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Campanha imperialista

Ter mulher negra no STF não muda em nada a situação dos negros

No final das contas, a campanha pela "mulher negra no STF" é feita pelos homens brancos mais poderosos do mundo

As discussões sobre a “mulher negra no STF” continuam. Comentários de Gregório Duvivier na emissora norte-americana HBO, propaganda na Índia em outdoors escritos em inglês, telão na Times Square em Nova Iorque, vídeos, muitos artigos na imprensa golpista. Nesse último dia 18, foi a vez de uma colunista Natalia Paiva escrever para a Folha de S. Paulo.

Com o título “Por que uma mulher negra no Supremo”, a autora requenta os argumentos para defender o que parece ser a coisa mais importante do momento: que Lula dê um cargo a uma mulher negra na corte mais antidemocrática do País.

A colunista já começa mal: “Na quase totalidade das notícias sobre as movimentações políticas em torno da próxima indicação do presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal há algo em comum: homens brancos recomendando seus pares.”

O primeiro parágrafo do texto revela bem que há apenas duas possibilidades: ou a pessoa está muito mal intencionada ou muito fora do mundo real. É provável que nos bastidores do governo e dos partidos que o compõe as movimentações estejam em torno de “homens brancos”. Mas dizer que a “quase totalidade das notícias” indica isso é algo completamente fora da realidade.

Tudo o que se vê na imprensa, no noticiário e até na Índia e em Nova Iorque é uma movimentação em defesa da “mulher negra”

Indo mais direto ao ponto, a “mulher negra no STF” é a movimentação oficial da alta burguesia branca, ou seja, o imperialismo.

“Ironicamente, no debate público a pecha de ‘identitarista’ não cai sobre eles, mas sim sobre quem lembra que metade da população, em especial o grupo demográfico mais populoso (mulheres negras são 28%), não se vê refletida nesses bastidores — tampouco na corte que, com a saída de uma das duas únicas mulheres, vai ficar ainda mais masculina e branca.”

Eis, acima, mais um engano da colunista. Os que denunciam a campanha da “mulher negra no STF” como identitarismo estão justamente denunciando os “homens brancos” que dominam o mundo. É deles a campanha, vem deles a demagogia identitária.

A burguesia imperialista, essa, sim, composta pelos tais homens brancos, é a que está “lembrando”, ou melhor, impulsionando e financiando, a campanha pela “mulher negra no STF”. Isso é o identitarismo, não é “pecha”.

O identitarismo é justamente aquela ideologia cuja origem é o imperialismo (norte-americano, europeu, de homens brancos em sua maioria) e é usada não para lutar por direitos, mas para fazer demagogia e politicagem que serão usadas contra inimigos políticos. E é isso o que a campanha pela “mulher negra no STF” está fazendo: trata-se de uma campanha internacional de desgaste do governo Lula, além de uma tentativa de interferência do exterior na política brasileira.

Outra ideia absurda, que só prova que o identitarismo não tem nada a ver com a luta real, é a de que colocar uma mulher negra no STF iria resolver de alguma forma o problema da população negra. Alguém precisaria mostrar que a existência de uma mulher negra na Corte Suprema faria as milhões de mulheres negras deixarem de ser oprimidas.

Se a vontade de mudar a situação da população negra fosse séria, colunas na imprensa burguesa, as propagandas internacionais, vídeo etc estariam voltadas a pedir, por exemplo, o fim da polícia, o fim do encarceramento em massa.

Se a discussão fosse séria, esses que fazem campanha para que Lula dê um cargo no STF para uma mulher negra – que, diga-se de passagem, não é nenhuma pobre coitada – estariam exigindo a abertura das universidades públicas para que o povo possa ter acesso à educação.

Se a preocupação com a situação da mulher negra é tão genuína como esses grupos advogam para si mesmos, por que, diante de tanta pauta de reivindicações que poderiam mudar a vida de muitas mulheres, escolheram justamente a da “mulher negra no STF”, que não vai mudar a vida de ninguém!

“Ter mulheres, em especial mulheres negras, no STF é um bem intrínseco porque é direito fundamental de um grupo humano estar envolvido, ainda que via representação difusa, nas decisões que o afetam. Temas como descriminalização do aborto e das drogas afetam desproporcionalmente mulheres negras, grandes vítimas de abortos clandestinos e encarceramento por tráfico de pequeno porte.”

Na citação acima é possível ver claramente a inversão da realidade. Segundo a colunista, como as mulheres sofrem com a questão do aborto, das drogas e do encarceramento, seria justo ter um no STF. Ou seja, não deveríamos lutar para modificar esses problemas, mas indicar uma pessoa para supostamente ter uma opinião sobre isso no supremo. Nem sabemos qual é a opinião dessa suposta mulher negra sobre esses assuntos, mas suponhamos que seja progressista. O mais fácil é que o sistema do STF a faça mudar de ideia, do que ela manter uma posição destoante.

Mas a realidade mesmo mostra que essa mulher negra que poderia ir ao STF não será nada diferente do que os outros ministros que estão lá. Como não foi o negro Joaquim Barbosa, o principal golpista do julgamento farsa do mensalão. Como não foram Rosa Weber e Carmen Lúcia, duas mulheres cujo papel foi igualmente nefasto para o povo.

Aliás, já se descobriu que pelo menos duas, das três mulheres que Duvivier e as ONGs indicam a Lula, são lavajatistas. Mais contra a população negra do que isso, impossível.

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