana, várias conversas por celular ganharam as páginas esportivas. Nelas, em geral, os jogadores são cobrados pelos acordos realizados, no qual levariam algumas dezenas de milhares de reais. O valor mais alto relatado até o momento é de R$ 80 mil, pois um possível pagamento de R$ 500 mil não ocorreu porque o jogador envolvido não conseguiu ser expulso na partida. Talvez seja até desnecessário antever que os grandes apostadores beneficiados não serão rastreados, mas que os peixes pequenos serão linchados judicialmente e até que algum inocente terá sua vida virada do avesso no meio disso. Para se ter uma ideia, estima-se que o mercado de apostas movimente algo em torno de R$ 150 bilhões só no Brasil. Os seja, os peixes fisgados são muito pequenos.
O Congresso, sempre preocupado em inibir a corrupção, já prepara a “CPI das Bets (apostas em inglês)”, proposta por Felipe Carreras (PSB) e que deve iniciar os trabalhos ainda nessa semana. Na imprensa burguesa, muito barulho em torno da possibilidade de interrupção de campeonatos, em especial, o Brasileirão, maior competição de futebol do país e do mundo. Algo que geraria um prejuízo econômico muito profundo aos clubes e profissionais envolvidos com o futebol.
Vale mencionar que, quando o assunto em questão envolve algum problema moral, é de praxe que as manchetes jornalísticas da esquerda pequeno-burguesa se confundam com as dos monopólios da comunicação. Já despontaram análises preocupadas com a “credibilidade do futebol brasileiro”, como se fosse algo que distinguisse o futebol brasileiro do futebol europeu ou de qualquer outro lugar. Mais fatos devem vir à tona nas próximas semanas e muito mais manipulações, dessa vez operadas pela imprensa burguesa mesmo, a imprensa “livre de fake news”.
