Previous slide
Next slide

III Conferência Nacional

O identitarismo não contribui com a luta das mulheres

Nº168 - III Conferência: identitarismo não contribui com a luta das mulheres / Nº169 - As mulheres pagam mais caro sempre

Todo domingo às 19h, é transmitido pelo canal no YouTube da COTV – Causa Operária TV o programa TV Mulher, que trata das dificuldades que o capitalismo impõe às mulheres.

O programa nº 168, que foi exibido no dia 18/06/2023, o tema era “III Conferência: identitarismo não contribui com a luta das mulheres”. Já o programa nº 169, que foi ao ar ontem, dia 25/06/2023,  teve como tema a “As mulheres pagam mais caro…sempre”.

No TV Mulher nº 168, foi apresentado por Nina Tenório, Stefania Robustelli e Lísia Sakai.

Neste programa, iniciou com a denúncia da companheira Stefania Robustelli, que sofreu agressão por guardas do Memorial da América Latina no dia do evento de cultura cubana no Memorial da América Latina, “2023 Festival Cubano de la salsa”, sábado dia 17/06/2023.

Foi feita críticas sobre a nota “Reprodução de preconceito”, publicada pelo Coletivo Juntas – mulheres lésbicas e bissexuais, do PSOL. A nota, por ter forte teor de identitarismo, em vez de unir as forças para fortalecer o movimento, separa em categorias muito especificas que não vai mudar absolutamente nada e ajuda a desviar as pessoas da luta, afinal, as mulheres são sempre as mais atingidas com questão de desemprego, de questões trabalhistas. Na prática, a nota, em vez de tratar de questões que realmente interessam às mulheres, retira o foco da luta com questão individual de sexualidade, desfocando do caminho correto de luta revolucionária, de libertação de fato. Citou também como os identitárias estão usando os transsexuais para rebaixar a luta das mulheres, lembrando do caso de um homem que agrediu uma mulher dentro do banheiro feminino na UnB. Um homem barbado, autodenominando “mulher”, entra no banheiro feminino e ao ser abordado por fato de um homem estar no banheiro feminino, fica ofendido e agride a mulher, tendo que a imprensa tratado o caso como transfobia. Ou seja, agora as mulheres não têm mais direito ao banheiro exclusivo para elas. Outro caso recente resultado de política de banheiro para mulheres autodeclarados é o de um homem que entrou no banheiro feminino em uma universidade da cidade de São Paulo para filmar as partes íntimas das mulheres. O banheiro voltado exclusivamente para mulher é uma conquista feminina, de ter direito de poder usar um espaço voltado somente elas. Agora a conquista das mulheres é ameaçada, prejudicando-as. Quando se trata de homem trans, uma mulher que muda de sexo, o assunto não é citado, o fato de querer usar o banheiro masculino não tem tanta polêmica, pois os homens trans sabem do risco de usar o banheiro masculino, e nem ficam insistindo em seu direito de usar o banheiro masculino. Outro ponto sobre as mulheres trans é no campo de esportes femininos. Nas modalidades esportivas em que eram separados por sexos por questões óbvias, de diferenças biológicas de força, agora as mulheres trans, os homens, estão participando das competições femininas e usurpando o espaço conquistado por mulheres.

Foi lembrando também do caso de uma jornalista de direita, Madeleine Lacsko, colunista da UOL, que foi acusada de transfobia por ter chamado uma mulher trans de “cara”, tendo sido processada e condenada a pagar indenização, e a mulher trans que o acusou também foi processada por Lacsko e foi condenada a pagar indenização. Mais um caso de liberdade de expressão. Enfim, quem ganha com isso é a Justiça que está ganhando uma fortuna para processar esses casos.

Outro assunto tocado no dia foi a denúncia da Defensoria Pública de São Paulo, que divulgou que, no sistema carcerário brasileiro que acumulam jovens, pretos e pobres na cadeia, as revistas intimas são proibidas desde 2014, mas que 49% das familiares que visitam os encarcerados são submetidas às revistas íntimas. Casos de revistas íntimas que foram citados é o de um familiar de encarcerado que foi visitar na cadeia, a passou 3 vezes por aparelho que detecta, e mesmo assim, a administração carcerária, empresa privada, obrigou a pessoa a ingerir medicamento de lavagem intestinal, o que resultou em infecção, causando problema sério de saúde. Outro caso de denúncia é de uma mulher que foi obrigada a passar por exame de Papanicolau para verificar se transportava entorpecentes. A maioria dos encarcerados são compostos por jovens, pretos e pobres, e que são sustentados em grande parte por mulheres que levam comida, itens de higiene, vestuários, pois não há garantia de que os recursos destinados aos presos cheguem de fato às pessoas destinadas, por esse motivo os familiares, as mulheres diariamente levam alimentos, cuidando de seus parentes. Ou seja, o sistema carcerário que maltrata de presos que são em sua maioria jovens, pretos e pobres, igualmente maltrata de mulheres que chegam no local para visitar seus familiares. Esse problema é de massas, pois muitos presos estão encarcerados sem um processo nem uma acusação, passam por essas humilhações, sendo uma questão de classe social. O judiciário, totalmente identitário, não tem poder de mandar para cadeia as grávidas de 8 a 9 meses, que foram presas por tráfico para se manter, ao ser presas serão enviadas para cadeia além de humilhações que vão sofrer. O mesmo judiciário tem a cartilha identitária para tratar de pronome correto etc., ficando claro a demagogia do sistema judiciário. Foi lembrado do caso de tortura que ocorria na cadeia feminina, no estado de Paraná, onde o Sérgio Moro era responsável. A lei não foi feita para ser obedecida aos pobres. O caso da estudante de medicina que desviou milhões já está solta, mas o negro que roubou 2 caixas de chocolate é encarcerado, sendo que a maioria dos encarcerados foram presos por crimes assim. Outro assunto que foi tocado é o caso de aprovação, no Estado de Mato Grosso, de projeto de lei que cria o Programa de Proteção ao Nascituro, criminalizando o aborto até previstos em lei federal. Isso foi determinado sem passar por nenhuma consulta pública. O aborto deve ser legal em todos os casos, isso é uma das reivindicações do Coletivo Rosa Luxemburgo.

Último assunto tocado no programa nº 168 foi a III Conferência de Luta, na qual se realizou plenária com as mulheres que participam de movimento por moradia, que estão na luta de mulheres trabalhadores de verdade, e foi definido um programa real de luta das mulheres. Os assuntos tocados eram sobre autodefesa, questão das mulheres que sofrem violência doméstica, problema de creche, alimentação, de ter uma rede de solidariedade, alfabetização, saúde, são todos itens que podem ser desenvolvidos com uma política revolucionária, que é melhorar a condição econômica das pessoas. Nota-se que nenhum tópico identitário foi citado. O que importa para as mulheres são problemas do cotidiano.

O programa nº 168 pode ser acessado por aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=hslMNO5f9Tg

No programa nº 169 do dia 25/06/2023, apresentado pela Simone Souza e Silvia Mendes,tratou-se de assuntos como painel eletrônico no ponto de ônibus que identifica uma mulher sozinha à noite, e que interage com a pessoa. Sendo uma ideia muito boa, mas a iniciativa deveria ser do Estado, e onde será disponibilizado, pois o vídeo causa uma falsa sensação de segurança.

Foi tratado também do caso de juíza de Santa Catarina que ficou conhecida por ter tentado impedir uma menina de 11 anos de fazer o aborto. A menina engravidou por ter sido estuprada. A juíza será investigada pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ.

Outro assunto tratado foi o estudo realizado com os dados do SINAM (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) do Ministério da Saúde, de 2015 a 2022. Os dados se referem às mulheres que deram entrada no SUS. A análise revelou que as mulheres negras e pardas sofrem mais violência física e sexual no Brasil. Citou o caso de Distrito Federal, em que os números de feminicídio têm aumentado exponencialmente. Tratam as mulheres como se fossem propriedade privada, um objeto, e não como um ser humano que merece respeito e dignidade.

Outro assunto triste que foi falado é sobre o dado de que 70% das mulheres em tratamento de câncer são abandonadas por parceiro. Outra doença que causa abandono de mulher é a esclerose múltipla. Mas, o inverso, de quando um homem fica doente, a mulher, mesmo querendo separar, permanece no casamento e ajuda no seu tratamento. Isso está ligado com o assunto tratado no programa anterior, de que quando um homem é adultero, é tratado com normalidade, enquanto uma mulher é adultera, é linchada.

Por fim, o tema do programa, de que a mulher sempre paga mais caro. Isso é revelado na dissertação de mestrado pela UFMG da advogada tributária Luiza Machado de Oliveira Menezes. De absorventes a talco, os produtos adquiridos por mulheres têm tributação mais alta. Disponível no https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/53343, sobre o título “Tributação e desigualdades de gênero e raça: vieses de gênero na tributação sobre produtos ligados ao trabalho de cuidado e à fisiologia feminina”, investiga a discrepância de alíquota sobre os produtos voltados às mulheres e aos cuidados de crianças. Um dos fatos levantados no programa é a alíquota de anticoncepcional, que era de 32,45%, enquanto o preservativo masculino era 9,25%, além de isenção de IPI. Viagra tem alíquota de 18%, sendo isento de IPI, PIS e COFINS. O anticoncepcional é ligado à saúde pública, enquanto o viagra é oposto, que pode causar gravidez indesejada etc. Outros itens levantados são lenço umedecido, pomada para hidratação de mamilos e demais itens para cuidados para bebês, têm alíquota de 30%. Essa denúncia demonstra que a situação de opressão que recai sobre as mulheres as torna cidadãs de segunda classe, condição necessária para a manutenção do regime capitalista.

O programa nº 169 pode ser acessado por aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=BJpwdTFM1R0

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.