O programa Marxismo, apresentado pelos companheiros Rui Costa Pimenta, João Jorge e Henrique Áreas, discutiu a série de tuítes de Jones Manoel atacando o PCO. Nas postagens, o stalinista criticou o partido por ter o que ele chamou de “identidade operária”; portanto, os companheiros decidiram rebater às críticas no programa e desmontar esta tese absurda e esta maneira identitária de perceber o mundo e de classificar um partido revolucionário, típica de um pequeno-burguês acadêmico como o Jones.
Primeiramente, Rui explicou que essa é uma tentativa de traduzir o marxismo para a questão da identidade, mas que não tem nenhum sentido. Para um partido revolucionário, importa o caráter operário, enquanto é esta a classe que, por conta das contradições sociais, leva acabadamente o programa socialista; não tem nada a ver com como ela se identifica ou deixa de se identificar.
“A identidade é uma coisa na qual a pessoa se reconhece enquanto um determinado grupo; é uma coisa, em grande medida, subjetiva. Quando você se lança a construir um partido operário, você não está apelando a nenhuma identidade, seria até difícil saber qual seria a identidade operária. O trabalhador, o operário como classe explorada tem bem poucos atributos de identidade – você poderia até criar de forma artificial. Mas é um problema de condição social, não tem nada a ver com identidade, não é um problema de que ele se reconhece como operário”, explicou o companheiro.
A classe operária, aliás, sequer tem essa tal identidade. Como classe, tem a tendência a se identificar com a pequeno-burguesia ou com a burguesia até que passe por uma série de experiências que a convença do oposto – o operário gostaria de melhorar de vida, de viver de forma estável, de ser empresário, etc.
Ou seja, dizer que o PCO apela para uma identidade operária é algo absurdo. Na realidade, o PCO é um partido de classe. E a ideologia de um partido de classe não é “uma identidade operária”, nem uma exaltação do que seria essa identidade; na realidade, está mais próxima da defesa da destruição dessa suposta identidade. Afinal, busca destruir a condição em que o operário vive na sociedade, porque é um partido socialista, em que, se realizada, a classe operária deixaria totalmente de existir junto de todas as outras.
Apesar de não ir diretamente ao ponto, o que Jones Manoel quer dizer em sua sequências de tuítes é que por conta de o PCO não abandonar o marxismo e a luta de classes para adotar a política de identidades, o partido seria conservador. Rebatendo a tese, o companheiro Rui explicou:
“Em 68, uma parte da esquerda, a esquerda não-marxista – mas foi adotada por grupos que se diziam marxistas – elaborou a teoria das Novas Vanguardas. A teoria seria mais ou menos o seguinte: a classe operária dos países desenvolvidos teria se tornado conservadora, portanto a tarefa da realização do socialismo cairia nas mãos de novas vanguardas, que são essas que o Jones aponta, mulheres, negros, jovens […]. Você teria novas camadas sociais substituindo a classe operária, que teria se tornada uma classe social conservadora; então, essa ideia do Jones Manoel, além de não ser uma ideia nova, ser uma ideia que já foi apresentada, já foi descartada e que agora está aparecendo, nós temos o seguinte problema: o partido revolucionário não despreza a luta de nenhum setor. Ele defende, por princípio, todos os setores oprimidos sobre o regime capitalista; a classe operária não vai fazer a revolução sozinha, […] deve atrair outras camadas sociais […]”.
Ainda, ele criticou o partido por não se adequar ao imaginário das esquerdas na defesa do identitarismo. Como se um partido revolucionário tivesse de ignorar que a estrutura social básica da sociedade é formada pela luta de classes e basear seu programa no que pensa a esquerda, na ideologia geral da esquerda: tal base totalmente volátil deveria basear a organização revolucionária! Ninguém com qualquer preocupação séria com o marxismo pode levar isso a sério.