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França

Trabalhadores marcham contra ditadura de Macron e dos banqueiros

Enquanto Macron retira direitos dos franceses, obrigando-os a trabalharem mais, União Europeia segue a enviar armas à Ucrânia

Em primeiro dia de greve nacional desde que a Reforma da Previdência francesa foi aprovada por medida ditatorial do governo Macron, trabalhadores de toda a França saíram novamente às ruas ontem (23).

Foram mais de 250 manifestações organizadas e convocadas pelas principais organizações sindicais francesas (CGT, CFDT, FO, CFE-CGC, CFTC, UNSA, Solidaires, FSU), levando cerca de 2 milhões de franceses às ruas do país, de Marselha a Paris, passando por diversas cidades interioranas, mas também por cidades maiores como Nantes, Bordeaux e Lyon.

Segundo informações da CGT, os principais pontos de protesto se concentraram nas seguintes cidades (dentre outras):

Nice: 40 mil pessoas

Caen: 40 mil pessoas

Nancy: 40 mil pessoas

Limoges: 45 mil pessoas

Clermont Ferrand: 50 mil pessoas

Lyon: 55 mil pessoas

Grenoble: 56 mil pessoas

Nantes: 80 mil pessoas

Bordeaux: 110 mil pessoas

Toulouse: 150 mil pessoas

Marselha: 280 mil pessoas

Paris: 800 mil pessoas

Em decorrência dos protestos, o principal aeroporto da França, Charles de Gaulle, foi parcialmente bloqueado.

Paralisações seguiram ocorrendo nas ferrovias, nos setores energético, petroleiro, de distribuição de gás natural, dentre outros.

Os serviços de transportes públicos e escolas foram afetados.

Contudo, apesar de quaisquer transtornos aparentes, as manifestações vêm contando com apoio esmagador da maioria da população francesa.

No mês de janeiro deste ano, o governo francês de Emmanuel Macron havia apresentando uma proposta de Reforma da Previdência, aumentando a idade mínima para a aposentadoria, de 62 para 64 anos.

Este ataque foi o estopim para que a classe operária francesa entrasse de vez em ação, saindo às ruas, dando início a uma onda de paralisações e manifestações, organizadas pelos principais sindicatos franceses, com a finalidade de impedir a aprovação da Reforma da Previdência.

Já no mês de março, após muito desgaste perante a população e seus pares políticos, sem alcançar maioria parlamentar na Assembleia Nacional Francesa, o ditador neoliberal Emmanuel Macron resolveu dar uma de Luis Bonaparte.

Recorrendo ao artigo 49.3 da Constituição Francesa, conseguiu aprovar a execrável Reforma da Previdência.

Diz referido artigo que “O primeiro-ministro pode, após deliberação do Conselho de Ministros, levantar a responsabilidade do Governo ante a Assembleia Nacional sobre a votação de um texto”. E foi isto que a Primeira-Ministra Francesa (Élisabeth Borne) fez, a mando de Macron.

Em outras palavras, Emmanuel Macron passou por cima do Parlamento Francês e, o que é mais grave, atropelou a vontade de todo o povo que estava nas ruas, apenas para atender ao interesse dos banqueiros franceses.

A Reforma da Previdência foi, então, aprovada, sem nenhum respaldo popular, nem mesmo o falso respaldo de um Parlamento burguês. Ainda era possível derrubar, por meios institucionais, a medida ditatorial de Macron.

Também segundo o art. 49, os deputados da Assembleia Nacional poderiam impedir a aplicação da Reforma da Previdência se, nas “24 horas seguintes” apresentassem moções de censura contra o governo, as quais seriam submetidas à votação.

Duas moções foram apresentadas, votadas; porém rejeitadas no início desta semana, na segunda-feira.

Assim, diante da irreversibilidade (ao menos pela via institucional) da Reforma da Previdência, as principais organizações sindicais francesas decidiram organizar novo dia de paralisações e mobilizações de caráter nacional, conforme foi dito no início desta matéria.

A decisão em convocar novos protestos e manter os trabalhadores mobilizados contra os banqueiros foi acertada.

Uma vez que a reforma foi aprovada, não resta alternativa aos trabalhadores senão aprofundar a luta para que a mesma seja revogada, independentemente de haver alguma medida instituição que permita isto.

Contudo, a luta não pode ficar mais limitada à reforma da previdência. Já se observa pelo nível de radicalização das manifestações que a questão do poder político começa a subir à superfície.

Enquanto que em manifestações de outrora a questão do poder político estava imanente, contida, abaixo da superfície, agora ela começa a transbordar. Principalmente após a medida bonapartista tomada por Macron, ao atropelar o parlamento apenas para atender os interesses dos banqueiros.

Um dos sintomas de que a questão do poder político está latente nas mobilizações foram as moções de censura movidas contra Macron pelo parlamento francês.

A primeira moção, apresentada pelo grupo independente LIOT com o apoio da esquerda (liderada por Jean-Luc Melénchon), obteve 278 votos dos 287 necessários.

Já a segunda, proposta pelo partido de Marine Le Pen, teve 94 votos a favor.

Outros sinais claros de que a questão do poder político já está latente nas manifestações e nas paralisações é o fato de que os trabalhadores do setor de energia prometem realizar cortes direcionados a sedes parlamentares, casas de dirigentes políticos. Conforme os sindicatos, os cortes são orientados para o “capital”, “àqueles que nos governam” e “àqueles que são pela lei”.

Assim, chegou o momento de as organizações dos trabalhadores, das principais organizações sindicais francesas, levantarem a questão do poder político nas manifestações, com a palavra de ordem “Fora Macron!”.

Mesmo porque, a reforma da previdência não é o único problema dos trabalhadores e do povo francês.

Desde que o Imperialismo (em especial os EUA) resolveu atacar a Rússia, utilizando a Ucrânia como bucha de canhão, o bloco imperialista de conjunto (em especial os países da Europa Continental) entraram em uma espiral de crise econômica da qual não conseguem se desvencilhar.

A crise energética assola todos os países, e a inflação crescente afeta as condições de vida de todos os trabalhadores.

Com a França não é diferente.

Para piorar a situação, o governo Macron continua a fornecer apoio bélico à Ucrânia enquanto que retira direitos do povo francês, povo este que já passa dificuldades justamente por causa da política neoliberal do governo.

Por exemplo, nesta segunda feira, Ministros das Relações Exteriores de países da União Europeia firmaram acordo, em Bruxelas, para desbloquear 2 bilhões de euros, destinados a fornecer munições à Ucrânia e a aumentar a respectiva produção.

Assim, o dever da esquerda, das organizações dos trabalhadores, dos sindicatos franceses, é trazer a questão do poder político completamente à superfície, exigindo a derrubada do governo, através da palavra de ordem “Fora Macron!”, dando um salto qualitativo na radicalização das manifestações.

Caso isto não ocorra, é possível que as manifestações eventualmente percam força, venham a refluir e o governo Macron sobreviva, e continua a esfolar o povo francês.

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