Em artigo para lá de cínico publicado na Folha de S.Paulo, Natalie Rosen, que se apresenta como uma “israelense radicada no Rio de Janeiro”, afirma que, “para muitos israelenses, (…) esta guerra é inevitável”. Segundo a articulista, o atual conflito entre palestinos e sionistas teria um caráter diferente dos anteriores, quando “o lado à esquerda da sociedade israelense, alinhavam-se pelo cessar-fogo e em favor do levantamento do bloqueio a Gaza”.
A ideia em si já é absurda porque é facilmente desmascarada por fatos notórios. Nunca na história da Palestina houve tantas mobilizações em diferentes partes do mundo contra o Estado de Israel. Em mais de um mês do acirramento do conflito, países de todos os continentes, incluindo os Estados Unidos, a Alemanha e o Reino Unido, testemunharam grandes manifestações. E as manifestações têm um teor muito claro: querem que Israel pare imediatamente o massacre dos palestinos.
Desmentida a tese, passemos então ao argumento da “israelense” para defender que estaríamos diante de uma situação inédita: “Desde 7 de outubro, todos os dias novas provas são reveladas sobre os horrores que o Hamas praticou e também sobre a intenção que precedeu o ataque de que a investida varreria a região e levaria a um conflito mais amplo”. Não poderia haver um argumento mais ridículo, uma vez que a realidade é absolutamente oposta.
A cada dia que se passa, o que vem sendo demonstrado é que a “monstruosidade” do Hamas não passa de uma ficção criada pelos serviços de inteligência israelenses. A maior prova disso está no caso das vítimas civis. No primeiro momento, Israel afirmou que o Hamas havia matado 1400 pessoas. Depois, a informação mudou: teriam sido 1200 mortos. No entanto, Israel só conseguiu comprovar a morte de 800 pessoas. Dessas 800, metade são militares.
O pior de tudo, no entanto, é que até mesmo a imprensa israelense está sendo obrigada a admitir que dos civis mortos, ao que tudo indica, a maioria foi morto por Israel. Há declarações de autoridades das próprias forças de defesa israelenses reconhecendo que o protocolo do governo sionista é de matar os reféns de seu próprio povo, para não ter de arcar com as consequências de uma negociação de resgate.
Ainda que fosse fato que o Hamas fosse uma organização que usasse extrema violência, isso também não seria uma novidade. Várias organizações da OLP, antes mesmo de o Hamas existir, faziam uso dos métodos hoje considerados como “terroristas”.
Ao fim e ao cabo, o que a israelense carioca da Folha de S.Paulo procura, sem conseguir disfarçar direito, é uma desculpa para defender exatamente a mesma política do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Isto é, de que “a guerra é necessária”, pois seria uma questão de “vida ou morte para Israel”.
E, assim como Netanyahu, Natalie Rosen ignora por completo que o povo palestino é que vem sendo massacrado há mais de sete décadas por Israel.