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Palestina

“Sionismo é muito, muito pior que o nazismo”

André Frej e Angélica Reis, integrantes da Aliança Palestina-Recife, falaram com exclusividade ao Diário Causa Operária

Não é raro ver o Estado de Israel excluir publicações ou voltar atrás em declarações que espantam até os seus mais entusiasmados apoiadores. No dia 19 de novembro de 2023, a Corporação Israelita de Radiodifusão Pública publicou o vídeo de um coral de crianças clamando pela “aniquilação” da população palestina em Gaza. Diante da repercussão negativa, a peça, intitulada “Canção da Amizade 2023”, acabaria sendo apagada pela emissora estatal israelense.

“No próximo ano”, dizia a letra, “não haverá mais nada lá e voltaremos com segurança para nossas casas. Em um ano, aniquilaremos todos e, então, voltaremos para arar nossos campos”.

A doutrinação das crianças israelenses para que, desde cedo, aprendam a odiar os palestinos é apenas uma das questões que revoltam Angélica Reis, que trabalha no Sindicato dos Servidores do Ministério Público de Pernambuco. “Eles [israelenses] não chamam o palestino de ‘palestino’, porque quando você chama o palestino de ‘palestino’, você está reafirmando que o palestino existe. Eles chamam todos de árabes, na melhor das hipóteses, porque o termo mais comum que eles usam é ‘porcos’”.

Angélica Reis é cofundadora da Aliança Palestina-Recife. Ela e André Frej, servidor público federal e integrante do mesmo coletivo, conversaram durante uma hora com nossa equipe para falar sobre a fundação do Estado de Israel, os conflitos atuais entre sionistas e palestinos e as perspectivas da resistência árabe.

André Frej é membro da comunidade palestina de Recife. Seus pais nasceram em Belém, na Palestina, antes da fundação do Estado de Israel. Em 1949, logo após a Nakba, sua mãe veio com outros familiares. Seu pai, por sua vez, que havia participado dos levantes da década de 1930, ficou em Belém, onde chegou a trabalhar em fábricas de tecidos, mas, diante da situação extremamente desfavorável, veio para Recife.

Nosso entrevistado foi o segundo integrante da comunidade palestina a ingressar na Aliança Palestina. O coletivo surgiu em 2014 e, ao contrário do Comitê de Solidariedade Palestina-Pernambuco, que surgiu após o 7 de Outubro e, por suas  características, tende a ser uma organização sazonal, restrita ao período dos bombardeios, a Aliança Palestina tem atuado ao longo de todos esses anos. “A causa palestina é o nosso carro-chefe, o motivo de nossas lutas”, destacou Angélica Reis.

Conforme revelado à nossa equipe, os integrantes da Aliança Palestina-Recife já tiveram vários enfrentamentos com a direita, incluindo ameaças de morte. André Frej e Angélica Reis também contaram que a Praça da Palestina, conquistada após iniciativa do coletivo, teve a sua placa recentemente quebrada. “A ação de vandalismo”, afirmou André Frej, “partiu dos grupos da extrema direita fascista do Brasil”.

Outrora defensora da “solução de dois Estados”, a Aliança Palestina-Recife hoje entende que isso já não é mais possível. O coletivo defende, segundo André Frej, “um Estado único onde muçulmanos, cristãos e judeus viveriam em paz”.

Quando perguntados sobre as acusações de antissemitismo, os nossos entrevistados não se intimidaram: “o que Israel faz com os palestinos também é antissemitismo, porque os palestinos também são semitas”, disparou Angélica Reis. André Frej, por sua vez, afirmou que “o sionismo sequestrou o judaísmo para justificar a limpeza étnica da Palestina”. Os entrevistados foram além e compararam as atrocidades israelenses àquelas praticadas pelo nazismo. “O sionismo”, afirmou Angélica Reis, “é muito, muito pior que o nazismo”.

Confira a entrevista na íntegra:

DCO: Que evento motivou a fundação da Aliança Palestina-Recife?

Angélica Reis: Os atentados de Israel em 2014. Não posso dizer que foi parecido com o que a gente está vendo hoje, porque o número de mortos na época foi cerca de 2.000. Hoje, estamos com mais de 18.000 mortos, né? Então, o que acontece hoje tomou uma proporção totalmente diferente. De cinco investidas de bombardeios contra a Faixa de Gaza durante esse período, este é o mais letal. Já estamos com quase 8.000 crianças mortas, temos mais de 50.000 feridos. E quando falamos de feridos, não estamos falando de uma pessoa que está com um corte no dedo. São amputações, são crianças com o corpo praticamente todo queimado, são sobreviventes das bombas de fósforo branco. Então, é uma situação muito, muito, muito desesperadora. O nascimento da Aliança ocorreu em uma situação parecida, mas era bem menos agressiva do que o que a gente está vendo agora.

Angélica Reis

DCO: Apenas palestinos integram a Aliança Palestina-Recife?

AR: Não. Hoje, por sinal, cresceu o número de descendentes. Mas, inicialmente, na criação da Aliança, só existia um descendente de palestino. André Frej entrou pouco tempo depois da criação da Aliança, então se tornou o segundo, e hoje nós temos mais dois descendentes também. Então, hoje nós temos quatro descendentes na Aliança. Em nosso pequeno grupo de 10 pessoas, as outras seis não têm nenhum vínculo, além do humanitário, com a questão da Palestina. Qualquer pessoa pode entrar no coletivo da Aliança Palestina Recife? Pode, mas vai depender de alguns critérios, porque como é um coletivo e todos os seus integrantes são voluntários, para você fazer as ações, fazer as coisas acontecerem, é preciso ter um comprometimento muito grande. Então, isso é muito difícil de você conseguir. Vocês [militantes do PCO] são testemunhas disso. Vocês chegaram há pouco tempo no comitê e já fizeram muito mais que outras pessoas que estão ali desde a criação. Como são voluntários, fica muito difícil de você cobrar. Mas em nosso grupo, na Aliança, a gente pega as ações e faz com que elas aconteçam. Então, não é qualquer pessoa que pode entrar, porque você realmente tem que ser bem dedicado à causa.

André Frej

DCO: A Aliança Palestina-Recife já teve enfrentamentos com a direita?

AR: Alguns integrantes da Aliança sofreram ataques em 2015. Uma pessoa em Israel pegou os nossos perfis pessoais e os mencionou em uma publicação, afirmando que a gente estava gerando ódio contra a comunidade cristã e judaica em Recife e que deveríamos ser caçados. Isso gerou muito, muito problema, porque eram discursos de ódio, eram ameaças de morte, era uma situação muito séria. Uma das pessoas ligadas à Aliança estava nos Estados Unidos e teve que ir até a Embaixada, porque pegaram o endereço dessa pessoa. Sabe aquela coisa de você postar a localização, pegar o endereço dessa pessoa? Então, ele acabou tendo que ir para a Embaixada do Brasil em Nova Iorque para poder pedir ajuda, pedir socorro, porque as ameaças de morte eram muitas. Então, esse foi o caso mais sério que se estendeu por alguns anos. A Polícia Federal chegou a entrar, foi uma situação bem complicada. Fora isso, não houve muitos problemas. Esses impasses com a direita, nesse período agora do governo Bolsonaro, que foi uma geração de ódio em cima de ódio no Brasil, não chegou a nos afetar.

André Frej: Nos nossos atos de rua, é comum representantes da direita nos xingarem, nos chamarem de terroristas e de outros adjetivos, porque a gente tem um histórico de muitos atos realizados, bem como protestos e manifestações e idas ao consulado dos Estados Unidos, como quando Trump resolveu transferir a Embaixada de Telavive para Jerusalém e outras situações. Dentro dos espaços legislativos, a gente conta com a parceria significativa de um vereador do PSOL, Ivan Moraes, que, ao longo dos últimos anos, em seus mandatos, realizou sessões públicas, audiências públicas e, nessas audiências e sessões, especificamente, a gente não teve a presença da direita. Foram sessões, por exemplo, como a que celebrava ou rememorava os 70 anos da Nakba, do início da limpeza étnica da Palestina. Mas em termos de enfrentamento com a direita, a gente poderia citar a vandalização da placa da Praça da Palestina, cuja inauguração ocorreu em 14 maio de 2022. No período crítico da eleição presidencial, a gente recebeu a informação de que a praça havia sido vandalizada.

Evento de 70 anos da Nakba

E aqui a gente tem que fazer um parêntese para dizer que nós tivemos embates e discussões de ideias com a comunidade judaica do Recife, mas em termos de agressões, de falta de convivência, isso nunca aconteceu. Então, a gente certamente pode associar ou suspeitar de que essa ação de vandalismo na Praça da Palestina partiu dos grupos da extrema direita fascista do Brasil, que são subdivididos nos segmentos da polícia, dos pentecostais e neopentecostais e da própria classe média saudosa do período da ditadura militar. Assim, dentro desse espectro da extrema direita é que a gente pode suspeitar quem teria sido responsável pelo vandalismo da Praça da Palestina.

DCO: Como é que vocês explicam o que é a causa palestina para o público em geral?

AF: Antes de mais nada, a gente ressalta que a causa palestina simboliza a defesa dos direitos humanos em todas as suas dimensões, porque ela representa a luta do movimento negro, a luta das comunidades quilombolas, a luta dos povos originários, a luta em defesa da questão ambiental, a luta de movimentos LGBTQIA+… todas essas causas estão simbolizadas na luta do povo palestino porque, em certo sentido, a luta contra a opressão encerra todas essas lutas. Muitas vezes se pergunta: no mundo muçulmano, existe uma certa opressão às mulheres, né? E a gente responde que, efetivamente, o machismo existe em qualquer sociedade. E, no caso da Palestina, além de enfrentar o machismo cotidiano, as mulheres têm que enfrentar a opressão de uma ocupação militar e a luta pela sobrevivência. A gente pode inserir neste contexto da causa palestina a luta das pessoas portadoras de necessidades especiais, porque a gente tem casos relatados, inclusive bastante difundidos, de pessoas portadoras de necessidades especiais que foram assassinadas pelo exército de Israel. Então, a causa palestina é uma defesa dos direitos humanos de uma maneira mais ampla. É a luta por um território que pertencia ao povo palestino e que o projeto colonial sionista usurpou a partir de 1948, com a Nakba, com a limpeza étnica, com a catástrofe, quando, de forma injusta, a ONU decidiu por uma partilha, separando para o futuro Estado de Israel 57% do território em áreas cultiváveis, em áreas com recursos naturais mais profícuos, enquanto as áreas desérticas ficariam para o futuro Estado da Palestina, que nunca se estabeleceu. E é uma área desértica, uma área sem possibilidade de se cultivar. Sem falar que, no período em que se partilhou a Palestina, 1,5 milhões de palestinos viviam na Palestina, contra aproximadamente 640 mil eurojudeus e eurojudias.

AR: Tem a questão da própria luta pela moradia. Os palestinos vêm perdendo suas terras, suas casas. Era uma coisa deles, já conquistada, não só na Faixa de Gaza, como a gente vê os bombardeios destruindo tudo, como na Cisjordânia ocupada, né? A quantidade de assentamentos que você tem na Palestina, na Cisjordânia, são quilômetros e quilômetros de muros que separam as cidades… Então, a gente traz para a sociedade esse olhar que a mídia não mostra. A gente traz para as pessoas em congressos, em seminários, em palestras, nos nossos atos. Eu falo que a questão da Palestina é a questão mais injusta que o mundo já vivenciou, porque são 75 anos. Vamos entrar agora para 76. E o mundo não faz nada enquanto eles estão lá, sendo massacrados, mortos, gritando, pedindo socorro, pedindo ajuda e ninguém olha para eles. Então, a gente tenta trazer isso para as pessoas aqui, com um olhar mais claro, sem véu, sabe? Sem meias palavras. É fazer com que as pessoas tenham consciência do que é a causa palestina, que ela vai muito além, como André citou. O pessoal do movimento negro se identifica, o movimento das mulheres se identifica. Então é uma causa que acaba englobando várias coisas. Trata-se não só de uma colonização, como um apartheid dentro dos territórios palestinos. E isso precisa acabar.

Integrantes da Aliança Palestina-Recife

DCO: O que vocês recomendam ler para saber mais sobre a história de Israel?

AR: Tem um livro que é quase um mantra para você poder entender um pouco da situação, que é o do Ilan Pappé, A limpeza étnica da Palestina. Você tem um outro muito, muito bom, que é A questão palestina, de Edward Said.

AF: Tem um livro de um historiador brasileiro, Sayid Marcos Tenório, que eu acho que é uma das obras mais abrangentes sobre a questão palestina, que é Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência. Eu acho que é uma leitura essencial também. Tem também Expulsão dos palestinos, de Nur Masalha, que detalha como se deu o processo de limpeza étnica, a questão do plano Dalet que o próprio Ilan Pappé fala. Tem ainda Viagem à Palestina, de Adriana Mabilia, que fala especificamente sobre a situação em Gaza, e Nakba, de Soraya Misleh, companheira do PSTU, que detalha também o processo de limpeza étnica. Há também as obras que ajudam a compreender também a questão por outros aspectos. A indústria do Holocausto, de Norman Finkelstein, demonstra como o sionismo usou o episódio do Holocausto para potencializar a causa judaica e a criação de um lar nacional para o povo judeu da Palestina, que era o mantra do sionismo. Os próprios livros de Shlomo Sand, dentre entre os quais A invenção do povo judeu, que traz questões que são paralelas, mas que são importantes para uma compreensão mais global da questão palestina. Mas, essencialmente, a questão palestina se trata dessa disputa por territórios a partir do surgimento do sionismo e um projeto que pretendia eliminar a Palestina do mapa, né? Porque, na origem do sionismo, uma das falácias, a gente pode falar até de se tratar da primeira fake news da história, era de que se tratava de uma terra sem povo para um povo sem terra, como se não existisse um povo originário habitando a terra palestina desde tempos imemoriais.

Livro Limpeza étnica da Palestina, de Ilan Pappé

DCO: O que vocês têm a dizer sobre a alegação de que estariam aumentando as manifestações de antissemitismo no mundo?

AR: Primeiro, deixar claro que para os leitores que você ser antissionista nada tem a ver com ser antissemita. Um é um movimento religioso, o outro é um movimento de limpeza étnica. Então, vamos lá. O sionismo é um movimento político de extermínio da população palestina e tomada daqueles territórios ocupados pelos palestinos. Por outo lado, quando você fala de antissemita, você tem que deixar claro que os palestinos também são semitas. E aí é onde tem a questão da narrativa do sionismo, que inverte os fatores, né? Eles pegam e criam situações. Hoje, quando você fala antissemitismo, as pessoas associam logo a um ódio ao judeu. Mas o que Israel faz com os palestinos também é antissemitismo, porque os palestinos também são semitas. A questão de estar crescendo o antissemitismo para os judeus, eu não posso negar. Mas isso está acontecendo porque Israel está fazendo com que isso aconteça. As pessoas que nunca ouviram falar da questão Israel-Palestina e hoje estão assistindo a esse massacre, a esse genocídio televisionado, automaticamente ficam com raiva. E quando elas não conseguem separar o governo sionista de Israel dos judeus, acontece esse problema.

Se você olhar, o sionista André Lajst falou em uma entrevista que 90 e poucos por cento dos sionistas são judeus. Mas ele é incapaz de entender a diferença. A ideia do sionismo inicialmente era a de criar um lar para o povo judeu. Não necessariamente na Palestina, porque não era só a Palestina que era o foco dessa criação desse lar judeu. Também estavam cotadas a África [em Uganda] e a Argentina. Então não era nada sagrado, né? Então, quando o judeu sionista tinha essa visão da criação de um Estado para se sentir protegido das perseguições que o mundo fazia contra eles, tudo bem. Mas quando você se diz sionista e compactua com o extermínio de toda uma população, aí isso tem que acabar.

AF: Sobre essa questão de os sionistas propagarem que toda crítica ao Estado genocida de Israel seria uma postura antissemita, na verdade, é uma disputa de narrativa. Ela tenta minimizar os crimes de lesa-humanidade cometidos pelo Estado de Israel. Mas, em contrapartida, a gente encontra no seio das comunidades judaicas espalhadas pelo mundo centenas, milhares de judeus e judias que se opõem ao Estado de Israel. Não ao governo de extrema direita que governa Israel, mas sim a todo o projeto sionista, porque a crítica é ao Estado de Israel, que leva adiante esse processo de limpeza étnica. É verdade que o sionismo sequestrou o judaísmo para justificar a limpeza étnica da Palestina. E aí não é só uma luta – a gente pensa, enquanto a aliança das comunidades judaicas – dos segmentos judaicos de libertar o judaísmo do sionismo. Eu acho que é uma tarefa de todas e todos nós. A gente precisa ajudar a resgatar o judaísmo do sionismo. Não há problema em se ter uma postura antissionista, nós nos declaramos 100% antissionistas. A gente tem até camisa da Aliança Palestina se declarando antissionista. Somos todos antissionistas. Mas os crimes de lesa humanidade, o genocídio, os massacres, as carnificinas promovidas pelo Estado terrorista de Israel, que pratica terrorismo de Estado, está criando no seio da comunidade internacional um movimento antissemita, antijudaísta. Eu acho que esta é uma tarefa nossa, do conjunto das pessoas que têm um senso de humanidade, que buscam uma convivência pacífica entre todos os povos e todas as religiões: ajudar as comunidades judaicas que se opõem ao sionismo. Essa tarefa é nossa. Repito: resgatar o judaísmo do sionismo.

DCO: Qual a posição de vocês sobre a “solução de dois Estados”?

AF: Hoje, a Aliança entende que a “solução de dois Estados”, pela própria dinâmica da história, se tornou inviável. Já não é possível o estabelecimento de dois Estados com o quantitativo de assentamentos, não só na Cisjordânia, mas também na Faixa de Gaza. Há dezenas de assentamentos. Obviamente, quando Israel resolveu transformar a Faixa de Gaza em seu experimento social genocida, ele retirou os assentamentos para poder transformar Gaza em um laboratório bélico, um laboratório de experimento de armas e armas químicas, inclusive. Em 2008, foi a primeira vez que Israel usou armas químicas. As armas que Israel utiliza em Gaza, recebem, digamos assim, um selo de qualidade – é até chocante a gente falar isso, né? – para serem vendidas no mercado internacional.

Quem mais lucra com a situação na Palestina, com essa ocupação militar na Palestina é a indústria bélica internacional. Está aí o interesse dos Estados Unidos em permanecer para sempre com esse conflito, vetar todas as resoluções da ONU, não só resoluções da ONU em relação a ajudas humanitárias em momentos específicos, mas vetar a criação do Estado palestino, porque, hoje, na ONU, desde 2012, o Estado palestino é um Estado observador. Então, na Cisjordânia, você hoje tem 700 mil colonos vivendo lá. Isso, como eu disse, inviabiliza a “solução de dois Estados”, porque você não vai conseguir retirar todos esses colonos que hoje vivem na Cisjordânia sem causar um trauma imenso. Inclusive, as pessoas que lá estão já constituíram família. Então, para nós, da Aliança Palestina-Recife, a “solução de dois Estados” perdeu seu tempo histórico. Hoje, a gente defende o mesmo que o movimento internacional, e a gente pode citar o próprio Ilan Pappé, autor de A limpeza étnica da Palestina, entre outras personalidades, que entendem que a única solução possível para encerrar de vez com esse conflito duradouro e essa limpeza étnica continuada, esse processo de ocupação militar que visa, na verdade, a expulsão do povo palestino de suas terras, é um Estado único onde muçulmanos, cristãos e judeus viveriam em paz.

Do ponto de vista prático, como é que a gente vislumbra esse Estado? Poderia, por exemplo, ser um Estado federado. Onde os dois povos tivessem, nas suas delimitações territoriais, a sua própria governança teria, e o poder central, a partir de uma Constituição única, estabelecesse esses parâmetros para a constituição de um Estado único, um Estado laico, um Estado democrático, um Estado sem um supremacismo, sem uma prevalência de uma religião ou de qualquer outra espécie de supremacia, sem apartheid. Porque hoje Israel é um Estado teocrático, inclusive a própria Constituição estabeleceu isso. Então, para nós da Aliança Palestina-Recife, defendemos que, hoje, a evolução histórica nos leva a defender um Estado único onde as pessoas que professam a fé judaica, pessoas que professam a fé cristã e pessoas professam a fé no Islã convivam harmonicamente. Tal qual, ao longo de toda a história da Palestina, aconteceu, porque, até a autoproclamação do Estado de Israel, pessoas judias, pessoas cristãs e pessoas muçulmanas viviam em paz.

Outra coisa que defendemos é o retorno dos seis milhões de refugiados pelo mundo. Isso a gente não negocia, somos intransigentes neste ponto.

DCO: Vocês veem algum exagero na comparação do tratamento dado pelos sionistas aos palestinos ao tratamento dado pelos nazistas aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial?

AR: Eu acho muito pior, eu acho muito pior. Eu sempre falo isso porque hoje você tem uma tecnologia muito avançada. Você não tinha isso na época dos nazistas. E, assim, eles aprenderam de todas as formas como matar. Israel sabe todas, sabe todas: deixar um povo sem comida, deixar um povo sem água, deixar um povo sem remédios no hospital… Então, assim, todas as atrocidades que você possa imaginar, Israel faz na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, entendeu? Então, eu considero o sionismo muito, muito pior do que o nazismo. Muito pior! O problema é que o nazismo acabou pela ganância de Hitler de querer conquistar e conquistar mais territórios. Aí o mundo olhou e falou assim: ‘se a gente não parar esse cara agora, daqui a pouco ninguém segura’. Mas ninguém faz isso com os palestinos. Porque Israel até então está indo em cima da Palestina. Está indo agora para o lado do Líbano. Se ele começar indo para o lado de Líbano, Jordânia, Síria, o mundo vai começar a dizer ‘que que tá acontecendo aqui?’. Mas enquanto ele estiver fazendo isso só com os palestinos, o mundo parece que não vai olhar.

AF: Eu acho importante falar não só do ódio que é ensinado de geração em geração, como também da questão do apagamento, da invisibilidade da história da Palestina, do povo palestino. Porque foi assim que se deu o início do processo da Nakba, né? As crianças e as gerações que foram crescendo em Israel foram ensinadas não só a odiar o povo palestino, como elas foram ensinadas de que a Palestina seria uma ficção, ou seja, que nunca existiu a Palestina, que lá era um território que nunca foi habitado. E, assim, essa narrativa sionista, inclusive, ela aproveitou o momento de expansão da indústria cultural, né? O surgimento dos grandes meios de comunicação, os meios de comunicação de massa. Para todo o Ocidente, essa mesma narrativa era passada não só pelos meios convencionais de informação, mas também através da indústria cultural em si. O cinema é um dos maiores propagadores da islamofobia, da palestinofobia, desse ódio ao mundo árabe, comparando-os a bárbaros, né? Embora o termo ‘bárbaros’ seja usado erroneamente do ponto de vista histórico… Todo o olhar com que o Ocidente passou a enxergar o Oriente, como Edward Said falava, em sua obra clássica Orientalismo, foi construída a partir dessa aliança dos Estados Unidos com a entidade sionista chamada Israel. Então, essa narrativa serviu para perpetuar, para petrificar o entendimento do Ocidente de que Israel inclusive se protegia, porque seria o povo palestino que estaria agredindo, usando meios ultrajantes para atingir Israel, o que é uma falácia absoluta, porque o Estado de Israel sempre usou de todas as formas, de todos os meios proibidos e excessivos para exterminar o povo palestino.

AR: Isso que o André está falando é o que acontece desde o Ensino Fundamental em Israel. Para eles, o Estado de Israel nasceu em 1948, mas naquela terra não havia ninguém. Outra coisa que eles fazem é não chamar o palestino de “palestino”, porque, quando você chama o palestino de “palestino”, você está reafirmando que ele existe. Então, eles chamam todos de árabes, na melhor das hipóteses, porque o termo mais comum que eles usam é “porcos”. Assim, Israel vai desumanizando para ficar mais fácil de matar. Essa criança israelense, ela não vai ter contato com o seu igual palestino até os 18 anos, que é quando os israelenses são obrigados a servir o exército e vão para os campos de ocupação dentro da Palestina. Então, aquele jovem de 18 anos israelense, ele já vai na força do ódio para a ocupação palestina. Sabe, isso é uma coisa criada desde a base. Por isso que eu falo que é muito difícil essa convivência, porque eles nunca tiveram contato. E quando tem o contato, é aquela coisa assim: “você é meu inimigo amigo, você quer tomar minha terra”, porque na cabeça do israelense, aquela terra sempre foi dele.

DCO: Como vocês veem a constante tentativa de enquadrar a resistência palestina como “terrorista”?

AF: Assim, a gente já começa respondendo com aquela frase de efeito: “terroristas são vocês que invadiram nossas terras”. Enfim, é mais uma forma desse processo de desumanização do colonizado. Frantz Fanon vai falar sobre isso. Em todo o processo que ele analisa das colonizações, principalmente nos países africanos, se deu isso. Não é só o povo palestino, em sua luta armada, sua luta por liberdade, sua luta em defesa do seu próprio território, que recebeu essa pecha de “terrorismo”. A gente cita exemplos clássicos, da luta do povo vietnamita, do próprio Nelson Mandela, né? Em todo o processo de apartheid na África do Sul, ele foi considerado um terrorista. É uma forma utilizada sempre pela ideologia dominante, que está ao lado, neste caso, do sionismo. A gente pode fazer o paralelo também com os Estados Unidos, que advogam para si a possibilidade de levar a civilização para o mundo, de considerar todos os povos como sub povos, como povos bárbaros e outras expressões mais. Então, essa narrativa, essa tentativa de vincular as lutas anticoloniais, as lutas em defesa dos seus próprios territórios e as lutas por independência ao “terrorismo” já faz parte do processo histórico. E o povo palestino termina sendo vítima desse processo de desumanização também e, por isso, precisa reagir.

A gente da Aliança Palestina-Recife sempre destaca o apoio incondicional à luta anticolonial palestina. Porque é uma luta de resistência. Todos os movimentos de resistência são os movimentos que garantem que até hoje a Palestina consiga sobreviver. Porque se a gente for analisar, do ponto de vista prático, a geografia atual da Palestina, na verdade, daqueles 22% do território que Yasser Arafat, em 1993, aceitou para a criação do futuro Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, hoje, menos de 10% seriam parte do território efetivo da Palestina, por causa da presença da ocupação militar e cada vez mais dos assentamentos judaicos. E, aqui, a gente também faz a ressalva de que quem ocupa hoje o território palestino são eurojudeus e eurojudias, porque todo esse processo migratório, na verdade, teve como objetivo promover a expulsão de judeus e judias da Europa. E aí cabe a pergunta: por que não deram parte da Alemanha para a criação do futuro Estado de Israel? O povo palestino nada teve a ver com o Holocausto na Segunda Guerra Mundial, então por que termina sendo culpado, sendo a vítima de todo esse processo? Hoje, a gente pode afirmar efetivamente que quem sofre o holocausto é o povo palestino.

Yasser Arafat

AR: É preciso analisar quais são os países que colocam o Hamas como grupo terrorista. São todos os países que estão do lado de Israel: Estados Unidos, França, Inglaterra… São justamente os países, os governos que têm interesse que esse conflito continue, que esse massacre continue. A própria ONU não faz essa categorização do Hamas como grupo terrorista. Por quê? Porque, de acordo com a ONU, todo povo em regime de colonização tem o direito à resistência, incluindo a resistência armada. Então, por exemplo: os ucranianos são considerados “heróis”, mas o palestino é “terrorista”. A gente precisa deixar bem claro que o Hamas não é um grupo “terrorista”. É um grupo de resistência. É um grupo para a sobrevivência daquele povo que está ali. Se você olhar todos os vídeos que o Hamas fez na troca de reféns, você verá de fato quem são os terroristas. Nos poucos depoimentos das pessoas que burlaram as ordens do governo de Israel, os reféns israelenses falaram sobre as ações do Hamas: ‘fomos bem tratados, fomos alimentados, fomos medicados’. Uma menina que estava com o cachorrinho dela foi bem tratada, uma mãe que estava com uma criança de oito anos fez uma carta incrível e entregou para os líderes do Hamas agradecendo o quanto a filha dela foi bem tratada, falando que ninguém merece estar em uma situação de refém, mas que a filha estaria saindo dali sem nenhum trauma, porque foi tratada como uma rainha. Isso a mídia não mostra. Nem mostra que os presos palestinos sendo torturados, estão sendo presos administrativamente, que é uma prisão que Israel cria para o povo palestino, que não precisa justificar crime nenhum. Eles estão nus no frio, sem comida, sendo torturados, sendo colocados em calabouços e ninguém fala nada. E o “terrorista” é o palestino. O “terrorista” é o Hamas. Neste “conflito”, entre aspas, que está acontecendo agora, eles tentaram apagar a imagem do palestino completamente. Todos os palestinos eram “Hamas”, e o Hamas é “terrorista”. Não importa se você mata um bebê recém-nascido, se você desliga a energia daquele hospital onde tem vários bebês na incubadora que morreram por falta de energia, que foi desligada por Israel: o “terrorista” é o Hamas. A gente precisa mostrar de fato o que acontece e categorizar de fato: o Estado de Israel é um Estado terrorista. O povo palestino e o Hamas não são “terroristas”, eles são a resistência. Eles resistem para existir. É diferente.

AF: A nossa defesa não é especificamente do Hamas. É preciso dizer que o Hamas é um movimento político e um partido político que foi eleito democraticamente, com a comunidade internacional reconhecendo as eleições na Faixa de Gaza, que deram ao Hamas o poder sobre o enclave. Existem, dentro do Hamas, as brigadas que fazem a luta armada, a luta pela independência da Palestina, a luta anticolonial. A gente não defende especificamente o Hamas, mas todos os movimentos de resistência que fazem a luta anticolonial palestina. A gente cita também a Jiade Islâmica, o próprio Hesbolá, no Líbano, os Hutis, no Iêmen… A gente também cita que, em um período histórico, o Fatá tinha suas brigadas também, que faziam a luta armada, a própria luta histórica da OLP, a Organização pela Libertação da Palestina, capitaneada por Yasser Arafat, que depois veio receber o Prêmio Nobel da Paz, assim como o Nelson Mandela, que um dia foi chamado de “terrorista”, mas depois passou a ser idolatrado pelo Ocidente.

Mas dentro dessa linha de raciocínio, da forma como o Ocidente constrói essa narrativa e essa qualificação de quem é quem na disputa territorial, tem um aspecto do direito internacional que precisa ser ressalvado em relação à Operação Tempestade Al-Aqsa. A gente não tinha acesso aos dados específicos das operações onde aconteceram para poder analisar os sequestros realizados pelo Hamas, por exemplo. Onde estavam as pessoas sequestradas pelo Hamas? Se, mesmo os reféns não sendo militares, porque a maioria, todo jovem, homem e mulher em Israel serve ao exército por no mínimo um ano, mas muitos durante três anos, tirando o pessoal que é da linha ultraortodoxa judaica, que são isentos do serviço militar, os grupos de resistência da Palestina enfrentam o exército, então não pode ser tratado, em nenhum aspecto, como “terrorismo”. É uma luta anticolonial.

As pessoas que foram feitas reféns estavam em território palestino ocupado. O direito internacional considera essa pessoa como uma pessoa a serviço da colonização. A mídia, a serviço do sionismo, tratava os sequestrados como reféns, mas não: essas pessoas que foram feitas reféns pelo Hamas, na verdade, eram combatentes, porque elas serviam ao propósito da ocupação de colonizar o território palestino. 

Tropas do Hamas

DCO: Há algo a mais que gostariam de falar?

AF: Gostaria de falar do genocídio midiático. Neste momento específico, a partir do 7 de Outubro, eu acho que para nós da Aliança Palestina-Recife tem sido um momento em que a gente está precisando enfrentar de uma forma mais enfática, mais contundente, todo um discurso desfavorável à causa palestina. Porque cada vez mais a gente observa o sionismo cristão tomando conta das igrejas pentecostais e neopentecostais, do neoevangelicalismo e dos movimentos carismáticos da Igreja Católica Romana. Com esses segmentos, a gente não consegue dialogar, porque o fanatismo, o fundamentalismo religioso cega as pessoas. Por outro lado, a gente também teve que enfrentar as chamadas milícias virtuais do bolsonarismo, que, assim que nós começamos a reagir ao cerco midiático, ao genocídio midiático, vieram à tona. Esse é um dos momentos mais nefastos da história da mídia brasileira, essa desinformação do que está acontecendo na Palestina neste momento. Já a partir do 7 de Outubro, são 24 horas no ar de propaganda de guerra. A gente também, nos espaços virtuais em que a gente poderia combater essa narrativa hegemônica, nós enfrentamos essas milícias virtuais, que, como eram absolutamente maioria, conseguiam silenciar, apagar e cancelar nossas vozes que se levantavam em defesa da Palestina. A gente tem que registrar isso aqui, que tem sido um dos momentos mais terríveis para a defesa da causa palestina.

DCO: Há também os casos de censura…

AF: Sim. O Sayid Marcos Tenório, por exemplo, perdeu logo o emprego. Também há a questão das empresas, que censuram as postagens a favor da Palestina. Então, é um massacre midiático que a gente está vivenciando.

Inclusive a gente exalta aqui o surgimento, a criação deste Comitê de Solidariedade ao povo palestino em Pernambuco, como outros no Brasil inteiro, e o da Articulação Nacional, porque tem sido um suporte, um espaço em apoio. A gente só tem a saudar o surgimento desse comitê de solidariedade e a todos e todas vocês que estão lado a lado com a gente na defesa da causa palestina.

AR: E lembrando que tivemos muitas manifestações de apoio. Não foi uma, duas, nem três. Foram diversas manifestações mundo afora. Uma coisa gigante, de milhões de pessoas nas ruas. Não só nos Estados Unidos, como na França. O governo francês proibiu as manifestações pró-palestina e os franceses foram para as ruas. Estão sendo presos aos montes. Eu não sei onde eles vão colocar tanto manifestante na cadeia, porque, a todo momento, eles saem para fazer um protesto. Os Estados Unidos já prenderam mais judeus do que qualquer outro país, com exceção da Alemanha, nesses últimos 60 dias, porque um grupo gigante de judeus se levantou contra esse genocídio e eles gritam em alto e bom som “não em nosso nome”, justamente para fazer essa separação entre judaísmo e sionismo. Estão sendo calados, estão sendo silenciados. Várias entidades de apoio à causa palestina estão tendo as suas redes derrubadas. A Aliança já passou por várias situações de ter postagens retiradas de ameaças de exclusão da conta definitiva. Ou a gente exclui aquela postagem, ou a gente vai perder a conta. Então, essa perseguição, ela está global e você não vê isso na mídia.

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