Na última quarta-feira (30), um pequeno país na costa ocidental da África invadiu os noticiários de todo o mundo. Em mais um episódio que mostra o enfraquecimento do imperialismo, militares do Gabão depuseram o presidente Ali Bongo, um político serviçal dos interesses imperialistas no continente que governou o país por mais de 14 anos.
Principalmente aqui no Brasil, a maioria das pessoas nem mesmo sabia da existência do Gabão, desconhecendo a história e a geografia gabonesas. Vamos conhecer, portanto, um pouco deste país centro-africano que está pondo ainda mais lenha na fogueira da África:
O Gabão está situado na faixa central do continente africano, na linha do Equador. Banhado pelo oceano atlântico, faz fronteira com a Guiné Equatorial (noroeste) e com a República do Congo (leste e sul):
Originalmente, seus primeiros habitantes foram os pigmeus. Contudo, a partir do século XIV, a pessoas da etnia Bantu começaram a se estabelecer na região. Atualmente, este é o principal grupo étnico do país, correspondendo a 95% da população gabonesa. Apesar da predominância dessa etnia, há pelo menos 40 grupos étnicos vivendo no Gabão.
No ano de 1910, o país foi assimilado pela África Equatorial Francesa, uma federação de colônias francesas no continente africano. Permaneceu sendo colônia da França até o ano de 1960, quando se tornou oficialmente independente do país europeu. “Oficialmente”, pois a independência ocorreu com total controle do próprio imperialismo francês, de forma que o Gabão nunca deixou de ser uma colônia da França.
Nesse sentido, a única língua oficial adotada no país é o francês. Estima-se que 80% da população é falante da língua francesa, sendo que 30% de Libreville, a capital do país, são falantes nativos.
Apesar disto, a maioria dos gaboneses (63,7% conforme censo realizado em 2013) são falantes das línguas nativas correspondentes aos seus respectivos grupos étnicos. São 86,3% nas áreas rurais e 60,5% nas cidades.
Mencionamos acima que a capital é Libreville. É, também, a maior e mais populosa cidade. Fica no oeste do país, no Golfo da Guiné.
Mesmo sendo a maior cidade, seu território é de apenas 189 km², evidenciando quão pequeno é o país centro-africano: ele possui uma extensão territorial de 267.668 km², sendo menor que vários estados brasileiros e, até mesmo, cidades.
Mesmo assim, vem sendo, ao menos desde sua independência, um importante país para o imperialismo na África. Por ser rico em matérias-primas, foi e continua sendo (ao menos até o recente golpe) um alvo da rapina imperialista, exportando primariamente petróleo, manganês, madeira, e urânio. As reservas desse último já foram esgotas pelo saque do imperialismo francês.
Além disto, foi o principal país africano utilizado como ponta de lança do imperialismo para derrubar o governo nacionalista de Muammar Gaddafi, na Líbia. Não é à toa que o presidente deposto, Ali Bongo, era conhecido como “o homem de Obama” na África.
Mas estes são assuntos para outros artigos específicos que podem ser lidos na edição especial de hoje deste Diário.
Voltando às características do país, a principal religião praticada é o cristianismo. Estima-se que cerca de 79% da população seja cristã. Destes, aproximadamente 53% são católicos. A segunda religião mais praticada no país é o islamismo, seguida pelas religiões tradicionais.
E a sua geografia? Quanto a isto, o Gabão é um território caracterizado por planícies costeiras, algumas montanhas e uma savana no leste. Como já dito, é banhado na região oeste pelo Atlântico Sul. No oceano, desemboca o Rio Komo, que é uma fonte de potencial hidrelétrico. Possui um clima tropical de monções, sendo que seu período chuvoso dura cerca de 9 meses.
Embora a indústria turística não seja muito forte no país, há inúmeras destinos e paisagens belíssimos
Temos os parques nacionais de Loango, Pongara, Ivindo e Akanda, locais para se conhecer a fauna e a flora do país:
Dentre os destinos naturais, há também as cataratas Makokou e Kongou, onde se pode observar as força das águas dos rios gaboneses:
E, dentre os destinos construídos pelo homem, há, dentre outros, a cidade de Franceville e de Port-Gentil:
Somando-se isto ao fato de ser um país rico em petróleo, manganês e madeira, importantes matérias-primas no mercado mundial, estamos diante de um Estado nacional que poderia ser muito mais desenvolvido, provendo uma real qualidade de vida para a maioria de sua população.
Contudo, seu desenvolvimento é impedido pelo imperialismo, que vem há mais de um século promovendo a rapina de seus recursos naturais e escravizando sua população. Sendo o golpe recente parte de um movimento nacionalista que parece crescer a cada dia na África, uma janela de oportunidade se abre para que o povo gabonês se liberte completamente do imperialismo e possa usufruir das riquezas e belezas naturais do Gabão.