No último dia 15 de março, o PSTU publicou em seu sítio na internet um editorial chamado “Lutar por uma pauta da classe trabalhadora”.
Entre outras coisas, o artigo defende a Conlutas como única central independente e única salvação para os trabalhadores brasileiros. Segundo o PSTU, todas as centrais são “atreladas ao governo e aos patrões”, menos a Conlutas:
“Serve como exemplo a posição da CSP-Conlutas, a única central hoje que não é atrelada ao governo, que em sua última reunião nacional faz um chamado às organizações do movimento para que encampem as reivindicações da classe e se mantenham independentes dos governos e dos patrões.”
Em primeiro lugar, será mesmo que a Conlutas é “independente” no sentido que o PSTU afirma? A verdade é que a Conlutas não tem uma política essencialmente diferente das direções de nenhuma das outras centrais. Inclusive o programa apresentado como grande diferença da Conlutas para as outras não tem grande diferença.
Grosso modo, a CUT é favorável a quase todos os pontos do programa apresentado pelo PSTU como programa. Com poucas variações aqui ou ali, a CUT também é contra a reforma trabalhista, também é a favor da reforma agrária, também é contra as privatizações, contra a independência do Banco Central. Tudo isso é colocado pelo PSTU como parte de um programa.
Poderiam dizer, em sua defesa, que no caso da CUT isso é letra morta. Que esse programa está apenas no papel, mas que a direção da CUT não defende de fato isso. Mas quem disse que a Conlutas realmente defende tudo isso? Quem disse que a Conlutas tem condições de colocar essas coisas em prática?
A Conlutas não tem a menor condição de ser a salvação da classe operária porque ela é uma coisa morta. Desde sua criação, em 2004, a Conlutas só andou para trás. Aproveitaram os governos do PT para tentar agrupar uma esquerda descontente com a política petista e tudo o que conseguiram foi criar uma espécie de seita sindical. Recentemente, seu maior sindicato se desfiliou, o ANDES-SN. O PSTU mantém a Conlutas quase como uma garantia de pequenos ganhos e cargos que talvez não conseguisse se estivesse dentro de outra central.
E aí, entramos no debate mais importante sobre o problema. A grande questão não é saber quem é independente ou não. O primeiro problema é construir uma central que possa efetivamente levar adiante a unidade dos trabalhadores. A Conlutas nitidamente não cumpre esse papel.
Se o PSTU está tão preocupado em defender uma independência do governo e dos patrões, o lugar correto para fazer isso é dentro da CUT, que é onde está a maioria dos trabalhadores.
É revelador, inclusive, que a Conlutas participa de todas as atividades que a CUT convoca. Se a CUT é tão ruim como ela diz, por que participar? Se dá para participar, então por que estar numa organização diferente?
É bom lembrar, para os confusos, que uma central sindical não é um partido. Um partido tem seu próprio programa, tem sua ideologia, tem seus próprios métodos organizativos. Um sindicato e consequentemente uma central devem ser a unificação de todos os trabalhadores.
Se a preocupação é realmente mobilizar os trabalhadores, é preciso fazer isso dentro da CUT, que é onde está a maioria dos sindicatos e, consequentemente, a maioria dos trabalhadores. Quanto mais organizações dentro da CUT, mais força para mobilizar.