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Israel

Um país artificial não tem direito a nada

O suposto direito de se defender do Estado sionista é, na realidade, o direito de massacrar

Um dos principais defensores do sionismo no País, André Lajst escreveu uma carta aberta endereçada ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, conclamando o petista a “honrar compromissos” feitos em campanha, como “o fim dos discursos de ódio, fake news e ataques às minorias”, devido ao “aumento alarmante do antissemitismo, nas ruas e nas redes”, o que inclui, segundo Lajst, “passeatas com bandeiras do Hamas no Brasil, que assiste a uma horrenda normalização do terrorismo e à banalização dos chamados a ferir e matar judeus”, disse. “Israel tem o direito de se defender dessa barbárie”, acrescenta o lobista, porém é preciso dizer que “Israel” não tem direito algum a nada, sequer tem o direito de existir.

Longe de ser uma demanda da comunidade judaica, a criação do Estado de “Israel” começa a ser cogitado, ainda no século XIX, como um empreendimento de tipo colonial e racista, tendo como modelo a Rodésia (até 1979 parte da África do Sul, hoje, Zimbábue). Este fato já é mais do que comprovado pelas cartas do “pai” do sionismo, Theodor Herzl, a Cecil Rhodes, responsável por organizar em sua colônia africana o sistema que posteriormente seria conhecido como apartheid, baseado na supremacia branca sobre os africanos, negros. Colonial e racista nos primórdios, a ideia da construção de um Estado judaico “não na África, mas na Ásia Menor” (como descrito por Herzl a Rhodes) fora abraçada pelo imperialismo britânico, tendo como articulador o famigerado banqueiro Edmond de Rothschild (conhecido como “Barão de Rothschild”), em conluio com o governo inglês e, posteriormente, os EUA.

Fora uma grande onda migratória para os EUA, os judeus europeus jamais consideraram abandonar o Velho Mundo para morar em uma região tão atrasada quanto o Oriente Médio. Seria preciso um fenômeno como o nazismo alemão para mudar isso.

Com a emergência das atrocidades nazistas contra o povo judeu na Europa (sobretudo na Alemanha e no Leste Europeu) e a recusa deliberada de Reino Unido e EUA em recebê-los, muitos acabaram empurrados aos desertos do Mundo Árabe, o único local onde o imperialismo admitia receber os fugitivos dos horrores do nazismo. É nessa conjuntura, como parte de um plano organizado pelos setores poderosos e monstruosos da burguesia mundial, que nasce um Estado totalmente artificial: “Israel”.

Conforme demonstrado por obras como A limpeza étnica da Palestina, do historiador israelense Ilan Pappé, esse processo desconsiderou completamente o direito dos palestinos “de se defenderem dessa barbárie”, que foi a colonização sionista, culminando na criação de “Israel” em 1948, em meio ao que os palestinos chamam de “Nakba”, palavra árabe que significa “catástrofe”.

Jamais se falou em “direitos” do povo árabe que habitava a região tomada à força pelos sionistas e com crueldade extrema, o que incluiu massacres, torturas, uso de armas biológicas e toda sorte macabra de mecanismos consagrados pelo fascismo e nazismo para aterrorizar uma comunidade. Sendo um lobista do sionismo no País, naturalmente, Lajst irá escamotear essa parte da história, mas ela é fundamental para compreendermos que, à luz de todo o martírio sofrido pelo povo palestino, a reação contra a opressão sionista pode ser considerada extremamente civilizada.

As tendências repressivas do sionismo ficam evidentes nas próprias colocações de Lajst, que reivindica a Lula:

“Se empenhe pessoalmente, como representante do povo brasileiro, na luta contra o preconceito que nos atinge também aqui, em casa, adotando oficialmente – como já fizeram, entre outros, Fernández, na Argentina; Biden, nos EUA; Macron, na França; Sánchez, na Espanha, e Merkel, na Alemanha – a definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e liderando, aqui no Brasil, uma mudança social na compreensão de um problema tão antigo e infelizmente tão atual.

Por “luta contra o preconceito”, leia-se a forte ofensiva empreendida pelos governos enaltecidos pelo sionista contra os direitos democráticos, que chegaram ao cúmulo de proibir manifestações públicas em favor da Palestina e mesmo o desfraldamento de bandeiras da nação árabe. Lajst mostra, em seu pedido, que não há conflito algum entre o fascismo e o sionismo, sendo este apenas uma expressão adaptada às necessidades do imperialismo do mesmo tipo de política de controle, baseada na brutalidade, no terror e na repressão às conquistas da civilização.

“Um povo que se defende não pode ser equiparado àqueles que querem massacrá-lo”, diz o lobista, no que poderia ser considerado acertado, de maneira abstrata. O erro crasso é considerar “Israel” a parte indefesa da história e não “os que querem massacrar”.

Lajst precisaria convencer às famílias de mais de sete mil crianças mortas, entre mais de 18 mil palestinos assassinados pelos bombardeios israelenses, apenas para minar a disposição dos árabes para luta. São tão criminosos hoje como sempre foram. É para defender crimes assim que Lajst pede a Lula a mesma repressão vista em outros países, o que deve ser repudiado por toda a esquerda.

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