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Empregado das ditaduras

Vargas Llosa recebe o prêmio por sua política pró-imperialista

“As palhaçadas de Bolsonaro são muito difíceis de admitir para um liberal. Agora, entre Bolsonaro e Lula, eu prefiro Bolsonaro de imediato."

Vargas Llosa recebe o prêmio por sua política pró-imperialista

                No dia 9 de fevereiro o escritor latino-americano Vargas Llosa integrará a Academia Francesa. Nascido na cidade de Arequipa, no Peru, no dia 28 de março de 1936, Llosa, foi um dos escritores mais importantes do chamado “boom” da literatura latino-americana. Manifestação artística esta que contou com a presença de escritores como Gabriel Garcia Márquez, Júlio Cortázar, Carlos Fuentes, entre outros.

                Educado no seio de uma família de classe média, iniciou-se ainda jovem na carreira jornalística e com trabalhos de tradução e, em 1969, com a publicação do romance Conversa no Catedral consolida sua carreira literária. Obras como A Cidade e os cachorros (1963) e A festa do bode (2000), que narra a ditadura do general Rafael Leonidas Trujillo Molina sobre a República Dominicana, retratam a preocupação do escritor em abordar em seus trabalhos questões sociais. Além disso, Llosa recebeu diversos prêmios, como o Leopoldo Alas, o Prêmio Francisco Umbral de Romance, Príncipe de Astúrias das Letras e o Nobel de Literatura, em 2010, apenas para citar alguns.

                Podemos afirmar com certeza que Vargas Llosa foi um grande escritor, um dos melhores de sua geração, e que de fato, com seus inúmeros trabalhos, contribuiu muito para o enriquecimento da produção literária que foi até então produzida na América Latina. Contudo, é importante ressaltar que o fato de agora fazer parte da Academia Francesa, se deve não ao fato de sua relevância como artista, mas por outro motivo.

Alinhado com o imperialismo

                Nunca foi segredo que Vargas Llosa mantém ligações com o imperialismo. Podemos citar, a título de exemplo, o ano de 1971, quando o autor anunciou publicamente o fim de suas relações com a Revolução Cubana. Segundo o próprio Llosa afirmou, esse desligamento se deveu ao fato, por, de acordo com o artista, Fidel Castro ter imposto ao poeta Heberto Padilla que fizesse então uma “autocrítica pública”. O que sabemos é que ao longo de mais de seis décadas, além da política de genocídio perpetrada pelas sanções e bloqueios impostos a Cuba, o imperialismo tem buscado de todas as maneiras possíveis derrubar o avanço da Revolução, seja por meio de tentativas de golpe de estado, seja através da imprensa internacional ou cooptando artistas e intelectuais de renome para alcançar plenamente tal objetivo, e Vargas Llosa, conhecido internacionalmente, fez ao seu modo parte dessa estratégia.

                Sem contar que o mesmo autor criticou abertamente tanto o governo de Hugo Chaves e a esquerda radical europeia como um todo. Outra demonstração, seguindo os ditames do imperialismo, de desmoralizar a mobilização e a luta da classe operária.

                Não podemos deixar de mencionar que o autor apoiou ditaduras, financiadas pelo imperialismo, sobretudo o estadunidense, em países como Chile e Peru e, mas recentemente, em reportagem publicada no sítio Carta Capital, defendeu o que ele chamou “homem de uma integridade absoluta, um homem absolutamente guiado por princípios de moralidade, decência e respeito às leis” ao se referir a respeito da conduta de Sérgio Moro no processo arbitrário que prendeu Lula e foi fundamental para a eleição de Bolsonaro e a continuidade do golpe de estado. Por falar em Bolsonaro, Vargas Llosa assim se proclamou em relação ao golpista “As palhaçadas de Bolsonaro são muito difíceis de admitir para um liberal. Agora, entre Bolsonaro e Lula, eu prefiro Bolsonaro de imediato. Mesmo com as palhaçadas, Bolsonaro não é Lula”.               

Os exemplos mencionados anteriormente podem ser alguns dos fatores que justifiquem o ingresso de Vargas Llosa na tradicional, fundada em 1635, Academia Francesa, mesmo nunca tendo escrito nada em francês. Sem contar, que aos 86 anos, já ultrapassou em mais de dez a idade limite permitida para o ingresso na Academia, isto é, 75 anos. Também, é importante lembrar, que no dia da cerimônia, o príncipe emérito da Espanha Juan Carlos I, que hoje vive nos Emirados Árabes, e sua filha, Cristina, estarão presentes. Segundo declaração feita para o jornal El País, Llosa esclareceu que o príncipe emérito “sempre foi muito carinhoso comigo (…). Então pensei que, como ele está em crise, esse convite de repente veio a calhar”. A crise mencionada pelo escritor envolve um escândalo fiscal na Espanha envolvendo tanto Carlos I, quanto sua filha.

Por fim, podemos citar ainda o fato do autor peruano, que obteve nacionalidade espanhola em 1993, ter sido o primeiro autor estrangeiro a conquistar um lugar na editora francesa Gallimard, em 2016. Ou seja, Vargas Llosa mantém relações de bastante proximidade com dois países do imperialismo europeu e o fato de ter conquistado tais premiações apesar, do que qualquer outro artista poderia chamar de grandes empecilhos, não é um problema para escritores, como no caso de Vargas Llosa, que se alinharam e souberam bajular bem o imperialismo. Por isso, afirmamos mais uma vez que o prêmio é motivado não pelo talento no campo das letras, mas pelo posicionamento pró-imperialista do autor.

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