Após a aprovação da Reforma Tributária, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, caiu nas graças da imprensa golpista. Embora não tenha sido determinante para a aprovação da reforma – afinal, já havia um grande consenso em torno do tema -, Tarcísio acabou aparecendo como um dos “heróis” de sua aprovação por ter mudado de posição e ajudado na articulação em favor da medida.
Um artigo do Estado de S. Paulo já escancarou o motivo de tanta empolgação com a atuação de Tarcísio: “Articulação por reforma tributária cacifa Tarcísio para 2026 ao opor governador a Bolsonaro”. Isto é, para a burguesia, o governador de São Paulo teve sua imagem projetada e, por tabela, ainda se mostrou mais “sensato” que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado pela imprensa de estar sendo “infantil”.
Segundo o mesmo artigo, a decisão de Tarcísio de apoiar a reforma teria causado uma divisão no partido de Bolsonaro. Em outro artigo – este publicado pela Folha de S.Paulo -, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), criticou de maneira amistosa o ex-presidente e reforçou a ideia de que o ex-presidente estaria tomando uma posição mesquinha, contrária aos interesses do País: “única coisa que eu disse sobre isso ao presidente Bolsonaro, sem nenhum tipo de sentimento pejorativo, foi em afirmar que a reforma era do Congresso Nacional, nasceu no Congresso Nacional e pertence ao povo brasileiro”.
Fazendo coro aos veículos que procuraram explorar a crise entre Bolsonaro e Tarcísio, o jornal O Globo ainda publicou um artigo mencionando sete momentos em que Tarcísio e Bolsonaro teriam entrado “em rota da colisão”. Por fim, também chamou a atenção a declaração do psolista Guilherme Boulos, pré-candidato à prefeitura de São Paulo, que disse que “Ricardo Nunes se mostrou mais bolsonarista que Tarcísio”. Por mais que haja um interesse eleitoral envolvido – Nunes seria um dos adversários de Boulos nas próximas eleições -, a fala de Boulos não vem ao acaso: é parte de uma campanha para procurar apresentar Tarcísio de Freitas como uma figura cada vez mais distante do bolsonarismo.
A campanha é absolutamente ridícula. Basta lembrar que Tarcísio, no evento de latifundiários conhecido como Agroshow, cedeu o palco para o ex-presidente e fez um duro ataque ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O que está em jogo na promoção de Tarcísio, na verdade, não passa de uma manobra: agora que Bolsonaro se tornou inelegível, a burguesia busca apresentar uma “alternativa” para a direita. Isto é, alguém que seja capaz de substituir Bolsonaro eleitoralmente e que, com isso, ajude a reconstruir o falido centro político.