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Oportunismo

Teria a Esquerda Marxista votado no candidato do imperialismo?

Com menos de dois meses de governo, a Esquerda Marxista ataca o governo que seu partido integra

Para os leigos e os desavisados, a esquerda pequeno-burguesa pode aparentar ter memória curta, mas enganam-se, pois o problema dessa gente nada tem a ver com a capacidade cerebral de reter informações, mas sim um problema de uma falta de programa político e de um oportunismo mesquinho. São muitos dentro da esquerda pequeno-burguesa, e principalmente sectária, os que aparentam se esquecer que meses atrás clamavam por uma frente ampla e bradavam que tudo era necessário para derrubar Bolsonaro, agora, que o melhor cenário eleitoral possível se realizou, Lula venceu e devemos aproveitar para impulsar o movimento operária se apoiando nessa vitória, e começar uma série de ataques oportunistas na tentativa de parecer um pouco mais radical. 

A Esquerda Marxista, corrente interna do PSOL, está surfando nessa onda de “radicalismo”, e publicou um texto em seu portal, www.marxismo.org.br, intitulado Diga-me com quem andas e eu te direi que governo és. O texto é uma tentativa de taxar Lula de candidato do imperialismo, como tem sido a moda. O autor começa da seguinte maneira:

“O encontro em Washington de Lula com Joe Biden nesta sexta-feira (10/2) diz muito mais sobre o novo governo conformado em janeiro do que os discursos de seus representantes. A mensagem do novo presidente brasileiro precisa ser clara quando se trata de lidar com o representante da burguesia hegemônica na economia e na política mundial. Seu conteúdo pode ser determinado tanto pela pauta do encontro bilateral, quanto pela comitiva selecionada por Lula para acompanhá-lo à cerimônia de beija-mão na Casa Branca.

Um eixo central da reunião tratou da defesa da democracia e do enfrentamento à extrema-direita. Biden foi um dos primeiros líderes a condenar os atentados de 8 de janeiro, classificando como “ultrajante” o ataque bolsonarista ao sistema político brasileiro. O convite de Biden deixa claro que a forma democrática de governo é a que interessa à atual gestão do imperialismo americano, e é a orientação que espera tanto dos políticos quanto dos militares brasileiros. O eixo político central utilizado pela atual gestão dos EUA é o domínio por meio da eleição democrática dos seus aliados.”

Duas coisas estão completamente erradas na análise de nossos companheiros: primeiro, não se tratou de uma cerimônia beija-mão. É da política de Lula ser conciliador e não tomar lados bem definidos na política internacional, mas não podemos acusá-los de estar submisso ao governo Biden, e muito menos essa reunião indica isso. Era esperado uma reunião de Lula nos EUA, Lula irá conversar com todos os governos do continente americano, já conversou com os líderes do Uruguai e da Argentina, propondo inclusive a criação de uma moeda própria para o comércio dentro do Mercosul. Mas o que tiramos dessa reunião? Para os Estados Unidos, era melhor Lula ter declarado de cara o apoio à Ucrânia, e eles desesperadamente precisam desse apoio. Ao invés disso, Lula mais uma vez se manteve neutro. Na verdade, o governo Biden precisa desesperadamente de um apoio de uma figura como Lula, com prestígio internacional, não somente na questão da Ucrânia, como na questão nacional dos EUA, pois com a inflação norte-americana, a guerra, a derrota no Afeganistão e agora a catástrofe de Ohio, o governo dos Democratas tem estado muito enfraquecido. Vitória Nuland, ubsecretária de Estado para Assuntos Políticos do governo Biden, arquiteta do golpe da Ucrânia de 2014, que deu origem a toda essa crise, declarou a alguns dias atrás que o Brasil deveria “se colocar no lugar da Ucrânia”, cobrando o apoio do Brasil a essa guerra, mostrando o descontentamento dos norte-americanos

Lula não foi aos EUA como um lacaio ao encontro de seu mestre, mas para conversar com o governo norte-americano sem abrir mão de sua posição internacional, isso, levado em consideração os dois governos anteriores frutos de golpes para garantir o Brasil nas mãos dos americanos, é uma declaração de independência importantemente, limitada, porém importante. 

A Esquerda Marxista ainda tenta provar seu argumento através dos ministros do Governo Lula. É verdade que Marina Silva, Anielle Franco recebem fundos de Georges Soros e da Fundação Ford, e que Mauro Vieira, burocrata de carreira, não seriam as escolhas de um governo revolucionário de esquerda, mas não esperaríamos isto do Governo Lula. Muitos ministros nomeados pelo presidente são concessões de Lula à Frente Ampla aos setores infiltrados e mais à direita dentro do PT. Infelizmente a origem demasiadamente conciliadora de Lula faz com que o petista tome ceda essas posições importantes, mas isso não altera o essencial de sua política, e essa visita aos EUA, onde Lula não cedeu em nada ao principal país imperialista do mundo, demonstra isso. 

É cômico que, ao contrário do PCO, a Esquerda Marxista e seu partido, o PSOL, fazem parte do governo e da coligação que elegeu Lula presidente. Agora o grupo caracteriza o governo Lula como o lacaio do imperialismo, logo quando Lula inicia um governo que promete ser o mais à esquerda de sua carreira, estaria a Esquerda Marxista intencionada em votar e participar de um governo do candidato do imperialismo?

O problema da esquerda pequeno-burguesa é um problema de oportunismo. Estão atacando o governo Lula e fazendo política do único jeito que sabem fazer, aproveitando que a situação política brasileira é favorável para a esquerda para saírem como grandes revolucionários mais à esquerda que tudo e todos. Ninguém deve ser subserviente e abrir mão de sua política para defender o governo Lula, mas as críticas ao governo devem ser feitas corretamente se não estarão repetindo o erro da esquerda pequeno burguesa que se juntou à direita durante o golpe pedindo a cabeça da Dilma e louvando a Lava Jata, política qual o PSOL, da Esquerda Marxista, foi o principal expoente.

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