Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam três fazendas da Suzano Celulose nos municípios de Mucuri, Teixeira de Freitas e Caravelas, todas no extremo sul da Bahia.
A ocupação aconteceu durante a madrugada do dia 27 envolvendo cerca de 1.500 militantes do movimento. Toda a ação ocorreu como forma de pressionar a Suzano cumprir os acordos firmados ainda em 2011, onde foi acertada a entrega de lotes para 600 famílias que não possuem terra no estado.
“O acordo mediado pelo governo de então não era só com a Suzano, mas com outras duas empresas. Mas a Suzano cedeu um terreno que abriga apenas 200 famílias. Outras 400 estão desamparadas na beira da estrada. Por isso, a decisão de se retomar as áreas”, afirmou Evanildo Costa, membro da direção do MST.
Em defesa do latifúndio, o jornal Folha de S.Paulo colocou: “Por fim, continua o comunicado, a companhia diz ter compromisso por manter um diálogo aberto e transparente, “de maneira amigável e equilibrada” e confiança nas leis e no Estado brasileiro, na busca pela defesa e preservação dos direitos de quem produz.”
Hoje, apenas na Bahia, existem pelo menos 220 acampamentos aguardando a regularização fundiária por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que, além do estado da Bahia, possuí em sua lista de espera com outras centenas de casos semelhantes de trabalhadores aguardando receber o direito à terra. O caso da Suzano é mais um descumprimento de acordos prévios com centenas de trabalhadores.
As ocupações realizadas pelo MST são as primeiras do novo governo Lula, e também marca a retomada das mobilizações da organização, que desde o início do governo Bolsonaro diminui drasticamente as ações contra os latifundiários. No entanto, dado o nível da crise e a radicalização de suas bases, impulsionadas ainda mais pela vitória presidencial de Lula no final de 2022, os militantes do MST estão empurrando suas direções no caminho da retomada das ocupações.
Neste momento, as ações fazem parte da Jornada das Mulheres e do Abril Vermelho. “As ocupações não foram só nas áreas da Suzano, mas também em alguns perímetros irrigados no norte da Bahia e algumas fazendas particulares”, afirmou o dirigente do MST.
Por outro lado, a retomada das ocupações é vista com preocupação pela imprensa burguesa. O jornal O Estado de S.Paulo lançou-se em uma dura campanha contra o movimento. Atacou os trabalhadores com termos pejorativos, os “invasores” do MST. o jornal reforça a preocupação que a burguesia tem com a radicalização política no País.
A vitória de Lula acelerou a polarização, e as bases de movimentos como o MST estão cada vez mais ativas visando aproveitar o momento para garantir nas ruas os seus direitos. A ação do MST deve ser defendida e impulsionada pela direção do movimento. Ao contrário da tendência expressa nos anos anteriores, de tornar o MST praticamente uma cooperativa, é necessário colocar em marcha o que de fato querem as bases do movimento. A população sem terra está cada vez mais prejudicada pela crise, sem terra e sem condições alguma de sobrevivência, e estas mobilizações são o inicio do que precisa se tornar uma intensa campanha de reivindicações do movimento.