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Revogação da reforma já

Suspender é bom, mas é pouco: Lula deve revogar novo Ensino Médio

É preciso ocupar as ruas para colocar abaixo a reforma de Temer e Bolsonaro contra milhões, seja por decisão do Congresso, seja por meio de um plebiscito popular

Em audiência no Palácio do Planalto no começo de março, dirigentes do movimento nacional dos professores, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Heleno Araújo, e a presidenta da APEOESP (Professores de SP) – o maior sindicato do País -, deputada “Professora Bebel”, reafirmaram ao presidente Lula o pedido para que fosse revogada a “reforma” do ensino médio (foto).

Na semana seguinte, mais de 800 delegados de todos os Estados do País reuniram-se em Brasília, na 4ª Plenária Intercongressual Professor João Felício, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), encerrada no dia 17, que teve como ponto central do encontro foi o posicionamento da CNTE e da totalidade dos seus sindicatos, contra a “reforma” do ensino médio, o chamado “Novo Ensino Médio” (NEM), política de destruição do ensino médio, visando o favorecimento do ensino privado, aprovada no governo golpista de Michel Temer (Lei 13.415, de 2017) e implementada no governo Bolsonaro (a partir de 2022).

Ampla rejeição

A Plenária declarou guerra ao NEM, na seqüência de atos liderados pelos estudantes em mais de 50 cidades do País, convocou mobilizações, novamente com os estudantes, no dia 22/3, e até mesmo um chamado a uma greve nacional da Educação contra a “reforma” do Ensino Médio e pelo cumprimento da Lei do Piso, que estabelece um mínimo de R$4.420 para os professores do ensino básico de todo o País, desde 1º de janeiro passado e que não vem sendo cumprida pela maioria dos governos estaduais e municipais, não só da direita golpista, mas também por governos que se dizem de esquerda e enfrentam ou estão ameaçados por greves dos professores, como no caso de Recife (PSB) e Rio Grande do Norte (PT).

Sabotagem interna

Depois de uma declarada resistência do ministro da Educação, o ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT), de apoiar a reivindicação central dos trabalhadores da Educação e dos estudantes, por meio de suas organizações locais e nacionais, contra a reforma, nesta terça (dia 3) , a imprensa capitalista divulgou que o governo estava decidido a publicar Portaria suspendendo por até 90 dias a vigência do cronograma da reforma e adiando a prevista adaptação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ao novo NEM. Até o fechamento a Portaria, dada como certa por vários setores do governo, não havia sido ainda publicada, mas o próprio ministro já havia anunciado a sua publicação afirmando que “o processo da implantação dele [do novo ensino médio] foi atropelado e há uma reclamação muito forte de setores”.

Isso, depois de seguidas declarações de que não pretende revogar a reforma e de até mesmo de reconduzir, último dia 30, Fernando Whirtmann Ferreira para o cargo de coordenador geral de Ensino Médio junto à Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica, que em novembro de 2020, foi nomeado pelo então ministro da Educação de Bolsonaro, Milton.

Ribeiro, para o mesmo cargo. Whirtmann também fez parte da gestão do governo golpista de Michel Temer e também atuou como Diretor da Diretoria de Ensino Médio da Secretaria de Estado e Educação do Distrito Federal (SEEDF), de 2015 a 2020, tendo como uma de suas responsabilidades a implementação do currículo do Novo Ensino Médio. Ou seja, sua recondução está diretamente ligada à manutenção e aprofundamento da política dos setores golpistas e inimigos do ensino público, em oposição às reivindicações dos educadores e estudantes.

Whirtmann não é o único nomeado para o MEC vinculado aos setores golpistas, defensores do ensino privado e inimigos da luta dos trabalhadores da Educação e dos estudantes. Para o cargo de Secretária da Educação Básica, por exemplo, o ministro nomeou Kátia Schweickardt, consultora da maior fundação educacional empresarial no Brasil, Todos pela

Educação, e fellow da Fundação Lemann, ligada à segunda pessoa mais rica do Brasil, João Paulo Lemann. Como Secretária da Educação de Manaus, capital do Amazonas, entre 2015 e 2020 no governo de Arthur Virgílio (PSDB), e atacou duramente os professores a quem chamou de “criminosos” por conta de suas lutas pelo devido uso das verbas públicas da Educação (foto), com o repasse dos recursos do Fundeb e a saída de Kátia Schweickardt do cargo.

Fica evidente que, enquanto o próprio presidente Lula buscou dialogar e ouvir as reivindicações dos educadores e estudantes, setores que são parte da sua base de apoio que ajudaram a mobilizar pela sua eleição como parte da luta contra os ataques sofridos nos governos golpistas de Temer e Bolsonaro, o MEC se transformou em um antro de setores reacionários, com o claro apoio da imprensa capitalista, que buscam preservar a politica dos setores reacionários que foram derrotados nas eleições.

Mobilização e greve geral

O anúncio da suspensão das próximas etapas da reforma, não eliminam seus efeitos draconianos contra milhões de jovens e centenas de milhares de educadores. De fato, nada muda, neste momento, nas escolas.

Segue a falsa escolha dos alunos por novas disciplinas: a maior parte delas de caráter ideológico reacionário como o ensino das aulas sobre “empreendedorismo” em um regime social em que cresce a cada dia as diversas formas de trabalho escravo, com a revogação da CLT, fim das aposentadorias de milhões etc. Seguem o drástico corte do ensino aprendizagem, nas escolas públicas, de disciplinas de caráter formativo dos alunos (como Língua Portuguesa, Matemática e outras) e que são “cobradas” nos exames vestibulares, ENEM etc. em um claro desfavorecimento dos estudantes das escolas públicas. Dentre outras medidas amplamente rejeitadas pela comunidade escolar.

Se a suspensão indica um passo limitado e possível do governo Lula no sentido de evidenciar o desejo do governo que a situação atual não seja mantida; a realidade é que e a revogação da Lei da famigerada reforma teria que ser revogada pelo reacionário Congresso Nacional ou por força de um plebiscito popular, para o que torna-se necessário quebrar a resistência e a sabotagem de dentro do próprio governo.

Mais do que nunca as organizações de luta dos trabalhadores da Educação e do movimento estudantil, e de todos os setores

explorados, interessados na defesa do ensino público precisam impulsionar a mobilização, nas ruas, pela revogação total dessa e de outras reformas golpistas.

Nesse sentido é preciso reafirmar a decisão de organizar uma grande greve nacional da Educação, já convocada para o

próximo dia 26. Realizando atos, plenárias e passeatas que prepararem essa mobilização em todo o País, a partir de uma ampla convocação nas Escolas e em toda a comunidade escolar.

Às reivindicações atuais do movimento de revogação imediata da reforma e da defesa do pagamento do piso salarial dos professores, entre outras, é preciso acrescentar a defesa de que o MEC saia do controla dos inimigos do ensino público, dos educadores e dos estudantes: fora os bolsonaristas e privatizadores do MEC! Fora Camilo Santana!

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