Na última semana, um grupo de pessoas que se autodenominam “sionistas de esquerda” publicou uma nota acerca do conflito entre o Estado Nazista de Israel e o povo palestino. Em oposição aos membros do governo de Benjamin Netanyahu, que estão dando uma série de declarações bárbaras, ameaçando “limpar a Faixa de Gaza”, os tais “sionistas de esquerda” procuram se mostrar como pacifistas, lamentando os “horrores” da guerra:
“Muito sangue, dor e lágrimas ainda vão rolar. A guerra está em curso e ninguém é capaz de prever quanto tempo vai durar nem o número de vítimas. As imagens são insuportáveis, a barbárie total mostra de crianças a velhos degolados, populações civis sem ter o que comer e beber”.
O problema é que lamentar não basta para parar o genocídio em curso. Que a “guerra” – isto é, o massacre dos palestinos causado pelos sionistas – é um horror, é um consenso. A questão é: o que fazer para os palestinos pararem de morrer diariamente?
Eis a proposta dos sionistas: “construir as bases para a retomada do diálogo em vista da criação de um Estado palestino é hoje, e será ainda mais amanhã, a prioridade das prioridades. Isto é uma evidência para a construção da paz e da segurança para israelenses e palestinos. A democracia israelense corre sério risco de não sobreviver se um Estado palestino não for criado em curto ou no máximo médio prazo. É uma urgência, de interesse de todos”.
A proposta dos sionistas de esquerda, portanto, é a mesma proposta cínica que já foi feita no final da primeira metade do século XX: a “solução” de dois Estados. isto é, um Estado palestino e um Estado judeu.
Já na época, há mais de 75 anos, os árabes denunciaram que essa proposta era criminosa. Todos os países se revoltaram – e com razão – contra a proposta de dois Estados no território da Palestina, mas foram sumariamente ignorados pela Organização das Nações Unidas (ONU), cujos representantes foram todos cooptados pelo imperialismo norte-americano. O que os árabes afirmavam à época vale até hoje: a “solução” de dois Estados é a consolidação do roubo do território palestino. O território pertence aos árabes, que lá estavam: por mais que, com os dois Estados, Israel não abocanhasse todo o território palestino, qualquer centímetro de terra cedido aos sionistas já era uma derrota para os árabes e uma vitória para o imperialismo.
Não é à toa que os sionistas se satisfizeram, na época, com a proposta de dois Estados. Assim, na prática, estavam dadas as condições para o estabelecimento do Estado de Israel, que, por meio de uma série de operações criminosas, iria expandir seu território nas décadas seguintes.
O que os “sionistas de esquerda” propõem, portanto, é que tudo permaneça como está. Isto é, que os palestinos permaneçam sob uma ocupação ilegal e criminosa. Mas não é só isso. Não se trata de apenas reconhecer que os árabes já estavam ali: a solução dos dois Estados é, no final das contas, inviável. Israel é um enclave imperialista, uma espécie de polícia que foi artificialmente montada para reprimir todos os povos da região. As pessoas que fundaram e que comandam o Estado de Israel têm uma ideologia verdadeiramente nazista e racista: consideram que os palestinos são “animais” e merecem ser mortos indistintamente. Em que condições seria possível coexistir pacificamente um Estado palestino e um Estado sionista?
A única mudança que o estabelecimento do Estado palestino provocaria é a escalada do conflito. A “guerra” deixaria de ser o massacre de um povo por parte de um exército equipado pelos Estados Unidos para ser um conflito entre dos exércitos, sendo que o segundo provavelmente seria equipado pelos russos e chineses. Isto é, a “solução” de dois Estados poderia levar a um conflito nuclear entre palestinos e sionistas.
A única solução possível é acabar com a excrecência do Estado de israel. Os “sionistas de esquerda”, ao defender a manutenção desse Estado criminoso, não estão agindo como um grupo de esquerda, nem progressista. Trata-se apenas de uma feição mais humana para a política do imperialismo: a de manter os povos árabes sob a ditadura nazista do Estado de Israel.