A reta final dos principais campeonatos estaduais (SP, RJ, MG, e outros) do país — onde já são conhecidos os dois finalistas — expõe a etapa de crise pela qual passa o esporte mais popular do Brasil, o futebol.
Times considerados “grandes” foram eliminados por equipes de menor expressão, fenômeno que não pode ser caracterizado como acidental ou um fato isolado, pois envolve “gigantes” da envergadura de um São Paulo, Corinthians e Santos(SP); Botafogo(RJ) e Cruzeiro(MG), somente para citar alguns dos clubes de maior tradição, investimento e torcida.
Não por acaso, estão entre os que foram precocemente eliminados dos seus respectivos campeonatos duas das maiores camisas do futebol nacional — Cruzeiro e Botafogo — equipes que estão sob a administração de “investidores” do modelo Sociedade Anônima do Futebol(SAF), sigla que, na prática, tem por significado a privatização do clube.
Nunca é demais recordar que o modelo SAF (clube-empresa) foi aprovado em 2021, com a promulgação da lei ocorrendo em 2022. Logo no primeiro ano, 24 clubes aderiram ao novo formato de gestão, entre times da primeira e segunda divisão do futebol nacional. A experiência, no entanto, não pode ser apontada como bem sucedida; ao contrário, pois pelo menos três clubes de expressão nacional faliram ou foram muito mal sucedidos como “clube-empresa”. Citemos o Vitória(BA), o Figueirense(SC) e o Botafogo, de Ribeirão Preto-SP.
O problema, no entanto, não se restringe a clubes do futebol nacional. O modelo foi implantado também na Europa, muito antes de chegar por aqui. Também no velho continente, onde os investimentos das empresas são muito maiores, há o registro de casos envolvendo times da Itália, Espanha e Portugal que fracassaram na experiência de clube-empresa. Não ficou de fora nem mesmo clubes da China, onde há vultosas somas de capital injetado no futebol por capitalistas asiáticos, grupos árabes e europeus. O Grupo que controlava o Jiangsu Sunning fechou as portas e não houve compradores e, por isso, sequer foi inscrito na liga nacional do país, na temporada.
A ofensiva dos capitalistas (nacionais e estrangeiros) para assumir por completo o controle do futebol nacional é mais um degrau na escalada de crise do grande capital, que busca sobreviver às custas da destruição das economias dos países atrasados, avanço esse que se dá também nas atividades de entretenimento, na cultura e outros “nichos” que possam garantir lucros cada vez mais exorbitantes aos especuladores. No caso do futebol, são grupos que buscam explorar o esporte mais popular do mundo – que tem enorme apelo entre a população de todos os países – buscando com isso auferir lucros cada vez maiores, o que nesse momento de bancarrota do capitalismo é uma forma de evitar ou minimizar a debacle completa do modo de produção que transforma tudo e todos em mercadoria.