Em discurso proferido neste dia 21, o ex-presidente norte-americano, Donald Trump, acusou a subsecretária do Departamento de Estado do país, Victoria Nuland, de ter atuado no golpe de 2014 na Ucrânia.
Esse golpe, coordenado por meio dos protestos na Praça Maidan – pelo qual ficou conhecido como Euromaidan –, derrubou Viktor Yanukovych, que era aliado da Rússia, e pôs o fantoche do imperialismo Petro Poroshenko no lugar, junto de uma horda de milícias neonazistas.
Para Trump, o mundo está à beira de uma Terceira Guerra Mundial. Tal situação, denunciou o ex-presidente, é culpa de Biden, que, nas palavras do republicano, atende aos interesses do complexo militar do país, o qual ele prometeu combater.
Sobre o golpe de 2014, a quem, corretamente, Trump atribuiu a participação de Victoria Nuland, é preciso ter clara a atuação do imperialismo de conjunto. Na época, ao final de 2013, a Ucrânia tinha a Rússia como principal parceira comercial, e o seu presidente, Viktor Yanukovych, era aliado dos russos.
O que desencadeou os protestos da Praça Maidan foi a recusa por parte de Yanukovych de entrar na União Europeia. Na prática, a entrada no bloco significaria romper boa parte dos acordos com a Rússia – que eram essenciais para a sustentação econômica do país – e ter de adotar medidas de austeridade fiscal e cortes de gastos, ou seja, de tipo neoliberal, sem receber nada em troca.
Em novembro de 2013, após a recusa de entrar na União Europeia, começaram violentos protestos organizados pela embaixada norte-americana na Ucrânia – principalmente no oeste do país. A principal pauta era a defesa da renúncia de Yanukovych, e seus organizadores eram o embaixador Geoffrey R. Pyatt, ONGs financiadas pela USAID, pelo NED, pela Freedom House, pela Open Society e por outras organizações vinculadas ao governo dos Estados Unidos e aos grandes capitalistas europeus.
Vale ressaltar que George Soros, um dos financiadores dos protestos que derrubaram Yanukovych, fala abertamente com orgulho de sua participação no golpe de Estado de 2014. Algumas figuras proeminentes da política norte-americana, como a própria Victoria Nuland, como o senador republicano John McCain e como o senador democrata Christopher Murphy chegaram a ir a Kiev para participar das manifestações.
Os protestos, que haviam começado no oeste ucraniano, rapidamente se espalharam para o centro do país. Em janeiro, Kiev era tomada por violentíssimos protestos impulsionados pelos norte-americanos. Em fevereiro, o governo foi derrubado, e o presidente teve de fugir do país.
Ou seja, em questão de 3 meses desde o início dos protestos, com absurda virulência e com milícias neonazistas sendo lançadas como método, o imperialismo conseguiu dar um golpe de Estado na Ucrânia em 2014. Houve uma dura resistência no leste europeu, na região do Donbass, que se mantém até hoje e que luta pela libertação do regime fantoche dos Estados Unidos que foi implantado no país.
No lugar de Yanukovych, foi posto no poder o magnata das indústrias de chocolate Petro Poroshenko. O ex-presidente governou de maneira servil aos Estados Unidos e à Europa até 2019, quando foi substituído por Volodymyr Zelensky.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, fica claro, foi causada pelos Estados Unidos ao darem o golpe de Estado de Maidan em 2014. Todo o acirramento de tensões entre os dois países foi causado pela ingerência externa dos norte-americanos, o que obrigou a Rússia a iniciar sua operação militar para se defender. Qualquer análise minimamente séria dos fatos chega a essa conclusão.





