A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na última terça-feira (14), durante um congresso técnico com os presidentes de clubes, anunciou a instituição de punições por racismo em competições brasileiras. A decisão, por ser tão impopular no meio dos presidentes de clubes, não foi votada e simplesmente foi imposta. Os clubes deverão aceitar a medida sem nenhuma discussão. As punições vão desde multa de R$ 500 mil, perda de mando de campo ou jogo com portões fechados, podendo ainda o clube perder pontos no campeonato.
O texto diz que: “Considera-se de extrema gravidade a infração de cunho discriminatório praticada por dirigentes, representantes e profissionais dos Clubes, atletas, técnicos, membros de Comissão Técnica, torcedores e equipes de arbitragem em competições coordenadas pela CBF, especialmente injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia, procedência nacional ou social, sexo, gênero, deficiência, orientação sexual, idioma, religião, opinião política, fortuna, nascimento ou qualquer outra forma de discriminação que afronte a dignidade humana”. A medida demonstra o caráter ditatorial do regime político impulsionado pelo identitarismo. De fato, qualquer grito da torcida poderá ocasionar punição, visto que são mais de quatorzes itens que podem levar um clube à punição Abre-se espaço para a arbitrariedade, pois fica na mão de “juiz” do STJD aplicar qualquer tipo de punição. Em caso de reincidência a multa poderá chegar a um milhão de reais em caso de reincidência.
Quem frequentou e frequenta estádios de futebol, sabe que as torcidas, por questões históricas e de classe, fazem cânticos provocativos. Contudo, em nenhum momento há uma ideia clara de subjugar alguém. São palavras de ordem que se instauraram na história do próprio futebol. Um exemplo é no clássico Grêmio e Internacional (grenal) no Rio Grande do Sul. A torcida do grêmio fazia provocações chamando a torcida do inter de macaco, por ter o Saci como símbolo, e possuir um grande números de negros na sua torcida. A torcida do Internacional absorveu tão bem a ideia, que, em diversas vezes, todo o estádio cantava “Ah, eu sou macaco”, sem nenhum problema de racismo ou subjugação. Temos diversos exemplos na história do futebol, e, se por algum motivo, o negro não comparece mais ao estádio do futebol, são pelos preços exorbitantes dos ingressos e não por algum cântico qualquer.
A medida tem como plano de fundo o inverso a que se propõe. O que vai acontecer é um aumento da repressão contra os clubes de futebol e seus torcedores. Transferência de renda através das multas milionárias e um aumento do controle de resultados e classificações, pois um o STJD pode decidir retirar pontos de um clube na reta final de um campeonato “decidindo” o campeão.
Pela total liberdade de cantos das torcidas e expressão de seus funcionários. O fim do racismo ou qualquer outra forma de discriminação dará apenas pela via da liberdade, pela emancipação da sociedade, o que se pode ser alcançado com o fim do capitalismo. Impedir um torcedor de um clube de gritar e exacerbar no estádio, é amostra real do ditadura do capitalismo dito ‘democrático’.