A direita pró-imperialista na última década se caracterizou pela tática das aproximações sucessivas. A esquerda, por sua vez, se caracterizou pela aberração dos recuos sucessivos.
Em nome da inalcançável estabilidade dos regimes políticos no continente latino-americano, abriram mão de posições em espaços cruciais no terreno de combate para morrer abraçada com o regime político em decomposição. Até as liberdades democráticas foram rifadas em nome do tal Estado Democrático de Direito.
Figuras políticas de apelo popular foram fritadas para agradar e atrair quem jamais seria agradado e atraído para um programa democrático-popular. Em nome de um suposto combate ao fascismo, abraçaram figuras medonhas do neoliberalismo rechaçadas pela população, abrindo brecha para a demagogia da extrema-direita sobre a posição anti-sistema.
Luis Arce, Alberto Fernandez, Sergio Massa, Fernando Haddad, Pedro Castillo, Gabriel Boric, Lenin Moreno, etc. Todos são reflexos dos recuos sucessivos. Não apenas nominalmente. Mas no conteúdo do programa político e na própria essência dessas personalidades políticas. São figuras que não são advindos do seio das lutas das massas, são figuras de uma pequena burguesia supostamente de esquerda. Gestores do caos, se é que a crise crônica do capital pode ser gerida.
A esquerda tenta mudar uma tendência social com remendos. Tenta nadar contra o curso do rio da história, como se fosse possível. A economia e os conflitos militares apontam para a intensificação da polarização. A esquerda brinca com fogo, se não mudar a postura diante do quadro político atual, a tendência é que o reflexo à direita da polarização política se torne uma presença cada vez mais constante.