Sentindo-se "frustrada"

Tabata Amaral: a Hipocrisia da ‘Nova Esquerda’ em Ação

Tabata Amaral queria mais "combate à corrupção" no governo, trata-se da palavra mágica para agrupar os golpistas de plantão

Em entrevista recente ao jornal Estado de S. Paulo, a deputada federal, Tabata Amaral, afirmou estar “frustrada com o governo Lula”. Para ela, não existe espaço no governo para uma discussão que vá além de “cargos e emendas”, ela também ataca o governo Lula por receber Nicolas Maduro e diz que é preciso levar a sério o combate à corrupção.

A entrevista começa com uma pergunta a respeito da articulação do governo com o Centrão. Ao dar sua opinião sobre o tema, Tabata afirma que esperaria um governo que levasse a sério o combate contra a corrupção:

“O que eu acho que é ideal é que a gente leve o combate à corrupção a sério. […] eu conheço exemplos de governos que foram montados convidando partidos, exigindo que se indicassem quadros técnicos e destinassem emendas com critérios técnicos com fiscalização”. 

A falsa bandeira do “combate à corrupção” já foi levantada anteriormente pela direita, justamente num período em que se procurava fazer uma campanha pela derrubada do governo do PT. Na época, partidos como o PSOL entraram de cabeça na campanha, chegando ao ponto de apoiar a prisão e perseguição de dirigentes históricos do PT, em claros julgamentos políticos, sob a bandeira de que isso estaria sendo contra a corrupção.

Tabata Amaral menciona essa questão diversas vezes ao longo da entrevista, justamente porque quer insuflar novamente esse clima golpista contra o PT. Durante os governos Temer e Bolsonaro, não se ouvia falar sobre esse tema em absoluto. Mesmo Bolsonaro encerrando seu mandato com a entrega da Eletrobrás, um patrimônio nacional de valor inestimável, o que foi muito mais grave do que qualquer propina ou “orçamento secreto”.

O voto de Tabata Amaral, a favor do roubo da Previdência, também poderia ser considerado um apoio à corrupção de roubar a aposentadoria da classe trabalhadora e entregá-la aos banqueiros, mas Tabata, a funcionária de Lemann, considera esse roubo de menor importância. Graças ao seu voto, milhões de brasileiros passarão fome durante a velhice.

Tabata também fez comentários a respeito da recepção de Nicolas Maduro no Brasil, como não poderia faltar:

“Quando eu pontuo que é um erro elogiar a ditadura de Maduro, é porque eu acredito que a ditadura não pode ser recebida com honra, seja de direita ou esquerda”.

Como uma boa funcionária do imperialismo, Tabata coloca Maduro no meio da conversa em que isso sequer tivesse sido perguntado a ela. Apesar de procurar se fantasiar de esquerdista, ela faz exatamente as críticas que a direita e o imperialismo esperam dela. Dizer que a Venezuela é uma ditadura é uma crítica que não tem o menor fundamento na realidade. Maduro foi eleito em 2018, em um processo eleitoral acima de qualquer suspeita. No entanto, o imperialismo coloca suas organizações para dizerem que o pleito não foi confiável e que seria inválido, logo após, “nomeia” uma pessoa avulsa, Juan Guaidó, para ser o presidente da Venezuela. Enquanto isso, aplica sanções criminosas, que destroem as condições de vida da população venezuelana, procurando indispor o povo com o seu governo. Seria esse um comportamento democrático? 

Talvez Tabata ache mais democrática a lei na qual ela votou que permite que os bancos tomem a casa de seus devedores. Isso em um país como o Brasil, que possui um gigantesco número de sem-teto, sem-terra e outras pessoas em situação de miserabilidade profunda. Nesse cenário, nada melhor do que apoiar uma lei como essas e colocar mais pessoas ainda nessa situação. A funcionária dos banqueiros nem enrubesce ao criticar Maduro, provavelmente porque na Venezuela o governo procura se esforçar para que todos os cidadãos do país tenham moradia. 

Tabata, que também votou a favor da reforma trabalhista – retirando direitos e garantias de milhões de trabalhadores, conclui a sua entrevista com um desabafo e expressando sua frustração com o governo:

“São frustrações de quando o governo não entende que algumas coisas precisam ser diferentes. Eu quero tanto que o Brasil dê certo e tenho tanta preocupação que a gente volte ao cenário que estava antes, que vai caber a mim muitas vezes ser a chata, a idealista, mas que tem muito pé no chão, e dizer: os tempos mudaram e a gente precisa ser democrata nas nossas atitudes e levar a sério o combate à corrupção”.

O Brasil que dá certo de Tabata é o Brasil em que os banqueiros sugam todo o dinheiro do povo trabalhador. Ela encerra relembrando o “combate à corrupção” porque compõe a ala golpista da pseudo-esquerda nacional. 

A imprensa nacional, que divulga a deputada do PSB a todo o momento e procura impulsionar a sua popularidade, demonstra que está apostando em uma “nova” esquerda, que está disposta a apoiar o golpe contra Lula e dar sustentação à farsa política promovida pelo imperialismo no Brasil. É preciso denunciar a falsa esquerda funcionária do imperialismo e lutar contra as conspirações golpistas que se formam, por todos os lados, no Brasil. 

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