No próximo ano, 2024, está programada para acontecer a 60ª eleição presidencial dos Estados Unidos, no dia 5 de novembro, a qual, pelo que tudo indica, se dará em meio a uma profunda crise do imperialismo norte-americano.
Os candidatos mais cotados para a disputada do pleito, até o momento, são o atual presidente Joe Biden, do Partido Democrata, pleiteando sua reeleição, e o ex-presidente Donald Trump, pelo Partido Republicano, também buscando reeleger-se, porém para um mandato não consecutivo.
Há, naturalmente, outros candidatos sendo impulsionados pela burguesia imperialista. Algo que normalmente ocorre, para evitar que o vencedor do pleito seja um presidente com amplo apoio popular, o que abriria a brecha para se perder o controle sobre ele. Agravando a situação, o imperialismo está em profunda crise. Trump nunca foi o candidato preferencial do imperialismo. E o mandato de Biden vem se revelando um desastre, tendo o imperialismo enfrentado derrotas atrás de derrotas.
Nesse sentido, em notícia publicada pelo Wall Street Journal no final de novembro, e reproduzido pelo órgão de imprensa russo RT , banqueiros do primeiro escalão de Wall Street deixaram claro estarem investindo em candidaturas alternativas não apenas da Donald Trump, mas também a Joe Biden. Algo que mostra a espiral de crise em que se encontra o imperialismo. A título de exemplo, Jamie Dimon, o presidente-executivo do JPMorgan, declarou apoio (ao menos por ora), na ex-governadora da Carolina do Norte, Nikki Haley, como uma indicação do Partido Republicano alternativa a Donald Trump.
Bill Ackman, por sua vez, declarou à Bloomberg que Biden deveria abrir espaço para um novo candidato:
“Biden fez muitas coisas boas. Mas acho que seu legado não será bom se ele for o indicado […] A coisa certa que Biden deve fazer é se afastar e dizer que não vai concorrer e criar a oportunidade para alguma competição.”
Elon Musk, CEO da Tesla, por sua vez, apesar de declarar que não votaria em Biden, também não confirmou um voto em Trump.
Já Mike Novogratz, CEO da Galaxy, uma empresa de criptomoedas, vinculou sua escolha à questão da idade dos candidatos, declarando à Bloomberg que “Prometi que não votaria em ninguém com mais de 75 anos, ou mesmo com 72 anos.”
Assim, candidatos como Nikki Haley, Ron DeSantis e Mike Pence estão sendo impulsionados como representantes diretos do imperialismo, mas dentro do Partido Republicano, em oposição a Donald Trump. Os três também serviriam como uma alternativa a Joe Biden, que é o representante do principal setor da burguesia imperialista norte-americana.
De parte do Partido Democrata, há também nomes como o de Dean Phillips e o de Marianne Williamson, mas não estão despontando nas pesquisas como fortes concorrentes.
Como candidato independente, vêm seguindo forte nas pesquisas Robert F. Kennedy Jr., Sobrinho do presidente John F. Kennedy e filho de Robert F. Kennedy.
Por ora, a maioria desses nomes ainda não foram confirmados como candidatos. Afinal, as prévias de ambos os partidos, Republicano e Democrata, ocorrerá entre os dias 25 de maio de 20 de agosto.
De qualquer forma, o cenário exposto acima denota a crise em que se encontra o imperialismo, de maneira que as eleições presidenciais norte-americanas de 2024 tendem a ser um evento fundamental da política mundial no ano vindouro.
Ciente da importância delas, e aproveitando para manobrar com a situação, Vladimir Zelenski, presidente da Ucrânia, que foi posto no cargo como decorrência do golpe imperialista do Euromaidan, declarou, recentemente que “Se a política do próximo presidente, seja ele quem for, for diferente em relação à Ucrânia, mais fria ou mais econômica, penso que esses sinais terão um impacto muito forte no curso da guerra”, concluindo estar certo “de que os EUA não vão nos trair. O apoio financeiro americano e europeu vai continuar”.
Além de expor a importância as eleições norte-americanas para a Ucrânia, também demonstra a importância que o resultado que a guerra por procuração que os EUA trava contra a Rússia terá no pleito presidencial. Afinal, todo o desenvolvimento da situação aponta para a derrota dos EUA. E, caso essa derrota se consume em 2024, a depender da forma que ela se consumar (se o imperialismo não conseguir manobrar suficientemente bem para a mascarar), isto tende a prejudicar profundamente as chances de Biden à reeleição.
Ocorre que Biden é um homem de confiança do imperialismo, o qual simplesmente não pode abandoná-lo. E a sua troca por outro candidato não é algo fácil de se realizar. Então, na conjuntura política das eleições que se aproximam, a perseguição política a Trump, através do Poder Judiciário dos EUA, se intensifica. Nessa semana que passou, especificamente na quarta (20), o Supremo Tribunal Federal do Colorado decidiu afastar Donald Trump das primárias republicanas daquele estado, em razão da ocupação do Capitólio por seus apoiadores, em 06 de janeiro de 2021.
Em resposta a esta decisão persecutória, Trump declarou em sua rede social Truth que o ocorrido foi “um dia triste nos Estados Unidos”, complementando com uma exclamação: “Que vergonha para o nosso país!!!”. Ainda denunciou que os EUA estão se tornando uma “república das bananas” e que a decisão representa mais um exemplo de “interferência eleitoral”, como já havia afirmado anteriormente, em relação a decisões semelhantes.
No mesmo sentido, Robert Kennedy se opôs à decisão arbitrária, através de uma publicação no X (antigo Twitter), afirmando que “quando um tribunal de outro país desqualifica um candidato da oposição para concorrer, dizemos: ‘Isso não é uma verdadeira democracia.’ Agora está acontecendo aqui”.
A denúncia de Kennedy acaba sendo corroborada pelas mais recentes pesquisas, tanto a respeito das eleições, as quais indicam crescente vantagem de Trump em relação a Biden e aos pré-candidatos republicanos, quanto a respeito da aprovação do governo atual, que vem despencando, em especial devido à maneira com que Joe Biden vem apoiando “Israel” em seu genocídio contra os palestinos.
Nesse sentido, cumpre citar recente pesquisa feita pela Universidade Monmouth, na qual se constatou que apenas 34% dos americanos apoiam o governo Biden, a menor aprovação do governo até o momento, de forma que o percentual de adultos que desaprovam a maneira com que o mandatário vem conduzindo o país mais que dobrou desde que ele assumiu o cargo. Foi igualmente constatado que a maioria dos eleitores desaprova a forma como Biden lida com a política de infraestrutura, a criação de empregos e a inflação. Entre os entrevistados, 44% disseram que estavam com dificuldades financeiras e apenas 12% disseram que a sua situação estava melhorando. Corroborando essa última aferição, sondagem realizada pela CNBC (um canal por assinatura dedicado a notícias de negócios), 66% dos americanos tinham uma visão negativa da economia dos EUA, um recorde nos 17 anos em que a rede promove essa pesquisa.
Em outra pesquisa, esta da Reuters/Ipsos, Donald Trump tem larga vantagem (mais de 50%) em relação aos demais pré-candidatos pelo Partido Republicano. Especificando, a pesquisa verificou que o ex-presidente é o candidato de escolha para 61% dos eleitores que se identificaram como republicanos. Ainda segundo a pesquisa, os entrevistados não mostraram preocupação com as perseguições judiciais a Trump, de forma que acreditam que não serão uma obstrução à sua candidatura. Os pré-candidatos mais próximos de Trump são Ron DeSantis e Nikki Haley, com apenas 11% das intenções de voto dos eleitores.
Pesquisas de outros institutos constataram o mesmo cenário. Sonagem realizada pela Harvard CAPS, publicada no jornal The Hill, constatou Trump com 48% de pontos percentuais, enquanto Biden com 41%, um aumento de 2% de apoio ao ex-presidente, em comparação com pesquisa realizada em outubro. E em outra que demonstra que a força política do ex-presidente mantem-se, levantamento realizado em novembro mostra Trump tendo vantagem eleitoral em 5 dos seis principais Estados norte-americanos, quais sejam, Winsconsin, Pensilvânia (48% a 44%), Michigan (48% a 43%), Arizona (49 a 44%), Georgia (49 a 43%), e Nevada (52 a 41 %), sendo que Biden estava à frente apenas em um, Wisconsin (47% a 45%).
No que diz respeito ao governo Biden, pesquisa do New York Times/Universidade de Siena constatou que 72% dos jovens americanos entre 18 e 29 anos, um grupo etário que configura grande parte dos eleitores do Partido Democrata, desaprovam a política levada a cabo pelo governo Biden no que se refere ao massacre que “Israel” perpetrada contra a Faixa de Gaza. A pesquisa também foi conduzida entre eleitores, constatando vantagem de Trump, com 49 pontos percentuais, contra 43 de Biden. Deve-se considerar que, em julho, pesquisa do mesmo instituto apontava o atual presidente com vantagem percentual de 10 pontos. Um cenário que ainda mais favorável a Biden em 2021, quando tinha 21 pontos de vantagem em meio a esse grupo etário, mostrando que os fracassos no Afeganistão, na Ucrânia, na Palestina, e a crise economia e social que vem se aprofundando durante o seu termo o fez perder apoio.
No que diz respeito a outros candidatos, cumpre informar que há sinais de que um dos nomes que o imperialismo mais foca na promoção, com a finalidade substituir Trump como candidato republicano, é o de Nikki Haley. Nesse sentido, recente pesquisa divulgada pelo Wall Street Journal constatou que, caso fosse ela a candidata republicana a concorrer com Biden em 2024, venceria o atual presidente por 51% a 34%. Segundo análise feita pelo órgão de imprensa Político, igualmente do imperialismo norte-americano, Haley atrairia um grande número de eleitores independentes e moderados que não aprovam o governo Biden, mas também não gostam de Trump, o que serve para indicada que a candidatura dela é uma manobra do imperialismo.
Confirmando isto, ela já chegou a condenar a China como o “inimigo mais forte e disciplinado” que os EUA jamais enfrentou, tendo inclusive se comprometido a banir o Tik Tok, rede que seria responsável, segundo Haley, pelo aumento do antissemitismo nos EUA, outro sinal de uma candidatura totalmente alinhada ao imperialismo, afinal, sionista. A pré-candidata republica também defende política de vigilância estatal sobre os cidadãos norte-americanos, pois, segundo ela, todos os usuários devem ser verificados por seu nome nas redes. Haley deu também declarações do sentido de transformar o Departamento de Defesa dos EUA em um Departamento de “Ofensiva”, clamando por mais auxílio militar à Ucrânia e a “Israel”, frisando que “o Hamas deve ser eliminado, e não enfraquecido”. Tudo que o imperialismo deseja.
No caso de Robert F. Kennedy Jr., no mês de novembro, após ter anunciado sua candidatura como independente, foi publicada pesquisa promovida pelo New York Times/Siena e da Universidade de Quinnipiac. Segundo a primeira, cerca de 25% dos 3.662 eleitores registrados no Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin disseram que escolheriam RFK Jr., Biden e Trump como seus candidatos. Por sua vez, entre os eleitores com menos de 45 anos, ele venceria o atual e o ex-presidente. Semelhante foram os resultados da sondagem feita pela Quinnipiac, que viu o sobrinho de John F. Kennedy ganhar 38% dos eleitores registrados com idades entre 18 e 34 anos, em comparação com 32% de Biden e 27% de Trump”.
Apenas para relembrar, Kennedy vem dando declarações com “Se o povo americano me escolher como seu presidente, retomarei o processo que meu tio abordou há 60 anos para desfazer o império militar americano”. É claro, tratando-se de um político norte-americano, ainda mais um da família Kennedy, é certo que se ele for eleito presidente a política belicosa do imperialismo não será abandonada. O que demonstra isso são as declarações de Kennedy em apoio ao Estado de “Israel”. Contudo, o fato de declarações com estas serem dadas é um sinal de crise no seio da burguesia imperialista.
Em suma, um cenário incerto e de grave crise interna do imperialismo, não bastasse a crise internacional na qual os EUA estão imersos. Afinal, o governo do representante do imperialismo, Joe Biden, está em frangalhos, refletindo em seu poder eleitoral. Por conseguinte, Trump é o candidato mais popular, e um político com força política própria, que lhe garante relativa independência. De forma que uma reeleição sua tende a aprofundar a crise imperialista, algo positivo para os povos oprimidos de todo o mundo.