O novo paladino da justiça do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, na última sexta-feira (6), votou pela condenação de mais seis pobres coitados que participaram das manifestações do dia 08 de janeiro, quando aconteceram as depredações nos prédios das instituições do Estado, em Brasília (DF).
A proposta de punições, do super democrático ministro, variam de 14 a 17 anos de prisão, além do pagamento de um valor simbólico de R$30 milhões por danos morais coletivos.
A imprensa venal que, logicamente, tenta encobrir os verdadeiros culpados que organizaram as manifestação, alardeia por todos os cantos chamando o ato de terrorismo e chama muita a atenção dos seus leitores em suas matérias em que os acusados irão responder por: abolição violenta de Estado Democrático de Direito; Golpe de Estado; Associação Criminosa Armada; Dano Qualificado e Deterioração de Patrimônio Tombado.
Depois de condenar mais cinco perigosíssimos meliantes terroristas, dentre eles donas de casa, trabalhadores autônomos, entregadores, agora, chegou a vez de colocar no xilindró outros tenebrosos e sanguinários membros de facções terroristas que têm nas suas fichas corridas ser: técnicos de logística, agricultores, aposentados, etc., todos eles moradores em cidades no interior do País que abrigam verdadeiros mafiosos ramificados em todas as regiões como Americana (SP); Aparecida de Goiânia (GO); Juiz de Fora (MG).
É claro que toda essa sanha reacionária do STF, da imprensa e da direita golpista dita “civilizada” com os manifestantes bolsonarista do dia 8 de janeiro é parte de uma política de pôr fim às manifestações, não às da direita, mas as manifestações da classe trabalhadora, dos sem terra, sem teto, dos estudantes e dos movimentos sociais.
Os métodos tradicionais utilizados pelos trabalhadores, estudantes e pelos movimentos sociais são diversos e, dentre eles, fazem parte as greves de ocupações; piquetes; paralisações em rodovias, etc. Quem nunca presenciou um fechamento de rodovia, onde se queimam pneus para evitar a passagem de veículos!? Ou mesmo nas ocupações de prédios públicos numa greve de servidores, por exemplo. Não faz muito tempo que os professores da Capital Federal ocuparam a Câmara Legislativa na luta pela aprovação dos seus direitos. E aí, devem os professores serem julgados e condenados pelas suas manifestações!?
Na própria Capital Federal, em dezembro, no ano do golpe de Estado através da farsa do impeachment da presidenta Dilma Rousseff e referendado por esse mesmo Tribunal, que hoje condena pobres coitados, em 2016, os trabalhadores e estudantes foram para a Esplanada dos Ministérios se manifestar e, naquela ocasião se depararam com a violenta repressão da Polícia Militar de Brasília. Vários prédios foram depredados pelos manifestantes que, com toda a razão, se insurgiram contra a selvageria com que a população foi tratada por uma polícia absolutamente fascista, que culminou com mais de 100 prisões e dezenas de feridos. Aquela manifestação, inclusive, recebeu virulentos ataques da imprensa, da direita e de próprios setores da esquerda onde os trabalhadores e estudantes foram tratados por “vândalos”, “terroristas” ou “vagabundos”. Se fossemos utilizar os atuais métodos para os manifestantes do dia 8 de janeiro, as mais de 100 pessoas que foram presas naquela ocasião, estariam mofando nesse verdadeiro inferno na terra que são os presídios brasileiros, até hoje.
As condenações dos manifestantes do dia 8 de janeiro feita pelo STF e o posicionamento reacionário da imprensa golpista pode ser visto praticamente todos os dias nos noticiários, que trata como “vândalos” os sem terra, os professores, os bancários, os petroleiros, metalúrgicos, ou seja, os trabalhadores que estejam em greve, os estudantes que ocupam escolas e todo o explorada que luta.
A mesma imprensa que não poupa elogios aos “nobres parlamentares” que votam a entrega do País e dos direitos dos trabalhadores, aos juízes que mandam prender sem provas, à PM que tortura, reprime e mata todos os dias nas periferias das grandes cidades, para os trabalhadores que se manifestam são taxados como terroristas.
Setores da esquerda, das organizações dos trabalhadores vem batendo palma a favor das medidas reacionárias do STF ao invés de defender e preservar os direitos dos cidadãos de se manifestarem. Agindo a favor da direita golpista (estejam conscientes disso ou não) os defensores dessa política adotam uma posição que só interessa a burguesia imperialista.
É como esse Diário sistematicamente vem se posicionando: “pau que bate em Chico dá em Francisco”.