Israel

Sob pressão dos EUA, nova ofensiva será ainda mais genocida

Segundo Joe Biden, “Israel” está “começando a perder... apoio [em todo o mundo]” e a política de Netanyahu não pode continuar por muito mais tempo

Recentemente o jornal sionista The Times of Israel publicou matéria relatando que o secretário de estado norte-americano, Anthony Blinken, em sua última visita a “Israel”, teria dado um ultimato para que o governo Netanyahu acabasse com a “guerra” até o final do ano. A conversa teria ocorrido informalmente, com o alto escalão do governo, tendo sido repassada adiante por fontes anônimas. A informação não foi confirmada, inclusive negada pelo jornal, na mesma matéria, mas Blinken, por sua vez, não confirmou nem negou, apenas disse no último sábado (10) que “Israel, e não os EUA, decidirão sobre o fim da guerra”.

Não se sabe ainda se a conversa de bastidores ocorreu de fato, mas estaria em consonância com a pressão crescente sobre “Israel” para encerrar o genocídio. Pressão esta que vem de todos os lados, inclusive do imperialismo europeu, e não apenas do norte-americano.

Tanto é assim que, em uma de suas mais recentes declarações, Volker Turk, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, descreveu a situação como “apocalítica” Segundo representante da organização imperialista:

“Os civis em Gaza continuam a ser implacavelmente bombardeados por Israel e punidos coletivamente – sofrendo morte, cerco, destruição e privação das necessidades humanas mais essenciais, como alimentos, água, suprimentos médicos vitais e outros bens essenciais em grande escala”.

“Os palestinos em Gaza vivem num horror total e cada vez mais profundo”.

Inclusive alerta que o genocídio não irá acabar com o Hamas e a resistência palestina, mas será um combustível para novos militantes e combatentes:

“[…] a violência e a vingança só podem resultar em mais ódio e radicalização […] “Há uma lógica nisso, que é horrível, trágica e francamente apocalíptica. E não consigo pensar numa maneira melhor de criar uma geração de raiva e extremismo do que esta.”

Contudo, mostrando que seu interesse não é uma solução que resulte na libertação nacional do povo palestino, mas uma que mantenha “Israel” e permita ao imperialismo retomar o controle sobre a região, Turk entende que a “solução de dois Estados” é a única saída viável.

Apesar disto, aprofunda-se a pressão do imperialismo para que “Israel” pare o genocídio, antes que a situação fuja completamente do controle.

Nesse sentido, o jornal inglês Financial Times publicou matéria na última terça-feira (12), relatando: “Joe Biden disse que Benjamin Netanyahu deve mudar de rumo, alertando que o ‘bombardeio indiscriminado’ de Israel em Gaza corre o risco de deixar o país isolado”.

Criticando o governo e a coligação de extrema direita da qual faz parte, Biden disse que “Israel” estava “começando a perder… apoio em todo o mundo”. Chegou a chamar o governo israelense de “o mais conservador da história de ‘Israel’… [que] não quer uma solução de dois Estados”, frisando que seria necessário a Netanyahu mudar a política em relação à Gaza e os palestinos, mas ressalvando que “[…] este governo em Israel está tornando muito difícil para ele se mudar”.

Em outras palavras, Biden subiu o tom em relação ao que já havia dito Blinken anteriormente, de forma que as informações de bastidores reveladas pelo The Times of Israel, referidas no começo dessa matéria, podem muito bem ser verdadeiras.

O imperialismo, então, pressiona “Israel” para mudar de política, para evitar que situação no Oriente Médio se torne incontrolável, o que seria um grande aprofundamento da crise do bloco imperialista.

Sobre esta crise, ela inclusive manifesta-se abertamente nos próprios Estados Unidos, com as vindouras eleições presidenciais de 2024. Recentemente, o jornal Wall Street Journal divulgou pesquisa em que se constata que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está com uma grande vantagem sobre Joe Biden para as eleições.

Caso Trump seja eleito, abrir-se-ia uma crise ainda maior para o imperialismo, pois o ex-presidente não é um representante direto deste setor da burguesia, ao contrário de Biden. O genocídio que está sendo cometido contra os palestinos em Gaza e na Cisjordânia está contribuindo para o atual presidente perder popularidade. Conforme disse Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO), no programa Análise Internacional que foi ao ar na última segunda-feira (11), “essa situação eleitoral coloca em perspectiva uma grande crise política nos Estados Unidos”. E então prosseguiu sua análise da situação norte-americana, fazendo a conexão com a situação no Oriente Médio:

“[…] ou essa crise política vai acontecer antes da eleição, com uma tentativa […] muito forte e […] escandalosa de impedir que Trump ganhe a eleição ou que ele tome posse ou então nós vamos ter uma crise muito grande depois de sua vitória. A vantagem Eleitoral de Trump Coloca essa crise na ordem do dia […] E se a gente colocar o que tá acontecendo na Palestina, que eu acho que é a pior crise do Estado de Israel desde sempre né […] a questão norte–americana vai pegar fogo, porque o problema é que o imperialismo não pode abrir mão do comando da política internacional para uma pessoa como Trump. O que quer que o Trump pense em fazer, seja ser mais agressivo do que o Biden – acho que ele não quer ser mais do que isso; ele não quer gastar o dinheiro então ele pode ser pontualmente agressivo. Mas não vai dar certo. O que é preciso não é uma política truculenta. Nós não estamos nessa fase. O que os Estados Unidos precisam aqui é de uma política flexível de manobras políticas, porque eles perderam muito terreno e eles estão navegando em águas perigosas no terreno internacional. Então eu acho que eles não vão querer abrir mão de maneira nenhuma do controle da política internacional”.

Rui ainda comentou sobre a notícia dada pelo The Times of Israel, de que os EUA teriam estabelecido um prazo para “Israel” acabar com a guerra, explicando que a política de apoio ao sionismo, enquanto esse realiza um genocídio contra os palestinos, está custando caro ao imperialismo norte-americano:

“Blinken teria dado até janeiro de 2024 para os israelenses resolverem essa questão ou parar a ofensiva militar. Quer dizer, os Estados Unidos estariam dispostos, segundo essa notícia, tolerar o morticínio, que está custando muito caro pro governo norte-americano, até janeiro. [Contudo] a partir de janeiro não dá. Não dá para entrar na campanha eleitoral com essa matança toda, uma que é inútil do ponto de vista militar”.

Toda essa situação, a crise do imperialismo e a pressão sobre “Israel” para encerrar o conflito rapidamente, para que o controle sobre o Oriente Médio não seja perdido de vez, leva o Estado sionista a ficar mais selvagem em seus ataques a Gaza e à Cisjordânia. Não como um sinal de força, mas de desespero.

Como sinal disto, o Estado sionista começou a inundar os tuneis debaixo de Gaza, conforme noticiado por este Diário:

Israel começa a alagar túneis em Gaza com água do mar

Uma medida desesperada, tendo em vista que as Forças de Defesa de “Israel” não foram capazes de conquistar objetivos militares significativos contra o Hamas e a resistência palestina.

Além disso, os tuneis estão sendo inundados com água salgada, o que poderá contaminar ainda mais as já precárias fontes de água doce que existem e Gaza, sem esquecer os milhares de palestinos abrigados, se protegendo dos bombardeios. Inundar os tuneis resultaria na morte de mais milhares de árabes, em um período ainda menor do que ocorreu com os bombardeios criminosos.

Um verdadeiro “crime de guerra”, conforme declarou Dmitry Polianskiy, o Primeiro Representante Permanente Adjunto da Rússia junto da ONU.

Contudo, se “Israel” espera vencer o Hamas e a resistência palestina com a inundação dos tuneis, é provável que não consiga. Há cerca de 10 anos, o Egito já tentou conter o avanço da resistência fazendo o mesmo, sem sucesso. Afinal, segundo especialistas, os tuneis não são interconectados, de forma que inundar um no norte de Gaza, por exemplo, em Beit Lahia, não irá gerar nenhuma reação em cadeia, inundando túneis no Sul.

Ainda, deve-se ter em mente que o que foi dito por Ramzy Baroud, escritor palestino e analista:

“Devido à terrível experiência de inundação de túneis no Egito e à expectativa de que Israel certamente recorreria a tal opção, os túneis da Resistência são feitos de tal maneira que lhes permitiriam acomodar até mesmo táticas tão desesperadas e cruéis. Para que Israel conseguisse inundar os túneis, teria primeiro de estabelecer o controlo total sobre Gaza, identificar a localização de todos os túneis e iniciar o processo de bombear lentamente a água do mar, o que levaria meses”, um tempo que Israel não tem em conta as suas pesadas perdas devido à forte resistência em Gaza”.

Outro ponto significativo também foi levantado pelo sítio de notícias Palestine Chronicle que publicou:

“embora todos os lados dos túneis de Gaza sejam feitos de betão fortificado, o solo é sempre deixado no seu material original, basicamente areia compacta e terra. Segundo os especialistas, a construção do túnel é feita para acomodar a possibilidade de inundações intencionais ou naturais, que acontecem com bastante frequência todos os invernos em Gaza. Além disso, o fato de os israelitas, os EUA e os seus aliados ocidentais terem vendido a ideia de inundar os túneis como uma das principais estratégias para derrotar a Resistência, deu aos palestinos tempo suficiente para se prepararem para tal eventualidade”.

Assim, possivelmente respondendo à pressão do imperialismo para encerrar o conflito até o final do ano, “Israel” começou a inundar os túneis, mais uma medida desesperada e genocida, que tende a aprofundar ainda mais a crise do sionismo e de sua ditadura, sem conseguir conquistar derrotar o Hamas e a resistência.

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