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Polêmica

Toda nudez será castigada

A repressão contra os peladões da Unisa não tem nada a ver com a defesa dos direitos das mulheres

Estudantes de Medicina da Unisa (Universidade Santo Amaro) protagonizaram uma cena digna das antigas chanchadas brasileiras. Ficaram nus e simularam se masturbar diante de um jogo de vôlei feminino, realizado nas dependências da universidade, válido pelo Calomed, competição de calouros do curso de Medicina.

Os falsos moralistas correram para todos os lados para conseguir alguma sorte de reprimenda dos rapazes, e, depois de muita oração, pelos menos sete alunos já foram expulsos da faculdade em razão dos atos libidinosos cometidos. 

Que a igreja, a direita, e os conservadores façam a histórica cantilena moralista diante da situação, não é nenhuma novidade. Não é de hoje que os conservadores, eles mesmos uns verdadeiros patrocinadores de orgias e bacanais pelo mundo, necessitam de casos como este para fazer algum tipo de campanha reacionária.

Até aqui, segue o jogo.

Mas eis que a esquerda não pode perder o filão da imprensa, o furor, e a excitação, porque não. E também corre, mais rápido que a direita, para tentar alguma forma de repressão contra os homens nus, afinal, que escândalo, meu Deus! “Impudico”, “despudorado”, “Marlon Brando!”. Já diria o professor Girafales, para o Sr. Madruga, em folclórico episódio do programa Chaves.

Sâmia Bonfim (PSOL), ela, figurinha carimbada das esquecidas e burlescas marchas das vadias, foi ao seríssimo Ministério Público de São Paulo (MP/SP) protocolar uma representação contra os desmiolados da Unisa, pedindo investigação e responsabilização dos estudantes que ficaram pelados no jogo de vôlei. 

Em seu requerimento, a deputada afirma que: “tais comportamentos são inaceitáveis e violam os direitos fundamentais de qualquer pessoa, incluindo o direito à integridade física e emocional, o direito à igualdade e o direito a um ambiente seguro”.

E que: “sabemos que essas atitudes, infelizmente, não são pontuais. E combatê-las precisa ser parte de um esforço coletivo e constante. Na Câmara, apresentei o PL 2825/2022, que estabelece protocolos e compromissos assumidos pelas universidades, com o objetivo de enfrentar a misoginia”.

A direita aproveita o caso para levar adiante uma campanha conservadora, da moral e dos bons costumes. A esquerda pequeno-burguesa faz a mesma campanha, sob o pretexto de defender o direito das mulheres, o que é uma mentira descarada.

Em primeiro lugar, prender alguém que ficou nu em algum lugar é completamente absurdo. Este crime nem deveria existir, apesar de Bonfim querer ainda mais repressão. Resultado de uma moralidade católica, de quando a igreja era o Estado e vice-versa, existe um crime que defende o “pudor” no Código Penal de 1940: “art. 233 – Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto, ou exposto ao público: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa”. A psolista está, pelo menos, há 83 anos parada no tempo. 

E qual direito da mulher seria defendido com a prisão de um ou vários homens que ficaram nus? Absolutamente nenhum. Ficar nu é diferente de fazer alguma coisa contra alguém. É apenas ficar nu, mesmo que se simule ou mesmo se pratique o onanismo. 

Por outro lado, a misoginia, como se diz, não é crime, ou ainda não é crime. Pode ser uma conduta conservadora, de uma mentalidade atrasada, mas não se pode prender todo mundo que é socialmente ou politicamente atrasado. Basta ver a Sâmia e seu raciocínio de 80 anos atrás. A aversão às mulheres não pode se tornar crime, se não, todos os gays homens iriam para a cadeia de imediato, pelo simples fato de serem gays. 

Há quem diga que os vídeos são “chocantes”, “explícitos”, e outros adjetivos de quem finge que não vê o mundo se despedaçando ao seu redor. Sâmia, da esquerda da moral e dos bons costumes, chocadíssima com o que aconteceu, quer que a universidade faça alguma coisa, pois as mulheres ficam inseguras com comportamentos desse tipo.

Deduzir que o fato de que os homens-nus da Unisa são ou serão estupradores é recair no (também antigo e circense) “estuprador é você”, onde todo homem é um estuprador em potencial. Quem poderia esquecer daquelas manifestações…  Na realidade, nesta tese maluca, todo homem é qualquer coisa em potencial. E, atualmente, é possível dizer que todo homem é até uma mulher em potencial, e vice-versa. Todo homem, ou mulher, é um criminoso em potencial, basta cometer um crime. Quem escreveu essa matéria e quem está lendo também. E com a quantidade industrial de crime que existe, é possível que ambos, redator e leitor, já atingiram sua potencialidade delitiva.

Não tem nada a ver a defesa dos direitos das mulheres com o caso dos peladões da Unisa. Tudo que se tem discutido neste caso é ver quais as medidas de repressão a serem tomadas contra os homens-nus. Sâmia Bonfim surge com o pretexto de defesa das mulheres por não poder assumir, abertamente, que é uma (ou se tornou uma) carola na política, por um lado, e, por outro, para fazer uma demagogia básica com seus eleitores.

A violência contra a mulher precisa ser combatida, em primeiro lugar, com emprego pleno para todas as mulheres; com creches públicas com 24 horas de funcionamento, de qualidade; liberdade para decidir sobre o prosseguimento ou não da gestação, ou seja, direito ao aborto, e o direito de se defender de uma agressão da melhor forma possível, ou seja, com armas de fogo. Esses são os direitos que as mulheres deveriam ter, mas que a esquerda abandonou no caminho da procissão.  

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