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Mães de intersexo

TV Mulheres fala sobre mães de pessoas intersexo com Thais Emília

Entenda os problemas pelos quais passam mulheres com crianças intersexo, inclusive como são induzidas a abortar quando se descobre a condição sexual de seus bebês.

Todo domingo, às 19 h, entra no ar, ao vivo, o programa TV Mulheres, no canal de YouTube do COTV – Causa Operária TV, que fala de tudo, principalmente das dificuldades que o capitalismo impõe às mulheres. O programa nº 172, do dia 16/07/2023, teve como tema Mães de intersexo, com Thais Emília.

Apresentado por Simone Souza, o programa teve como convidada Thais Emília Campos dos Santos, presidenta e fundadora da ABRAI – Associação Brasileira Intersexo e do Instituto Jacob Cristopher, doutora em Educação (Unesp) com a tese “Educação de Crianças e Adolescentes Intersexo”, com especialização em Educação Inclusiva, Diversidade, Sexualidade e Gênero. Autora do livro “Jacob Y”. Embaixadora na luta contra violência de mulheres e de meninas pelo Instituo Avon. Psicopedagoga e psicanalista. Voluntaria na Rede Jacob, no ambulatório de endocrinologia do Hospital São Paulo (Unifesp). 

E o que é intersexo?

Segundo a convidada, intersexo são bebês que nascem com variações das características biológicas em relação à definição do sexo. A ciência biológica entende como macho ou fêmea, e essas variações podem ser devido às gônadas, hormônios, cromossomos, e a fenótipo. Essa definição é da Organização Mundial de Saúde.

O que é definido como um corpo macho na nossa sociedade, a pessoa vai ter a seguinte congruência, ela é XY, tem testículos e pênis. Na puberdade vai desenvolver características sexuais secundárias como engrossar voz, nascer pelos, tudo mais. A fêmea é XX, tem útero e ovários, na puberdade vai desenvolver características sexuais secundarias que é menstruar, desenvolver seios etc.

Uma pessoa intersexo, é qualquer variação nesse desenvolvimento do sexo, ou seja, uma pessoa XY que nasce com vagina. Uma pessoa XXY. Uma pessoa XY que nasce sem testículos. Uma pessoa XY que tem ovários e testículos. Uma pessoa XX que tenha o ovo teste, que é ovário. A medicina cataloga mais de 100 condições corpóreas. Segundo a OMS, estima-se que 1,7% da população seja intersexo. Trata-se de uma estimativa feita com subnotificação. Na verdade, acredita-se que índice chega a 8%. 

Intersexo é um conceito das ciências humanas que aborda o sofrimento psíquico, social, e violências institucionais sobre a pessoa intersexo e familiares. Thais falou sobre vários tipos de sofrimentos que uma pessoa intersexo passa, mas também das mães que sofrem com o preconceito da sociedade.

Segundo a convidada, uma mãe sofre violência obstétrica ao ouvir de médicos que seu bebê é uma aberração, que é induzida por equipe médica a abortar. Após o nascimento de um bebê intersexo, algumas são induzidas a dar a criança para adoção, ou para que o bebê ainda na primeira infância passar por cirurgia de designação sexual. A questão de cirurgia estética para a designação sexual foi considerada pela OMS como tortura em crianças em 2013.

Thaís Emília disse que no Brasil, infelizmente, ainda não foi banida essa prática. As pessoas intersexo que fizeram na primeira infância a cirurgia de designação sexual se sentem como mutiladas. A maioria das cirurgias intersexo são feitos para o feminino, por questão do machismo: um homem não pode ser incompleto. Um intersexo é registrado como masculino quando tem um falo maior, ou quando é hermafrodita verdadeiro, que tem dois genitais, e aí prevalece o masculino. O restante é registrado como feminino.

Durante a conversa com Simone, Thais explicou como é feito o tratamento pós-cirúrgico de designação sexual para o feminino. As pessoas que passaram por isso têm mais casos de síndrome de pânico, depressão, angústia. As crianças passam em média por 7 cirurgias. As crianças mais velhas ou adolescentes, tem o problema social, de precisar ausentar da escola para o tratamento. Para os bebês muito pequenos, há o relato de uma mãe que ao recusar a autorizar o seu bebê de fazer cirurgia de designação sexual, por achá-lo muito pequeno. Ela acreditava que a criança deveria fazer a cirurgia se quisesse, com o seu consentimento, e o médico ameaçou denunciar ao conselho tutelar e retirar a guarda. Os médicos argumentaram se tratar de urgência social, mas os médicos não são especialistas em urgência social, argumentou Thais. 

Importante notar que quando se descobre no exame pré-natal que o bebê é intersexo, a equipe médica sugere fazer a interrupção da gravidez, ou seja, praticar o aborto, quando o único problema seria a questão estética, e não é de saúde. Porém, quando uma mulher quer fazer aborto, por motivos diversos, passa por vários obstáculos, correndo inclusive o risco de ser presa. Ou seja, quando a sociedade não deseja, o aborto é bem-vindo. A mulher não tem voz, a sociedade induz as escolhas. Thais disse que quando estava no sétimo mês de gestação, ao descobrir que seu bebê era intersexo no exame pré-natal, a equipe médica sugeriu que abortasse. Após o parto, induziram que fizesse cirurgia para designação sexual ainda na primeira infância. Seus relatos de violência obstétrica são surreais, mas sua experiência não é a única. Outras mães também relataram casos tão medonhos ou até piores. 

Outro ponto destacado pela convidada é o interesse financeiro por trás de cirurgia de designação sexual nos bebês.  

Thais também citou casos de mães abandonadas por “companheiros” ou maridos ao saberem da condição de intersexo do bebê recém-nascido. 

Mais detalhes sobre o assunto, recomendamos fortemente assistir o programa nº 172 no YouTube do canal COTV – Causa Operária TV. Abaixo o link do programa em íntegra:

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