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Ainda sobre Cuca

Resistência/PSOL celebra “luta” da Globo para demitir trabalhador

Artigo destaca que demissão do técnico do Corinthians se deu por "pressão e indignação de homens e mulheres dispostas a enfrentar a estrutura machista"

Em artigo publicado em seu portal, Esquerda Online, o grupo Resistência, tendência interna do PSOL decidiu se somar aos ataques recentes feitos ao técnico de futebol Alexi Stival, conhecido popularmente como Cuca. O treinador acabou de ser pressionado a pedir demissão do Corinthians, fato que foi comemorado pelo grupo psolista.

O texto é bem claro quanto ao que defende. Segundo sua autora, Cuca não deveria ter o direito de… trabalhar. Afinal, para ele, ser técnico de futebol não é um hobby, nem uma função cívica, é aquilo que vem pagando suas contas há décadas. Embora uma organização que se diga revolucionária – antes disso, que se diga progressista – se dedicar a fazer uma campanha para demitir uma pessoa de seu emprego já seja algo de saltar os olhos, o motivo é ainda mais escatológico: o Resistência quis que Cuca fosse demitido por questões ideológicas. Como Cuca seria “machista” – em breve explicaremos de onde vem tal acusação -, ele não deveria permanecer no cargo. O que aconteceria com a classe operária se todo patrão demitisse os trabalhadores com quem tivesse alguma divergência ideológica?

Um trabalhador que ache que seu salário é uma miséria, então, deveria ir para o olho da rua, sem qualquer indenização!

Mas os sábios do Resistência hão de argumentar que, acima da relação entre empresa e empregador, está a luta das mulheres – Cuca, afinal, teria se colocado a favor dos opressores das mulheres e, por isso, não poderia ser visto como um oprimido. Para admitir isso, em primeiro lugar, o Resistência teria de de admitir, de imediato, que não é marxista, nem trotskista, visto considerar a luta de classes como um elemento secundário. Em segundo lugar, teria de explicar qual foi o grande avanço na luta da mulher que houve quando, por exemplo, quando um motorista de ônibus no Paraná foi demitido por supostas falas “machistas” e, assim, ficou sem ter como colocar comida na mesa de sua família.

É um raciocínio, obviamente, de quem vive no mundo da lua, que acha que o mundo poderá ser consertado com meia dúzia de mandamentos morais. O que o Resistência ignora sumariamente, contudo, é que, em primeiro lugar, medidas coercitivas nunca serviram para “educar” alguém, mas sim para gerar ainda mais revolta, e, em segundo, que quem tem condições de aplicar tais medidas é sempre a classe dominante. Quanto mais apoio o Resistência der a uma “luta contra o machismo” que seja uma luta contra os direitos democráticos de um setor oprimido em nome de um suposto “feminismo”, mas munição está dando para a burguesia oprimir o conjunto da população. É a burguesia, afinal, que controla o Estado, o Judiciário, a imprensa, a polícia e o setor de recursos humanos das empresas.

O que também chama muito a atenção no artigo é o fato de que sua autora, não bastasse comemorar a demissão de Cuca, ainda considera que isso tenha sido resultado de uma “pressão” progressista:

“Mesmo após uma classificação épica, um técnico caiu. Não pelas mãos dos homens do futebol, nem por boicote dos jogadores no vestiário. Caiu porque houve pressão e indignação de homens e mulheres dispostas a enfrentar a estrutura machista, demonstrando que no futebol, o maior símbolo da cultura popular brasileira, não deve haver espaço para estuprador”.

Cabe, então, perguntar: de onde veio essa pressão? Ora, da Rede Globo, da Folha de S.Paulo e dos grandes jornais, representados, por exemplo, por figuras carimbadas como Walter Casagrande e Juca Kfouri, notórios defensores dos interesses imperialistas no futebol. A “luta”, portanto, não só é reacionária como foi travada pelo que há de mais reacionário no País.

Para encerrar, o leitor há de perguntar: mas que grande crime cometera Cuca a ponto de causar tamanha histeria? O que fizera o técnico para que um grupo que se diz marxista perca completamente o norte e decida fazer lobby para demitir um pobre coitado?

Segundo a autora, como Cuca foi condenado pela Justiça suíça há 36 anos em um caso mal explicado de abuso sexual de uma menor, mas não cumpriu pena, ele não deveria mais ter o direito de ser técnico de futebol. O que uma coisa tem a ver com a outra? Teria virado o Resistência/PSOL um destacamento da polícia suíça no Brasil?

Nem que fosse! A pena de Cuca já transcreveu – p técnico é um homem livre, que não deve nada à Justiça suíça, podendo ingressar livremente no país. A indignação da autora, portanto, é com o fato de que um homem que supostamente cometeu um crime – coisa que ele nega e que não foi comprovado de maneira cabal até hoje – há 36 anos não pode aparecer em uma posição “de destaque”, pois isso “perpetuaria” o “machismo”.

É ridículo. Neste exato momento, enquanto o Resistência se indigna, junto com a Globo, com a “posição de destaque” de Cuca, o presidente – isso sim uma posição de destaque – ucraniano Vladimir Zelensky está jogando milhares de mulheres na miséria apenas para servir o seu país de bucha de canhão. Mas para o Resistência, esse assunto não tem importância. Enquanto Zelensky não contar uma piada “machista”, o grupo psolista seguirá defendendo o regime nazista e a OTAN contra a Rússia.

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