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Rage Against the War Machine

“Trump é pior que a OTAN”, os erros da esquerda dos EUA

A organização WSWS ataca os manifestantes de esquerda que foram ao ato em defesa da paz contra o complexo industrial militar dos EUA, o motivo? Também haviam pessoas de direita

O atual crescimento da extrema-direita em grande parte do mundo criou um fenômeno complexo para setores da esquerda pequeno compreenderem, um setor da classe operária está muito influenciado pelo bolsonarismo, pelo trumpismo etc. Isso significa que em determinadas lutas a esquerda estará ao lado de trabalhadores que se identificam com a direita, mas que por serem trabalhadores tendem a defender os interesses da classe operária e ao fazerem isso atuam como força de progresso. O caso mais comum é a questão da oposição a OTAN e a guerra na Ucrânia e foi o que houve na manifestação Rage Against the War Machine nos EUA, que juntou setores da direita e da esquerda em defesa da paz. O sítio World Socialist Web Site foi um dos maiores críticos da participação no ato em seu artigo: “The ‘Rage Against the War Machine’ rally: A reactionary political freak show”.

O artigo publicado no dia 20 de fevereiro em seu título taxa a manifestação de “show de horrores reacionário”, algo muito estranho dado que na prática ela foi um ato nacional em Washington contra a OTAN, ou seja, um ato no coração do imperialismo contra o imperialismo. Toda a base para a crítica é que setores da extrema-direita estiveram presentes. Aqui se mostra um grande defeito da esquerda pequeno burguesa, que é o sectarismo, ao invés de enxergar um potencial, um setor que pode se deslocar a esquerda por meio da luta contra o imperialismo, ela considera que os seres humanos não mudam, uma vez fascista sempre fascista, algo que não tem embasamento nenhum na realidade.

A luta política é justamente a luta pela evolução da consciência da classe operária, e ela pode se dar por diferentes caminhos. Nos EUA está claro que um setor da classe operária se revoltou com o regime político e aderiu ao turmpismo e até mesmo pode ter se aproximado de ideologias ainda mais a direita. Mas isso partiu de uma revolta contra o regime imperialista norte-americano, a grande maioria desses trabalhadores, caso existisse uma esquerda combativa tenderiam a passar para o lado dessa esquerda e não do turmpismo. Esse ato em Washington na verdade aponta para esse caminho, não foi um ato apoiado diretamente por Trump, o próprio texto afirma isso por meio dos números, cerca de mil pessoas. Foi um ato de um pequeno setor que se radicaliza contra a política da OTAN, ou seja, que assume uma política progressista.

O grande erro do WSWS é expresso no início do artigo: “A manifestação, moderada por Angela McArdle do Partido Libertário e Nick Brana do “Partido do Povo”, foi vendida como uma oportunidade pelos organizadores e palestrantes para “reunir” a “esquerda e a direita” para se opor à guerra. Na verdade, não havia perspectiva de esquerda; a direção política foi fornecida inteiramente pela direita.” A manifestação teve a presença de grupos da esquerda e da direita mas para o sectário WSWS a direita dominou completamente a mobilização apenas por estar presente, não passa na cabeça da esquerda pequeno burguesa como esse ato pode ser importante para disputar esses setores que se aproximaram da extrema-direita. No caso a manifestação foi organizada também pela esquerda, não é nem possível acusar a esquerda de ter ido participar de um ato convocado pela direita, assim jogando água no seu moinho.

O artigo expressa sua política errada de forma mais bem acabada depois: “Hedges, junto com Max Blumenthal do Grayzone, Jill Stein do Partido Verde e o comediante Jimmy Dore e alguns outros estavam lá para dar um brilho progressivo à coalizão “esquerda-direita” e legitimar a extrema direita. Sua principal mensagem era que a unidade com a direita fascista era permissível e deveria ser ativamente buscada. Aqueles que se opõem à colaboração com a direita são vistos como inimigos políticos.” A unidade com a direita fascista é algo impossível, o fascismo por definição é hostil a esquerda, o que coloca esse setor que foi ao ato como um setor que não é bem da extrema direta, como é comum com bolsonarismo e o trumpismo. São trabalhadores influenciados por essa política. Mas no que tange a luta contra a guerra é sim possível fazer uma frente com esses setores, não há nenhuma lei da política que aponte o oposto.

Um caso clássico é o da França, o movimento fascista quando a classe operária se levantou em 1936 foi tão pressionado pela política da esquerda que aderiu ao movimento e depois desapareceu pois perdeu o sentido. Houve também momentos em que grupos direitistas mas nacionalistas estiveram em frente com a esquerda unidos por um mesmo objetivo, a luta pela libertação nacional. Há o caso da Revolução de 1905 na Rússia onde a igreja ortodoxa ultra reacionária organizou a mobilização em defesa dos trabalhadores. Neste mesmo ato nos EUA foi levado um cartaz que apresentavam o Papa Francisco e o presidente Lula como aliados pela paz. Um grande setor da classe operária tem muitas confusões e muios preconceitos mas em situações de crise está disposto a lutar e é nesse momento que a esquerda pode ter uma enorme influência. 

Pela política do WSWS o certo seria abandonar esses trabalhadores que tendem a esquerda, e ainda pior, abandonar a pauta da paz, muito popular nos EUA, para a direita. Na verdade esse ato pode ser considerado um acerto político, e o próprio texto afirma que um dos mais aplaudidos foi justamente um membro da esquerda: “Em uma indicação da perspectiva política dos participantes do comício, os maiores aplausos foram para Dore e Ron Paul, incluindo muitos que torceram por ambos.” Dore é da esquerda e Ron Paul da direita, ou seja, um setor aplaudiu tanto a esquerda quanto a direita e portanto está em disputa. Só esse fato já serve para mostrar como é importante a participação da esquerda nessa mobilização.

Por fim o WSWS para legitimar a sua política, que no fim foi a de sabotagem de um ato contra a guerra, ataca o ato em si: “Talvez a maior fraude de todas tenha sido o fato de o comício ser um evento “antiguerra”. Quaisquer que sejam as denúncias do “complexo militar-industrial” e da “máquina de guerra”, o principal impacto da manifestação foi legitimar e elevar politicamente as forças de extrema-direita que são utilizadas por setores da própria classe dominante.” Aqui fica claro o grande erro da política da esquerda pequeno burguesa. Em sua sanha “anti fascista” ela se coloca mais contra o trumpismo ou o bolsonarismo do que contra o próprio imperialismo. Isso nos momentos críticos leva essa esquerda a se alinha com o imperialismo contra a classe operária.

No caso dos EUA, onde não existe um Lula, isso fica ainda mais claro. Trump é um entrave para a política do imperialismo, seus 4 anos de governo foram os menos agressivos na política externa dos EUA desde a Segunda Guerra Mundial. Ele está sendo perseguido pelo próprio FBI, um dos principais órgãos de inteligência do imperialismo. Nesse sentido, é até natural que atos da esquerda as veze se unifiquem com setores considerados trumpistas, não com o Trump em si. Sua base envolve dezenas de milhões de trabalhadores e para que o existe o socialismo nos EUA um passo necessário será a evolução da consciência desse setor da classe operária que nesse momento é influenciado pelo trumpismo. Da mesma forma, a esquerda brasileira deve atuar para influenciar os milhões de trabalhadores influenciados pelo bolsonarismo.

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