De acordo com um relatório elaborado pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), policiais militares do Rio de Janeiro apagaram gravações e tamparam as lentes das câmeras corporais usadas na farda.
Entre 27 de abril e 31 de julho deste ano, o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria fez 90 solicitações de imagens. Segundo o documento, “todos os ofícios expedidos se referem a fatos consubstanciados em Registros de Ocorrência Policial, sendo que sua grande maioria versa sobre relatos de tortura ou maus tratos sofridos entre o momento da prisão e a apresentação à audiência de custódia. Os demais casos são relativos a mortes em decorrência de intervenção de agentes de estado”.
Dentre as 90 solicitações que o documento cita, 51 não foram respondidas. Em 24 delas, a polícia afirmou que os pedidos eram “desnecessários”. Além disso, em sete ofícios, a PM do Rio de Janeiro afirmou não ter as imagens, com justificativas esfarrapadas como “os policiais não utilizaram as câmeras no horário solicitado”, “houve falha nas gravações” e “as imagens foram perdidas”.
Apenas oito imagens foram enviadas, das quais cinco, ou seja, mais de 60% não mostram a abordagem do policial e o momento da prisão. Finalmente, das 90 solicitações, apenas três atendiam às exigências da defensoria, um total de 3,3%.
O caso mostra como as câmeras em fardas policiais não servem para praticamente nada. Quando a polícia quer, ela esconderá a sua atuação truculenta, não será uma câmera que vai impedir isso.
Nesse sentido, é preciso lutar pelo fim de todas as polícias. Essa, sim, é uma política concreta para acabar com as chacinas da burguesia contra os trabalhadores brasileiros. Somente em 2021, 6.145 pessoas foram assassinadas pela Polícia Militar em todo o Brasil, com mais de mil mortes concentradas no Rio de Janeiro. Trata-se de uma organização que serve para massacrar os trabalhadores e impor a vontade do Estado sobre o povo.