O STF e seus ministros novamente vêm a público demonstrar o caráter de classe do judiciário. Em decisão monocrática, o ministro Gilmar Mendes decretou o roubo de mais de 26% dos salários dos servidores públicos federais, que hoje é a categoria mais defasada do servidorismo público federal. Seu salário base é de R$2.700,00 para uma jornada de 40 horas, sofrendo assédio moral, abusos de diversos tipos dentro da universidade, trabalhando sem as condições necessárias de segurança, em ambientes insalubres sem equipamento de proteção individual (EPI) algum e, tudo isso num cenário que dentro da universidade, todos os conselhos administrativos, todas diretorias e cargos de coordenação e gestão são ocupados com a proporção de 90% de professores e apenas 5% de técnicos, no qual, as demandas urgentes de trabalho dos técnicos sequer são colocadas em pauta para discussão, mesmo com os técnicos sendo maioria de servidores da instituição.
Diante disso, os servidores foram pegos de surpresa com a decisão da retirada da Unidade de Referência de Preços (URP), ou seja, mais de um quarto dos salários dos servidores é roubado de suas contas: a partir do próximo mês, ficarão sem esses valores em seus contracheques. Dessa maneira, o judiciário impõe uma realidade iminente que bate a porta dos servidores que é o despejo de suas moradias, a retirada dos seus filhos da creche, a insegurança alimentar, a incapacidade de compras básicas etc.
O último aumento que os servidores Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) tiveram foi em 2016 no governo Dilma, de 10,77% dividido em duas parcelas, uma de 5,5% paga em agosto e o restante que deveria ser pago até janeiro de 2017. No entanto, após o golpe que retirou Dilma da presidência da República e colocou Temer no poder, os servidores amargam quase 8 anos sem aumento algum, inclusive inflacionário. O poder de compra dos servidores de 2016 para 2023 caiu mais de 50%.
A reposição das perdas salariais dos servidores federais deve ser a mola mestra da negociação da categoria, aliada a uma escala móvel de salários bem como a escala móvel de horas de trabalho. Por todos os lados, a direita que deu o golpe contra os trabalhadores vem desferindo vários ataques contra a classe trabalhadora, retirando seus direitos e suas garantias.
A única maneira de reverter o quadro de atrasos impostos pela burguesia e pela direita é a organização dos trabalhadores em uma grande conferência nacional em defesa dos nossos direitos, garantindo de forma organizada uma mobilização que pressione a direita no Congresso e o STF a recuarem de seus ataques contra os trabalhadores. Para que assim os recursos hoje destinados ao pagamento de juros de banqueiro e de dividendos cada vez mais gordos de acionistas sejam utilizados para industrialização do País e crescimento dos investimentos nos serviços do Estado e da infraestrutura da sociedade.
A mobilização dos trabalhadores de forma unificada é a verdadeira arma contra a burguesia, que tenta precarizar a educação para privatizá-la e dar de bandeja aos abutres especuladores. É preciso mobilizar os servidores para a III Conferência Nacional dos Comitês de Luta que acontecerá em São Paulo nos dias 9, 10 e 11 de junho para impulsionar junto aos comitês, sindicatos, movimentos de luta do campo e da cidade a luta contra os ataques aos trabalhadores.