Depois da eliminação do Botafogo no Campeonato Carioca, torcedores expressaram sua frustração através de pichações nos muros da sede do clube, General Severiano. Os alvos foram o dono da SAF alvinegra, o empresário norte-americano John Textor, e o treinador da equipe, Luís Castro.
Nas imagens divulgadas em perfis de redes sociais, os torcedores pediam reforços para a equipe e criticavam a falta de contratações. Algumas das pichações traziam mensagens como “Fora Textor” e “LC (sic) fdp”.
No início do ano, Textor vendeu um dos melhores jogadores do time, o jovem e habilidoso ponta Jeffinho, além do outro ponta titular, Júnior Santos. Nenhum jogador foi contratado para repor nestas posições, e o Botafogo está tendo de atuar com os reservas de 2022. O caso Jeffinho tem se mostrado um escândalo, visto que ele foi comprado por outro time de Textor, o Olympique Lyonnais, da França — aumentando as dúvidas sobre o fato do “Glorioso”, do Rio, se tornar um clube satélite da equipe francesa.
Após a venda do jogador, Textor afirmou que, com o dinheiro arrecadado com a venda do jogador, poderia-se contratar mais dez outros atletas para compor o time. No início do ano, a diretoria da SAF prometeu seis novos reforços. Até agora, nada foi comprido.
Ainda há o caso do treinador português Luis Castro. Mesmo com mais condições, recursos e melhores atletas que treinadores passados, o técnico do Botafogo não consegue montar um padrão de jogo e, este ano — além de atuações bisonhas em 2022 —, o Alvinegro teve péssimas atuações contra times da Série D e sem série.
O caso do Botafogo revela a farsa da SAF e dos técnicos estrangeiros. A privatização dos clubes brasileiros serve apenas como forma de garantir lucros estratosféricos para capitalistas e especuladores internacionais, sem trazer grandes benefícios para os clubes comprados. A infiltração de treinadores estrangeiros, por sua vez, tem se revelado um fracasso. Salve exceções (como Abel Ferreira, do Palmeiras), a maioria dos técnicos europeus não deu certo.
Os clubes precisam ser propriedade dos torcedores, os verdadeiros interessados nas suas glórias. Ao mesmo tempo, é preciso um intensa campanha contra a propaganda contra o futebol nacional, que apresenta os técnicos burocráticos da Europa como grandes gênios, enquanto os brasileiros são rebaixados.
No entanto, é triste saber que a recente manifestação dos botafoguenses não terá tanto efeito como em tempos passados, antes da SAF. Isso porque o dono (90% do futebol) do clube mora nos Estados Unidos, na Flórida. A SAF não usa General Severiano como sede — que continua sendo do clube social, que detém apenas 10% do futebol do Botafogo.
Apesar da eliminação, o Botafogo ainda disputará a Taça Rio e buscará vencer para garantir sua vaga na Copa do Brasil de 2024.