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Henrique Áreas de Araujo

Militante do PCO, é membro do Comitê Central do partido. É coordenador do GARI (Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente) e vocalista da banda Revolução Permanente. Formado em Política pela Unicamp, participou do movimento estudantil. É trabalhador demitido político dos Correios e foi diretor da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios)

Propaganda ideológica

Técnicos estrangeiros: ofensiva imperialista contra nosso futebol

Ideia é convencer o brasileiro a imitar o europeu, ou seja, jogar um mau futebol

A ideia de que o futebol brasileiro está “ultrapassado”, “desorganizado”, “atrasado” e outros adjetivos do tipo é bem antiga e rementa ao início da prática do futebol no Brasil. A solução para esses problemas seria imitar os europeus. Não simplesmente nos supostos métodos avançados de organização, mas também no estilo de jogar futebol. Não passa de uma ideologia, sem fundamento, para convencer o brasileiro a jogar mal, como um europeu.

Dentro dessa ideologia, uma solução mágica apresentada é a de que a Seleção Brasileira precisa ser comandada por um técnico estrangeiro. Essa conversa na imprensa esportiva não é de hoje. A cada novo ciclo do futebol mundial, a cada copa do mundo, vem ganhando força essa ideia, que atinge seu ápice agora, com a derrota da Seleção na última copa.

Embora seja antiga, a ideia contraria o óbvio: se temos os melhores jogadores do mundo, por que não teríamos os melhores técnicos? É isso, além dos interesses da classe futebolística nacional, o que impediu até agora que um estrangeiro chegasse no comando da Seleção. A pressão nesse momento, no entanto, talvez seja a maior de todos os tempos. Apesar das especulações, ainda não se sabe qual será a decisão da CBF.

Enquanto o objetivo dos subservientes ao futebol europeus não se concretiza na Seleção, a ideia vai se infiltrando por meio dos clubes. Dos 20 times que disputam o Brasileirão Série A em 2023, 10 iniciarão o campeonato sob o comando de técnico estrangeiro. Esse número já foi tinha sido próximo disso em 2022. São sete portugueses, dois argentinos e um uruguaio.

Todos eles são nomes completamente desconhecidos do público brasileiro, pelo menos antes de chegarem ao Brasil.

A pergunta que fica é: o que está por trás disso? Ingênuo aquele que acredita ser um problema de qualidade técnica. No caso dos dois sul-americanos, poderíamos nos enganar. Mas a presença de sete portugueses é reveladora do problema. Perto do Brasil, Portugal é um país sem tradição no futebol, com nenhuma conquista importante e com pouquíssimos clubes de relevância. Ou seja, como acreditar que o trabalho desses técnicos pode ser melhor do que qualquer técnico brasileiro? Logicamente que essa conclusão só pode ser tirada porque há uma propaganda ideológica intensa sobre o problema.

No entanto, alguém ainda poderia nos acusar de ser preconceituosos contra os gringos. Para esses insistentes, propomos um exercício lógico: se os técnicos estrangeiros são a solução mágicas, deveríamos apostar que esses 10 times ficarão entre os 10 primeiros do campeonato? Se os 20 clubes decidissem contratar estrangeiros, ninguém seria rebaixado? A ideia é absurda, mas a propaganda é tão intensa na imprensa que temos essa impressão.

A origem dessa propaganda por técnicos estrangeiros é do imperialismo, ou seja, dos grandes capitalistas internacionais envolvidos no futebol. Como parte da propaganda ideológica tivemos o caso do Flamengo de Jorge Jesus e temos o caso do Palmeiras de Abel Ferreira, ambos ténicos portugueses. Não precisamos discutir a qualidade desses técnicos, embora também seja uma discussão legítima, mas fato é que deram nas mãos deles os elencos mais caros do Brasil. Mérito deles também? Pode ser. A questão é que essa experiência foi usada como propaganda como se ambos tivessem sido campeões com times medíocres, como se a presença deles como técnicos fosse o mais importante para a conquista. Uma conclusão que não caberia em nenhum caso, mas é apresentada assim pela imprensa por pura propaganda ideológica.

O caso atual do Flamengo é muito significativo. O Flamengo foi campeão da Libertadores e da Copa do Brasil em 2022, dos títulos importantes, só faltou mesmo o Brasileirão. Fez tudo isso sob o comando do brasileiro Dorival Júnior. O que a diretoria do Flamengo fez? Demitiu-o para contratar um português, Vítor Pereira, que havia feito campanha medíocre no Corinthians, se é que podemos chamar aquilo de campanha.

O que Vítor Pereira fez até agora, tendo recebido um elenco vitorioso de Dorival? Vexame! Perdeu a Supercopa do Brasil para o Palmeiras, não chegou à final do Mundial e perdeu a primeira partida da Recopa sul-americana. Dorival poderia ter perdido tudo isso? Poderia, faz parte do futebol. Mas se os técnicos estrangeiros são a solução para os problemas, a ponto de terem demitido o vitorioso Dorival, deveria ter feito melhor.

Esse caso do Flamengo revela que há um poderoso esquema empresarial por trás da propaganda por técnicos estrangeiros. Uma ofensiva imperialista contra o futebol brasileiro. É um esquema é econômico e político, com um objetivo ideológico claro que é convencer o brasileiro sobre sua inferioridade no futebol, contrariando a história e o óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues.

E voltamos, assim, ao início desse texto. A ordem é imitar os europeus, que significa jogar mal, como eles.

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