A eleição de 2022 no estado de São Paulo, também em boa parte dos estados, abriu as portas para que setores da extrema-direita aumentassem significativamente seus controles nos principais estados do país. O estado de São Paulo é, de longe, o mais desenvolvido e reflete também a estrutura política do país. Desde as greves do ABC, o início da queda da ditadura, entre outros movimentos de caráter revolucionários, como a Semana de Arte Moderna, iniciaram na região. O motivo há de se esclarecer em outro texto. Contudo, os fatos mostram essa realidade. A eleição de 2022 trouxe consigo a polarização política e um fato de suma importância: depois de mais de 20 anos, o PSDB não estava no segundo turno da eleição estadual. Fernando Haddad, ex-prefeito pelo PT e o ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, acabariam com um controle quase ditatorial sobre o estado. Porém, o na realidade não foi bem assim.
Tarcísio, do partido ultrarreacionário Republicanos, foi eleito governador com 55,27% dos votos, muito à frente de Haddad. Assim como Bolsonaro, Tarcísio possui íntimas ligações com a burguesia e possui uma política similar à do PSDB. Nem completado um mês de governo, tomou como bandeira a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), mostrando-se um capacho da vampiragem capitalista, visto que a empresa, além de fundamental para a população, é altamente lucrativa. A proposta além de antinacional é totalmente criminosa. Aqui, evidencia-se o fato mais patente da política da extrema-direita: é a mesma política da direita com um roupagem nacionalista, o que de fato não são.
Na última semana, tivemos a crise do litoral de São Paulo. Milhares de mortos e desabrigados pela falta de investimentos dos órgãos do estado. A situação de miséria da população obriga que muitos se coloquem em situações de risco, perto de locais com risco de desabamento, e o estado apenas observa, até que o desastre ocorra. E é em cima da miséria da população, que a burguesia vê oportunidades para ainda mais repressão. Em uma coletiva na região afetada pelas chuvas, Tarcísio de Freitas, em coletiva para a imprensa, disse que a sua equipe enviou para o judiciário uma solicitação que obriga o morador a sair de casa. Enfatizou o envio de mais de 500 policiais da equipe do Choque para literalmente remover o morador da sua casa à força. Aqui já não se trata de uma medida repressiva,mas ditatorial e fascista, visto que mesmo em situações de risco é um direito de qualquer cidadão permanecer na sua residência. é uma escolha pessoal. Tarcísio, como bom bolsonarista, leva adiante a ditadura do PSDB com uma boa dose policialesca. O atual governador de São Paulo age exatamente como o ex-governador Dória quando pretende remover um morador da sua residência, culpa a vítima, como se fosse uma escolha pessoal o local de moradia. Isso abre brechas para despejos em massa em São Paulo, pois o estado poderá usar tal medida para qualquer situação considerada de risco, como as invasões no centro de São Paulo em prédios antigos.
Tarcísio, com esta medida, se mostra como mais um governo burguês, reacionário e altamente repressivo, assim como fez o PSDB nos seus mais de vinte anos. Caso seja aprovada a lei, abrirá precedentes para a aplicação em vários locais do Brasil e um movimento de despejo generalizado em prol da especulação imobiliária.
Tarcísio, em dois meses, mostra que veio para manter o tucanato e que trabalhará para a burguesia e as oligarquias do estado. A ditadura do PSDB não acabou, trocou de nome e apenas a peça chave da sociedade pode acabar com ela: o próprio trabalhador organizado.