O Botafogo de Futebol e Regatas é um dos maiores times do mundo. Sem dúvida, muito maior que o Olympique Lyonnais, da França. Ambos os clubes foram adquiridos pela Eagle Holdings do empresário norte-americano John Textor. Novamente, o milionário comprovou que pretende fazer do seu time no Brasil — um verdadeiro celeiro de craques — apenas uma peneira para o seu clube europeu.
No início deste ano, a jovem revelação do Botafogo em 2022, o driblador habilidoso Jeffinho, foi transferido para a França, na maior “venda” da história do clube brasileiro. Na verdade, se tratou apenas da transferência do ativo de uma “empresa” do conglomerado de Textor para outra do mesmo, ou seja, uma manobra para valorizar seu investimento.
Agora, foi anunciado que no final do ano Adryelson e Lucas Perri — respectivamente, um dos melhores zagueiros e goleiros do futebol brasileiro, integrantes da defesa menos vazada entre clubes do maior campeonato do mundo — serão enviados para o Lyon após o fim da temporada. Isto é, os melhores jogadores (e ainda bastante jovens) irão jogar no principal “investimento” do empresário, em detrimento da manutenção de um time vencedor no Brasil.
Esse fato comprova, novamente, que Textor que usar o Botafogo como mero fornecedor de craques para o futebol europeu. Mas, além disso, comprova que a SAF serve apenas para organizar um esquema do imperialismo com o futebol brasileiro. Os defensores da SAF apontavam que os times com investimentos, além de resolver o problema das dívidas, também conseguiriam segurar os bons jogadores aqui no Brasil, diminuindo o êxodo gigantesco de brasileiros para o exterior. Entre outras coisas, a privatização dos clubes chegaria para “salvar” o futebol brasileiro, uma verdadeira enganação.
Em alguma medida, a SAF do Botafogo, de fato, prolongou a permanência dos jogadores no Brasil. Não fosse isso, Adryelson, Perri, mas também Tiquinho Soares, artilheiro do Brasileirão, e ainda outros jogadores de grande destaque na competição, certamente teriam sido vendidos na janela de transferência do meio do ano. No entanto, o problema da fuga de jogadores para fora do país, um dos principais problemas do futebol brasileiro atualmente, não se resolve.
Ao contrário, as SAFs servirão para facilitar o esquema do imperialismo, levar os maiores ativos do melhor futebol do planeta principalmente para os clubes da Europa sem gastar um centavo. Isso acaba contendo um pouco da anarquia do mercado do futebol, porém impõe aos clubes brasileiros o papel de “puxadinho” das equipes da Europa. Criam-se conglomerados internacionais de clubes, isto é monopólios do futebol mundial – como a Eagle, a 777, do Vasco, e o Grupo City, do Bahia – para transferência de ativos a depender dos interesses.
Naturalmente, do ponto de vista financeiro, a preferência dos capitalistas sempre será beneficiar os clubes europeus. Portanto, o futebol brasileiro ficará prejudicado diante desse tipo de esquema viabilizado pelas SAFs.