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Ponta de lança

Trótski, sobre a organização de juventude revolucionária

O presente artigo reproduz a discussão entre Trótski e Nathan Gould, secretário nacional da Liga Juvenil Socialista, em 18 de novembro de 1938

Trotski: Acredito que ninguém pode propor um programa e um método concretos para ganhar a juventude nesta situação crítica que o mundo e os Estados Unidos vivem. Não contamos com precedentes. Neste terreno temos que começar a experimentar agora. O fato de que durante o ano passado a organização de juventude tenha perdido mais de um terço de seus participantes não é uma catástrofe terrível, mas demonstra que ainda não encontraram os métodos de trabalho adequados. No futuro terão que ter muita iniciativa e não se queixar continuamente à direção central porque não lhes dão as orientações necessárias. Acho que essa lógica é perigosa. Se pode dizer que todo o povo tem o governo que merece. O mesmo vale para o partido e a organização de juventude. A única coisa que o Comitê Central nacional pode fazer é sintetizar a experiência dos grupos regionais. Acho muito importante que os comitês regionais do partido, ao menos na primeira etapa, se dediquem mais que a direção central de Nova York à organização de juventude do lugar, já que as condições em que se movem são as mesmas, os camaradas adultos podem observar os jovens e, sem pretender dirigi-los, aconselhá-los bem. Repito que não temos um programa nem um método definidos. Não temos que nos fechar em nenhuma proposta.

Mas podemos traçar algumas linhas gerais. No Congresso Internacional propusemos e foi aceito o Programa de Transição,(1) que substitui o velho programa mínimo da social-democracia e pretende terminar com o empirismo de nossas seções nacionais, que de vez em quando inventavam uma consigna sem contar com uma perspectiva geral, nem com uma combinação de consignas que levem à revolução socialista. A diferença entre o programa mínimo e o de transição está no fato de que este último é uma introdução à revolução socialista. Esta introdução é necessária em todos os lugares, especialmente nos Estados Unidos, porque lá os operários têm tradições muito conservadores, etc; temos que começar onde as tradições acabam e indicar o caminho à revolução socialista.

Mas o problema da juventude é diferente, no sentido de que, por um lado, não suporta o peso dessas pesadas tradições, mas por outro, sua situação é mais terrível, mais aguda. Me refiro à juventude proletária, ainda que a juventude burguesa também vive uma situação terrível. Como demonstrado pela experiência europeia, essa situação crítica dessa jovem geração, somada à falta de tradição, de educação sindical, de eleições democráticas, à não adesão a nenhum partido, converte essa juventude em bucha de canhão dos fascistas. O que isso significa? Que a juventude exige soluções radicais. Acredito que é um fato muito importante que os jovens que são socialmente transformados em párias; que não conseguem sentir nenhuma adesão social ou política ao regime; que são muito audazes simplesmente pela sua curta idade; que não possuem tradições conservadoras, exijam soluções radicais. Quem dará uma direção para esta juventude? Nós ou os fascistas? Ontem, meio brincando e meio falando a verdade, propus que a organização se chamasse “Legião da Revolução Socialista”, acho que não encontrei o apoio necessário então volto a insistir: “Legião da Revolução Socialista”. É um programa, dizemos a juventude: “Nós derrubaremos a sociedade existente, criaremos uma nova sociedade, este é nosso objetivo”. Isso não significa que estamos descartando um programa transicional, a juventude é um setor à parte, que vive uma situação própria. Um jovem operário tem um estado de espírito mutável: em algumas situações é muito radical e em outras é um pouco oportunista, de alguma forma precisamos chegar até ele, mesmo que seja organizando uma festa, mas receio que os stalinistas e os fascistas sejam melhores dançarinos que nós, eles são mais ricos e têm mais vantagens. Nossas vantagens não estão no terreno das festas, mas sim da revolução socialista, melhor dizendo, somos a “Legião da Revolução Socialista”, ninguém pode nos imitar, nenhum outro partido pode se proclamar dessa forma.

Temos o problema da legalidade, muitos podem dizer que este partido pode ser enquadrado imediatamente na lei que proíbe as atividades antinorte-americanas. Realmente, precisamos levar isso em conta e combinar neste plano o trabalho legal e o ilegal. Precisamos dar aos futuros revolucionários, e também ao partido revolucionário, uma explicação muito clara de que a democracia é muito boa sem um Hague, sem o nazismo alemão ou o fascismo italiano.(2)Precisamos nos defender, já vimos na Europa que bastava os operários se aproximarem dos nossos objetivos que o grande capital organizava os fascistas. Temos que estar dispostos a travar uma batalha contra a reação, precisamos nos preparar para uma revolução. Juridicamente não precisamos preparar uma revolução direta contra a democracia, mas sim uma luta contra as péssimas pessoas que não nos permitem usar a democracia para gozar de liberdade. Mas repito, esta é só uma questão secundária, o mais importante é que somos a “Legião da Revolução Socialista”.

Não estou fazendo uma proposta concreta, também podíamos adotar o nome de “Legião de Lenin, Liebknecht e Luxemburgo”, legião dos três “L’s”, não seria uma consigna ruim, mas talvez fosse muito personalista e precisaríamos explicar para todo mundo, me parece melhor “Legião da Revolução Socialista”, e tenho certeza que Luxemburgo, Liebknecht e Lenin também achariam melhor. Naturalmente, uma organização como esta teria que contar com diversas organizações auxiliares.

A resolução fala sobre o idealismo e o entusiasmo em contraposição ao ceticismo. Não acho que se trata de um ceticismo legítimo, seguramente é o ceticismo caricato de um jovem que luta pela independência, contra a subordinação do aparelho estatal etc. Provavelmente existam alguns céticos de verdade, mas se queremos influenciá-los com tendências idealistas precisamos começar usando-as em nome da mesma organização. Façamos com que eles se sintam como o jovem operário, desempregado, negro ou judeu que, por ser perseguido, é membro da “Legião da Revolução Socialista”. Acredito que ele se sentirá muito bem. Vocês precisam conseguir transmitir isso, e por que não? O primeiro é uma opinião clara, uma expressão muito precisa do objetivo revolucionário.

O segundo é a democracia, acredito que a democracia é muito importante nesta organização. Por quê? Porque ela está escassa em todos os estados, sindicatos, velhos partidos revolucionários. Somente nós podemos permitir uma democracia genuína e honesta, de um modo que qualquer jovem operário ou estudante possa expressar abertamente sua opinião sem que imediatamente seja perseguido. Uma observação irônica por parte de quem goza da autoridade é também uma perseguição. Só podemos ganhar novos jovens para a juventude do nosso partido com uma democracia inteligente e real. Este problema se liga ao problema das relações entre o partido e a juventude. É claro que a juventude não pode substituir o partido ou ser sua cópia, mas isso não significa que temos capacidade técnica para impedir que a juventude queira substituir o partido quando acha que ele está seguindo uma linha equivocada. Não podemos impor a autoridade do partido com um golpe ou por meio de uma resolução.

Se os camaradas jovens vivem duas, três, cinco ou dez experiências que demonstrem que o partido é mais sábio e experiente, serão mais cautelosos ao se opor a algo e mais moderados ao argumentar. Qualquer um que fale de maneira depreciativa do partido sentirá à sua volta o vazio e a ironia e se educará. Mas é preciso ter cuidado de não ir aos camaradas jovens com uma atitude ao estilo: “Pessoal, vocês fizeram bem ao se colocar contra o Partido Socialista porque era um mau partido,(3)mas nós somos um bom partido, não se esqueçam, não se oponham a nós.” Como podemos convencer alguém de uma ideia tão genérica? É muito perigoso. “Vocês acreditam que é um bom partido, mas nós não!”

Sim, somos contra o vanguardismo quando se dirige contra nós.

E eles responderão: – Vocês não passam de burocratas -. É muito perigoso. Teoricamente está correto, tal qual a questão da disciplina, a disciplina de ferro, a disciplina de aço é absolutamente necessária, mas se o aparato do partido de juventude começa exigindo essa disciplina desde o primeiro dia, corre o risco de ficar sem partido. É necessário educar através da confiança na direção do partido e no partido em geral porque porque ela (direção) é só uma expressão deste (partido).

Podemos errar agora em dois sentidos, ou no da centralização ou no da democracia. Acredito que neste período de transição temos que exagerar na democracia e sermos muito, muito pacientes com o centralismo. Devemos educá-los para que entendam a necessidade do centralismo, não tenho certeza que as perdas que sofremos não sejam devido à impaciência centralista ou à falta de indulgência em relação a setores que não tinham nenhuma experiência ou apenas uma má experiência com o Partido que mal se sabe ser Socialista. Respondem: “agora querem nos afogar, mas com métodos bolcheviques genuinamente revolucionários”. Se assustam e dizem: “Não, esqueçamos o Partido”. Não, estou a favor da democracia como base do centralismo, mas o centralismo no vazio não pode criar democracia, só destruir a que existe.

É absolutamente necessário um censo do Partido e da juventude para saber com que contamos, porque o termo é muito elástico; precisamos ter claro como se agrupam por cargos, sindicatos, locais, bairros, etc. Com um diagrama o Comitê Central nacional pode atuar de maneira mais clara e com um maior sentido de oportunidade.

Se, por exemplo, existe uma tendência estudantil que acha que são os mais adequados para fazer a revolução, acho que devemos propor cada um deles como aspirante. É possível que seja conveniente considerar o período de aspirância como um período de teste e também que se possa passar de pleno a aspirante, especialmente por falta de abnegação. Se todos têm claro que um militante não cumpriu suas obrigações e, mais ainda, se é a segunda ou terceira vez que acontece, então é preciso dizer: “Amigo, você precisa escolher entre abandonar a organização ou passar a aspirante”. Creio que o teste tem que durar seis meses, mas só poderá passar novamente a ser militante se ganhar pelo menos dois jovens operários durante o período.

Penso que devemos dar a todos os estudantes a tarefa e a obrigação de se estruturar no movimento operário dentro de um prazo de seis meses e se não o fazem, devem retornar a aspirantes. Deste modo poderão compreender que estamos em um partido operário ligado à luta de classes e não em uma associação de discussões intelectuais. Neste aspecto temos que ser menos benevolentes.

No que diz respeito às relações entre o partido e a juventude, não sei quais são os planos para o novo Comitê Nacional, mas para deixar clara a minha posição, proponho que caso tenham que eleger outro, não coloquem mais do que sete militantes do partido entre os dezenove membros. Se eles trabalham na juventude, não podemos dar o direito que votem ali contra as decisões do Comitê Nacional. Aliás, o Comitê Nacional do partido não deve cometer o erro de adotar muito rápido resoluções obrigatórias, especialmente se dizem respeito à juventude, mas se o fizerem com a total aprovação do partido, devem votar a favor do partido. É totalmente óbvio que têm o dever de convencer os outros doze membros desta posição. O partido não pode simplesmente mudar as resoluções.

Também tenho que dizer algo sobre a organização semi-militar. É muito boa no papel, mas não é fácil formá-la, isso está ligado ao problema da disciplina, da abnegação, etc. O princípio é correto, mas possivelmente vocês precisam agir gradualmente, criando um verdadeiro grupo militar a partir de uma militância de juventude, sem que ninguém seja obrigado a aderir imediatamente nem atacar sua disciplina. Creio que seja evidente que serão os primeiros a aprender, porque têm espírito de luta, se transformarão nos membros modelo da organização e através deles será possível educar os demais.

O uniforme também é um problema de dinheiro, agora os estudantes resistem, mas se chegam a aceitar vai ser mais fácil para ele ter um uniforme do que para os operários. Não conheço os costumes norte-americanos, mas um jovem trabalhador desempregado pode dizer “isso não é para mim”, se encontra os rapazes super bem vestidos e cantando, etc., pode estranhar, como um menino pobre frente a um cadete. É um problema muito importante, se fosse possível dar uniformes a todos os rapazes que queiram fazer parte da milícia seria diferente, mas é muito possível que alguns digam “se eu entrar, estarei em uma situação de inferioridade”. É preciso levar em consideração todos os pontos de vista, também pode ser útil um distintivo, uma gravata, uma faixa no braço, etc., e essas coisas não são caras. Mas sobre os uniformes queria que me respondessem sobre o problema material, de dinheiro.

Reitero o que disse ontem sobre os métodos conspirativos, não é de todo correto para a juventude, observei ontem que deu a entender que me oponho aos métodos conspirativos no que diz respeito ao perigo da GPU etc. Eu quis reforçar um aspecto no que diz respeito à nossa atividade dentro do Partido Comunista, da Juventude Comunista, com os fascistas. É muito importante, mas não é excludente, não podemos colocar nossa pequena juventude para encarar imediatamente uma luta contra as forças repressivas do Estado, junto com os fascistas, a GPU, etc. Ninguém propôs isso, mas é realmente muito necessário para a luta futura conhecer muito bem nossos inimigos, e não só teoricamente, – o que na minha opinião também faz falta – mas também concretamente. A resolução de vocês menciona este ponto apenas de passagem, tem muito espaço para a questão do uniforme. Precisamos colocar mais ênfase no fato de que para combater forças tão poderosas é preciso conhecê-las a partir do ponto de vista do socialismo científico. Precisamos conhecer sua vida, onde estão localizadas, onde estão os quartéis generais dos stalinistas, dos nazis, etc. Quando chegamos a uma cidade, o primeiro que precisamos tratar é “e mostre seu estado-maior, seu mapa marcado com círculos e alfinetes ao redor do seu bairro, sua cidade, sua região, seu estado, a localização dos seus amigos e das suas forças”. É imprescindível para a educação militar. É preciso penetrar em todas as organizações inimigas e obter os números mais exatos possíveis, analisar seus documentos para compreender as características de suas forças, seus objetivos, etc. Este é o trabalho do estado-maior do exército, todos os comitês locais de toda a organização de juventude precisam fazê-lo.

Eu também mudaria […] União não é ruim mas possivelmente Revolução seja melhor.(4) Mas é um problema secundário, todas nossas sessões europeias, na Bélgica, França, etc, usam revolução.

Pergunta: Você não acha que se usamos a palavra “revolução” no nome da organização pode ser usado para deportar os estrangeiros?

Gould: Eu não conheço tanto a legislação, mas toda organização com relações internacionais precisa enviar ao governo os nomes e a quantidade de militantes, estando sujeita a investigação exaustiva.

Me alegra que se discuta a questão da nova organização da juventude partindo de que não temos posições em base a experiências do passado, que agora é hora de experimentar, de aprender com as experiências relativamente pequenas que tivemos. Mas não concordo que a organização de juventude tenha uma tendência crítica à direção central. Camaradas, todos os companheiros de base de todas as regionais fazem críticas, é um balanço em primeiro lugar nosso, mas é um fato, o que atesta a experiência que estamos tendo com esta resolução. Nossa perspectiva é estimular a iniciativa das regionais, e a resolução acentua bastante isso: mais iniciativa e mais autonomia das regionais. Mas sem iniciativa da direção em relação às direções regionais seria impossível implementar as mudanças que todos nós sentimos que são necessárias, foi depois das orientações da direção central que começamos a funcionar. Se tivéssemos sido apenas testemunhas do centro durante o último ano, não teríamos dúvidas em criticá-lo severamente.

E ao menos que se critique, vamos acabar repetindo a experiência do passado.

Sobre o nome da organização, repito, não acho que seja possível chegar a um acordo neste ponto, eu não tenho uma opinião fechada, refleti melhor sobre isso, mas não acho que “Legião da Revolução Socialista” seja atrativo para a juventude norte-americana. Não acho que sirva para eles da maneira que achamos que pode servir. Pode servir como programa, mas imediatamente daria matizes que a juventude norte-americana consideraria estranhas e vindas de fora. Essa é a minha impressão, minha opinião, penso que teremos que buscar um nome que represente também um programa, que remarque o caráter revolucionário do nosso movimento, sua audácia, sua resolução; mas deve ser um nome palatável para a juventude. Mesmo assim, vou propor esse nome na convenção e deixemos que os delegados decidam, que eles discutam e decidam, não como proposta minha, é claro, porque eu não estou de acordo, mas como mais um dos nomes sugeridos. É melhor deixar que os delegados cheguem a uma decisão. Eu concordo com o camarada Trotski de que os stalinistas e os fascistas estão em melhores posições que as nossas e que seus uniformes são melhores, porque eles têm melhores recursos; a resolução deixa isso claro, mas o que eles não podem oferecer à juventude, o que só nós podemos oferecer, é o programa revolucionário e a luta por esse programa para ganhar os jovens. Os outros aspectos são só expressões externas do caráter combativo da organização.

Agora, sobre a questão de que no Comitê Nacional não haja mais do que sete camaradas membros do partido, como o próprio camarada Cruz disse, ironicamente teria que ser assim; mas se implementamos esse método hoje e esse procedimento amanhã, ficamos sem direção porque todos os quadros mais avançados são membros do partido. Pergunte a qualquer camarada de qualquer frente quem são os dirigentes da juventude; ele apontará para os membros do partido. Isso se deve ao fato de que, ainda que a organização de juventude não seja perfeita, todos seus militantes de vanguarda estão no partido. Ademais, há um ponto da resolução que estabelece que todos os membros da organização de juventude com mais de vinte e um anos passem ao Partido. Ideologicamente é correto e eventualmente é possível implementar, mas não acho que seja útil para a organização colocar isso em prática agora. É preciso fazê-lo gradualmente, e o mesmo vale para o Comitê Nacional.

A questão do dinheiro para o uniforme é um ponto muito importante. Precisamente, a resolução não fala de um uniforme completo com calças, botas, etc., mas sim algo muito simples: camisa, gravata, boina, algo muito acessível financeiramente à maioria dos jovens e que eles aceitam com muito entusiasmo. A camisa azul custa entre cinquenta centavos e um dólar; o chapéu, entre quinze e vinte centavos. Mas até agora, sempre que um camarada não pode comprar, a organização compra com rateio, é totalmente realista do ponto de vista financeiro.

E por último, o problema da educação. É verdade, a resolução encara corretamente isso, não só esta como todas as questões. Vocês têm um programa de ação que coloca muito detalhadamente a forma de levar a cabo essa resolução e sugere métodos concretos para aplicá-la. Nossa organização de juventude precisa enormemente ser educada, e como eu já coloquei, essa é uma das sessões mais importantes do programa de ação, e a futura organização se propõe a adotá-la.

Trotski: “Não somos uma organização de juventude, somos uma organização partidária”, então eu proponho que tiremos do Comitê Nacional os burocratas do partido e coloquemos elementos novos de juventude. “Não, não, não! Isso é perigoso, a possibilidade de que a juventude dirija sozinha é perigosa.” Isso é burocratismo, o burocratismo é a falta de confiança na compreensão limitada das massas. Eu asseguro que o Comitê Nacional é a melhor escola para a organização, é muito importante. Se os sete militantes são bons professores e são do partido, eles serão os melhores e os outros doze serão boas pessoas. Serão abertos à argumentos válidos e na próxima convenção vocês eliminarão a metade; ficará evidente que não são aptos, mas os outros seis avançarão muito e substituirão os membros eliminados. Acredito que a respeito da educação e do desenvolvimento da organização na próxima convenção teremos que dar um giro muito brusco. Eu proporia somente cinco membros do partido e quatorze militantes de base da organização de juventude, e asseguro que isso seria excelente, mas posso fazer uma concessão e repetir minha proposta atual, com sete para doze.

Qual é exatamente a relação entre os membros do partido e os da juventude? Não há nela nenhuma elasticidade, o Comitê Nacional decide o que vai fazer, a juventude é também um elo entre o Comitê Nacional do partido e a base da juventude. Temos o segundo partido, uma nova edição do partido em uma organização independente de Juventude. Se são doze – a maioria – seguramente refletem melhor o espírito juvenil do que os princípios do marxismo, mas se vocês não são capazes de ganhá-los para suas posições é porque eles são ruins, ou muito precipitados para essa organização, ou então terão que adiá-los. É melhor postergar do que dirigir através de métodos burocráticos. É uma proposta muito, muito importante, mais importante do que todas as outras. Discutindo com os camaradas, mencionei algumas vezes que, quando lutávamos contra o czarismo na ilegalidade, cada vez que prendiam a direção, os presos achavam que tínhamos perdido tudo, mas cada vez que isso ocorria a organização avançava porque os jovens eram bons e capazes, mas estavam um pouco oprimidos pela autoridade do comitê ilegal, e ninguém podia controlá-lo. Estou certo de que nosso problema principal é como renovamos nossa juventude a partir da própria Juventude.

Sim, a proposta de nome… se vocês têm um nome melhor, um nome proletário e revolucionário, isso pode provocar entusiasmo, mas não a revolução socialista. Creio que a revolução é atrativa para a juventude. “Legião da Revolução Socialista” é um bom nome, o camarada Gould promete propor este nome na convenção, mas não da maneira com a qual se propõe um bom nome. Entretanto, eu quero que vocês o proponham assim, não como se fosse um nome ruim.

No que diz respeito ao trabalho conspiratório, creio que até nos sindicatos, inclusive em Minneapolis, pode acontecer uma reviravolta que implique nos reformistas passarem a ser a maioria e expulsarem nossos camaradas.

Devemos ter camaradas que não militam publicamente, só na clandestinidade e possam ficar em caso de expulsão. É absolutamente necessário.

A respeito da educação, uma etapa importante é acostumar os companheiros a serem exatos em tudo. Chegar pontualmente às reuniões, informar números exatos, sem exageros, porque frequentemente quando falta entusiasmo e a atividade é substituída pelo fervor da exageração dos números, das atividades etc, isso também forma parte da educação marxista bolchevique.

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