O massacre de Tantura teve início na noite do dia 22 de maio de 1948, como parte da guerra que os sionistas desencadearam para expulsar os palestinos de suas terras.
Conforme descreve o historiador judeu israelense Ilan Pappe, em seu livro “A Limpeza Étnica da Palestina”, Tantura era um vilarejo na costa do Mar Mediterrâneo. Um dos maiores vilarejos palestinos à época, contando com cerca de 1.500 habitantes. O principal meio de vida deles era “agricultura, pesca e trabalhos domésticos em Haifa, cidade mais próxima.
Uma semana antes do massacre, no dia 15 de maio, “um pequeno grupo de notáveis de Tantura, incluindo o mukhtar (chefe de governo local) da aldeia, encontrou-se com os oficiais da inteligência judaica, que ofereceram termos de rendição. Suspeitando que a rendição levaria ao vilão expulsão dos lagers, eles rejeitaram a oferta”, diz Pappe em sua obra.
Então, no dia 22, os sionistas atacaram o vilarejo. À noite e flanqueando os árabes em quatro direções, impedindo qualquer fuga, o que era incomum, segundo Pappe:
“A ofensiva veio dos quatro flancos. Isso era incomum; obrigada geralmente fechava as aldeias por três flancos, criando taticamente uma ‘portão aberto’ no quarto flanco através do qual eles poderiam conduzir as pessoas fora. A falta de coordenação significou que as tropas judaicas cercaram totalmente aldeia e, consequentemente, encontraram-se com um número muito grande de aldeões em suas mãos”.
Umas vez que os sionistas rederam os aldeões, mulheres e crianças foram separados dos homens. Aquelas foram expulsas para a aldeia mais próxima, de Furaydis. Alguns homens viriam a se juntar a elas cerca de 1 ano e meio depois. Contudo, o destino da maioria foi outro.
Centenas de homens rendidos foram ordenados a aguardarem a chegada do oficial de inteligência sionistas que estava no comando da região, Shimshon Mashvitz.
O que se seguiu após a chegada de Mashvitz foi o tradicional fascismo e brutalidade sionista. Conforme descrito por Pappe:
“Mashvitz acompanhou um colaborador local, encapuzado como em Ayn al-Zaytun, e escolheu homens individuais – mais uma vez, aos olhos dos israelitas exército, os ‘homens’ eram todos do sexo masculino, com idades entre 50 e 50 anos – e os levaram em pequenos grupos para um local mais distante onde foram executados“.
E como os aldeões foram escolhidos? Com base em listas que já haviam sido preparadas anteriormente pelos sionistas, durante meses de reconhecimento, antes de desatarem todo o processo de limpeza étnica sistematizada, que teve início em 1947:
“Os homens foram selecionados de acordo com uma lista pré-preparada extraída do arquivo da aldeia de Tantura, e incluía todos os que tinham participado na Revolta de 1936, em ataques ao tráfico judaico, que tinham contatos com o Mufti, e qualquer outra pessoa que tivesse ‘cometido’ um dos ‘crimes’ que automaticamente os condenaram”.
Contudo, a execução dos palestinos do vilarejo de Tantura não se limitou aos homens que estavam rendidos na praia. Previamente a isto, vários aldeões já haviam sido executados durante a ofensiva, em suas casas e nas ruas, previamente à execução seletiva.
Citando Joel Skolnik, um soldado sionista que participou do massacre, Pappe relata que os primeiros ataques aos aldeões começaram quando eles já haviam se rendido:
“[…] tiros de atiradores de dentro do vilarejo […] logo depois que a vila foi tomada e antes do desenrolar das cenas na praia. O ataque aconteceu depois que os aldeões sinalizaram sua rendição agitando uma bandeira branca […] Solnik ouviu dizer que dois soldados em particular estavam cometendo a matança […] A maior parte dela foi cometida a sangue-frio na praia. Algumas das vítimas foram primeiro interrogadas e questionadas sobre um ‘enorme esconderijo’ de armas que supostamente estava escondido em algum lugar da aldeia. Como não sabiam dizer – não existia tal pilha de armas – foram mortos a tiros no local”.
Dos que sobreviveram, muitos vivem atualmente no campo de refugiados de al Yarmouk, em Damasco, Síria. A brutalidade dos sionistas é relatada de forma expressa por Pappe, por meio do depoimento de alguns desses sobrevimentos. Um deles, Abu Mashaykhm relata que viu com seus próprios olhos:
“a execução de oitenta e cinco jovens de Tantura, que eram frequentemente levados em grupos e depois executado no cemitério e na mesquita próxima. Ele pensou que ainda mais foram executados e estimou que o número total poderia ter sido 110. Ele viu Shimshon Mashvitz supervisionando toda a operação: ‘Ele teve um Sten [metralhadora] e os matou.’ Mais tarde, ele acrescenta: ‘Eles ficaram ao lado para a parede, todos voltados para a parede. Ele veio de trás e atirou neles no cabeça, todos eles. Ele testemunhou ainda como os soldados judeus estavam observando as execuções com aparente prazer”.
Mahmud Abu Salih, outro palestino de Tantura, presenciou a execução de um aldeão na frente de seus filhos. Ele também viu a execução de sete membros de sua própria família.
Não bastando, após finalizado o massacre, os palestinos foram ordenados a cavarem covas coletivas, nas quais foram jogados seus mortos, sem qualquer dignidade.
Ao todo, mais de 200 aldeões palestinos de Tantura foram mortos a sangue-frio pelos sionistas, em sua cruzada para viabilizar seu projeto supremacista de um Estado judeu, através da limpeza étnica da Palestina.
O massacre de Tantura é apenas um dos milhares de episódios de violência fascista por parte do sionismo durante a Nakba, o que mostra que o Estado de “Israel” tem, desde sua origem, o objetivo de erradicação dos palestinos.
E é por isto que a única defesa real dos palestinos é o empreendido da sua resistência armada contra o Estado nazista de “Israel”.