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A Questão Palestina

Terceira aula: refluxos, crise do nacionalismo e apogeu da Fatá

Após três guerras entre os países árabes e “Israel”, um “ponto de inflexão” em 1957: Yasser Arafat cria a Fatá, grande tema da penúltima aula

Na noite da última terça-feira (17), ocorreu a terceira aula do curso “A Questão Palestina”, ministrada pelo presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta. Nela, o dirigente do Partido começou sua preleção retomando a importância da Revolução Palestina de 1936, apresentada por Pimenta como fundamental para muitas derrotas que os palestinos sofreriam posteriormente, inclusive a al-Nakba (palavra árabe que significa “A Catástrofe”), que acontecerá 12 anos depois.

Com a al-Nakba, destaca o dirigente comunista, a Jordânia, que já havia feito um acordo com os sionistas e imperialistas, invade a Cisjordânia, o que foi considerado conveniente ao sionismo devido, principalmente, ao problema demográfico. “’Israel’ hoje”, diz o comunista, “é um país de 8 milhões de pessoas cercado por uma população de árabes de meio bilhão de pessoas. Os governos árabes seguram o povo para não enfrentar os sionistas, mas se essa barreira for rompida, quem garante a segurança de ‘Israel’? Só no Egito são 100 milhões de pessoas”, diz Pimenta.

“Se a Jordânia não tomasse conta da Cisjordânia e o Egito de Gaza”, continua Rui Costa Pimenta, “os sionistas seriam minoritários no país, criando uma situação insustentável. A diferença entre o mapa da Palestina entre a Partilha feita pela ONU e o atual mostra que, desde o começo, a criação obedecia a um plano digno de mafiosos, que facilitaria a expansão israelense, levaria o país árabe a desaparecer e os palestinos a um refluxo total.”

Após isto, três guerras entre os países árabes e “Israel” seriam desencadeadas, sendo esta a oposição que o país sionista experimentaria a partir da ascensão do nacionalismo árabe. Isto começa quando Nasser derruba a monarquia egípcia, totalmente submetida ao imperialismo, e, assumindo o poder através do golpe de Estado progressista, enfrenta o imperialismo através de medidas de grande impacto, como a nacionalização do canal de Suez, por onde passa 12% do comércio mundial. “Nesse momento”, destaca Pimenta, “aparece o verdadeiro papel de ‘Israel’.”

O imperialismo usa o país sionista para atacar o Egito. A propaganda imperialista fala em ‘agressão’ contra os judeus, usando o espantalho do nazismo para atacar o Egito. Com o país árabe ainda desorganizado e as forças israelenses fortemente armadas e organizadas, o Egito sofre uma grande derrota militar, encerrada apenas quando os EUA barram “Israel” em sua tentativa de ocupar totalmente o Egito. A URSS também entra em cena, obrigando ‘Israel’ a recuar, atendendo ao chamado norte-americano.

Nesse momento, informa Rui Costa Pimenta, se desenvolve um “ponto de inflexão”. Em 1957, um engenheiro palestino de nome Yasser Arafat cria o partido Fatá. A criação do partido nacionalista é o começo da retomada da luta pela libertação do Estado palestino. ”Isto é pouco destacado”, diz Pimenta, “mas mostra uma mudança nas classes sociais que organizam o povo palestino. Em 1936, as lideranças palestinas eram praticamente nobres, senhores de terras, pessoas cultas, mas fracas do ponto de vista social.”

“Em 1957”, continua Rui, “uma pequena-burguesia culta assume a liderança política do país. Oriunda de territórios ocupados como a Faixa de Gaza, essa classe social terá uma ligação maior com as massas, representando uma nova etapa da luta palestina. Dessa efervescência surge também a OLP, fundada em 1964”, destaca o dirigente do PCO.

Em 1968, um episódio pouco conhecido, mas muito importante, foi a Batalha de Karamé, uma cidade na Jordânia habitada por exilados palestinos, usada pela Fatá para atacar “Israel”. “Os sionistas invadiram a Jordânia, dirigindo-se para atacar o acampamento palestino, uma situação que até então terminava com os povos oprimidos fugindo”, diz o presidente do PCO, acrescentando que “nesse dia, porém, os palestinos não recuaram, preferindo morrer a ceder.”

A reação palestina surpreende os israelenses, levando um combate a se desenvolver. O destacamento jordaniano próximo, mesmo sob ordens de não intervir, sensibilizados por testemunhar uma cena de bravura comovente, terminou entrando em cena, auxiliando os palestinos e obrigando os israelenses a recuar. “Um acontecimento fortuito”, reforça Pimenta, acabou levando os palestinos a derrotarem os israelenses, transformando a Fatá na grande liderança dos palestinos. “No ano seguinte, Arafat é eleito presidente da OLP, com a autoridade de ter sido o primeiro a vencer ‘Israel’”, conclui.

O dirigente do PCO destaca que, dessa vitória, ressurge a resistência palestina ao Estado de “Israel”. Naturalmente, o imperialismo não ficaria assistindo essa reorganização política dos palestinos. Após o rei da Jordânia liquidar a base da OLP em seu país e atacar os palestinos, estes deslocam-se para o Líbano, onde outra desgraça aconteceria.

“Em 1975”, diz Rui Costa Pimenta, “o imperialismo organiza a extrema-direita libanesa para acabar com os palestinos. Fala-se em Guerra Civil, mas o problema sempre foi os palestinos e a OLP, que seria enfrentada pela Falange, organizada pelos cristãos maronitas, uma camada superior da população.”

Criada por simpatizantes de Adolf Hitler, a Falange libanesa era uma organização verdadeiramente nazista, apoiada pelos EUA e responsável por organizar o sinistro Massacre de Sabra e Chatila. “Uma obra de verdadeiros animais selvagens que despertaria a repulsa até mesmo de nazistas”, diz Rui Costa Pimenta. “Após a OLP abandonar os acampamentos por confiar em um acordo com os EUA, Ariel Sharon liderou a ofensiva israelense contra os refugiados palestinos, que, junto à Falange, mataram com crueldade indizível a população palestina, usando machados, paus e pedras. As armas, inclusive, demonstram que os sionistas sabiam perfeitamente bem que estavam atacando pessoas desarmadas”, informa.

Segundo Pimenta, este foi o campo de prova de táticas usadas ainda hoje, por exemplo, na Faixa de Gaza. “Foi onde ‘Israel’ colocou à prova táticas como o bombardeio indiscriminado das cidades e da população, a exemplo do que fazem agora”, disse.

Tratando da crise do nacionalismo árabe, Rui Costa Pimenta antecipa o conteúdo da próxima e derradeira aula, marcada para o próximo dia 26. Uma nova etapa que se abre, marcada pela decadência das organizações dominantes dos anos 1970, mas trazendo uma nova, mais radicalizada e mais forte: o Hamas.

Você que não conseguiu assistir presencialmente pode assistir às aulas online, na plataforma da Universidade Marxista. Você que já assistiu poderá recapitular alguma informação também no sítio supracitado. Por fim, quem não acompanhou o curso “A Questão Palestina” pode fazer sua inscrição, conhecendo uma interpretação marxista da luta dos palestinos e também fortalecendo assim a luta ideológica contra as mentiras do sionismo.

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