O golpe de 2016 teve muitas consequências negativas para o país, desde a derrubada do governo do PT, a estruturação do movimento bolsonarista e a própria ascensão de Jair Bolsonaro ao poder, após o governo neoliberal avassalador do golpista Michel Temer, que deu forte continuidade à política de devastação da economia nacional iniciada por FHC nos anos 90 e que havia sido desacelerada pelo PT nos anos 2000. A devastação econômica brasileira é imensa, e junto das privatizações de empresas chave para o interesse do desenvolvimento nacional, como foi o caso da CSN e da Vale do Rio Doce, vimos o desmonte das iniciativas nacionais para o desenvolvimento e a soberania do país, ilustrados por casos como a entrega da base de Alcântara para o imperialismo e o desmantelamento da iniciativa nuclear brasileira, articulada pela Lava Jato, que prendeu por uma delação premiada, o almirante Othon Luís Pinheiro da Silva, figura de proa do programa nuclear brasileiro, programa esse que tem uma importância chave para a afirmação nacional e garantia da sua soberania.
O governo Lula agora, apesar das dificuldades, trabalha para recuperar, mesmo que parcialmente essas iniciativas nacionalistas que podem garantir uma menor influência do imperialismo no Brasil, o problema do programa nuclear hoje se mostra essencial em um cenário em que o imperialismo se mostra cada vez mais inclinado a fazer valer os seus interesses sobre os países oprimidos por meio da força bruta.
O programa nuclear agora sob o governo Lula se vê de novo andando, mostrando a iniciativa nacionalista do governo. Foi noticiado que está em marcha a terceira fase do Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), já foram gastos 40 bilhões no programa, tendo produzido modelos de submarios e outros veículos militares, rumando para o desenvolvimento do submarino nuclear brasileiro, que foi abortado com a prisão de Othon. Além disso, está sendo contruída uma base naval em Itaguaí, no Rio de Janeiro. Paralelamente há também a continuidade do desenvolvimento do reator nuclear brasileiro, no interior de São Paulo. Fora essas iniciativas ainda existem projetos para outras armas, como lazers, um radar nacional e veículos militares autônomos.
O programa está buscando parceiros econômicos e eventuais clientes em outros países latino americanos como Argentina e Colômbia, e viu inclusive interesse da Embraer nos projetos. A marinha buscou diálogo com o governo Lula, e viu uma visita do presidente à base em Itaguaí.
Vemos que a pesquisa militar tem vias para o crescimento depois do duro golpe aplicado pela lava jato nesse setor essencial para a soberania nacional. O governo Lula tem que eliminar seus preconceitos da esquerda pequena burguesa e compreender que a pesquisa nuclear, militar e bélica e parte essencial da garantia da soberania nacional e de uma política anti imperialista. Não só isso, mas a pesquisa no setor nuclear tem também implicações econômicas do ponto de vista da geração de energia e de outros setores importantes da base da economia.