No último dia 25, a Seleção Brasileira fez o seu primeiro jogo após a Copa do Mundo, um amistoso contra o Marrocos, que foi a sensação do último campeonato mundial. O jogo acabou 2 a 1 para os a seleção do norte da África, o que reforçou a campanha dos inimigos do futebol brasileiro.
A imprensa golpista brasileira, a serviço do imperialismo, intensificou a campanha por um técnico estrangeiro para a Seleção.
Walter Casagrande, colunista do UOL/Folha de S. Paulo, que já havia defendido técnico estrangeiro assim que a Copa terminou, reafirmou em mesa redonda, na TV Gazeta, que quer o italiano Carlo Ancelotti, atualmente no Real Madrid, para o comando do Brasil e como segunda opção o português Abel Ferreira.
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, confirmou o interesse em Carlo Ancelotti, o que mostra haver uma pressão sobre a entidade. Mas com certeza, há também uma divisão. Muitos setores se opõem à ideia de um estrangeiro.
Esse debate não tem nada a ver com a qualidade do técnico. O que está em jogo é o controle do futebol brasileiro pelo imperialismo. A presença de um técnico estrangeiro vai apenas reforçar a política de lobbie dos empresários para a convocação de determinados jogadores. Tendo um estrangeiro, sem nenhuma ligação com o Brasil, é muito mais fácil para os capitalistas forçarem nesse sentido.
Além disso, entregar a Seleção Brasileira para um estrangeiro é uma política de desmoralização que serve também aos interesses citados acima. Convencer o brasileiro de que um dos seus maiores bens culturais, na verdade, não seria grande coisa, é um passo importante para o controle econômico do futebol.
Ninguém explica por que o futebol brasileiro, que produz os melhores jogadores atualmente e da história, a única escola de futebol que realmente se pode chamar de original, não teria um técnico capaz. É óbvio que isso não tem lógica.
Não explicam, também, por que o Carlo Ancelotti, por exemplo, não treina a seleção da Itália. Se o futebol italiano é capaz de fornecer um técnico tão bom, por que a Azurra não consegue sequer se classificar há duas Copas seguidas?
No caso dos técnicos portugueses, qual seria a grande vantagem de ter um comandante de Portugal, país que não tem grandes vitórias no futebol e que, inclusive, se espelhou muito no estilo de futebol brasileiro? Não apenas por um problema abstrato da qualidade do futebol português, mas pelo próprio tamanho do futebol lusitano, com clubes que não chegam nem perto da expressividade dos times brasileiros.
A defesa de técnicos estrangeiros na Seleção está baseada numa falácia, a de que Abel Ferreira, no Palmeiras, e Jorge Jesus, no Flamengo, realizaram ótimas campanhas. Apontam esses trabalhos como exemplos, mas não dizem que esses times foram ou são os mais caros do Brasil. Não falam das outras experiências com os técnicos estrangeiros, que não foram a lugar nenhum.
O Real Madrid, que ganhou a última Champions League, contava com cinco brasileiros (metade do time): Marcelo, Eder Militão, Rodrygo, Casemiro e Vini Jr. Por que o mérito da vitória caberia a Ancelotti?
O verdadeiro significado dessa campanha é a entrega do futebol brasileiro, o que significa entregar as riquezas do nosso futebol, para os capitalistas estrangeiros, principalmente europeus.