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Ofensiva burguesa

“Racismo por omissão”, mais um ataque identitário contra o PT

Sítio progressista se soma a campanha farsesca pela ministra negra no STF e ataca o PT, tal qual fez o STF, e o exato motivo que define a campanha como uma farsa

A campanha imperialista por uma “mulher negra no STF” continua com tudo. Na última quarta-feira, 4 de outubro, o portal Jornalistas Livres publicou um ataque virulento contra o Partido dos Trabalhadores na forma de um artigo intitulado: “PT comete racismo por omissão ao negar vaga à mulher negra ao STF”. O ataque ao PT, que de fato é um ataque à toda a esquerda, adota uma série de ângulos, e defende inclusive a despolitização do negro, o que é explícito ao final, mas vejamos no detalhe.

O olho da matéria (trecho de texto abaixo do título) é repetido em negrito acima do corpo do texto, no que se pontua o centro do ataque:

“A intelectual Lélia Gonzalez, em 1983 denunciou o PT por praticar o que ela denominou de racismo por omissão, ao negar às pessoas negras espaços de poder dentro das instituições”.

O restante do trecho indica uma suposta atualidade da afirmação quanto à questão do STF. Aqui é preciso um pouco de contexto: segundo o texto citado, a crítica seria a uma peça de TV do PT na época não ter comentado de maneira específica a questão racial – embora não tenhamos encontrado o referido programa. Mas a coisa vai além. O texto foi publicado em um veículo curioso: na Folha de S.Paulo, em 13 de agosto de 1983. Ou seja, ainda na ditadura militar, a chamada intelectual publicava um texto de crítica aberta a seu próprio partido, fruto da luta contra a ditadura, nas páginas de um dos principais veículos de apoio ao regime militar, que cedeu seus carros para a repressão política, para a tortura. Em outras palavras, na prática um apoio ao regime militar, cuja superação era o centro da situação política. De uma aberração argumentativa, partimos para o argumento de fato:

“Mulheres negras servem para tudo, menos para ocupar vaga no STF? Parto dessa pergunta em razão de toda celeuma envolvendo a próxima cadeira a vagar no Supremo Tribunal Federal (STF) no próximo mês.”

O que ocorre não é o apontado cinicamente pelo artigo. Em momento algum foi afirmado que uma mulher negra não deveria ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal. A única questão foi a afirmação de Lula, de que não escolheria a pessoa para o STF com base em gênero ou raça, algo sensato, especialmente tendo em vista os últimos feitos de maior relevância pela corte, qual sejam: os processos farsa do Mensalão, que visavam colocar o PT na ilegalidade; a farsa da Lava a Jato, que serviu ao golpe de Estado de 2016; e a farsa eleitoral de 2018, quando Lula foi impedido de concorrer nas eleições pelo STF. Três golpes, três farsas, e agora temos outra. Voltemos a acusação aos acusadores:

Quem são vocês para ignorar todo o golpe de Estado – que ao longo de seis anos jogou o povo brasileiro na miséria – e reivindicar uma medida tão efêmera e superficial quanto a indicação ao STF de uma pessoa com base em gênero e raça?

A campanha é feita pelo imperialismo, como visto em Nova Iorque na Times Square, como visto na Índia, e pela imprensa golpista, que apoiou o golpe de 1964, e todo o golpe de 2016. É, portanto, uma campanha para facilitar a influência da burguesia no STF, uma campanha golpista. Vamos adiante:

“Recentemente, Ricardo Lewandowski aposentou-se, e havia um clamor público, sobretudo dos movimentos sociais e negros que a vaga fosse ocupada por uma mulher negra.

“No entanto, contrariando os apelos, o presidente Lula […] nomeou seu advogado para a vaga, confundindo o público com o privado”.

Aqui se torna ainda mais evidente o caráter golpista da campanha. Após seis anos de golpe, Lula apontar seu advogado, que o defendeu contra a ofensiva golpista que o manteve preso por mais de 500 dias e o impediu de participar nas eleições, seria “confundir o público com o privado”, o mesmo argumento de toda a imprensa burguesa.

E os movimentos sociais e negros, dos quais não se dá exemplo no texto, quais são? Os financiados pela burguesia, identitários? Aqueles que apoiam a iniciativa golpista da burguesia sem fazer campanha alguma no que se refere às centenas de milhares de encarcerados no País? Os que não falam do desemprego, da destruição econômica do golpe que atingiu principalmente os mais vulneráveis? Uma farsa.

“Todavia, a Ministra Rosa Weber deixará a corte e não só a ministra, mas diversos ministros, vêm clamando por uma mulher negra à referida cadeira.”

Não são citados os ministros, mas pelo primeiro nome, está claro o teor do apoio. Rosa Weber, golpista do STF, apoia a medida, assim como outros de sua índole. Isso é um fato que denuncia a campanha, não que a corrobora.

“Há alguns setores da esquerda que se opõe [sic], inclusive atacando pessoas brancas que se colocam favorável [sic] à indicação.

“Essas pessoas costumam defender que indicar uma mulher negra é tratar de pauta indentaria [sic] e que devemos pensar no país.

“É preciso pontuar que quando se reduz a questão racial negra ao identitariíssimo [sic], isso pode ser traduzido em racimo [sic], ou seja, de silenciamento para manutenção de status quo da branquitude.

“Não vemos essas pessoas argumentando quando se nomeiam pessoas brancas, o que denota que o problema levantado aponta para um lugar de privilégio racial, essas pessoas não querem reposicionamentos dos sujeitos sociais.”

Sim, a indicação é uma pauta identitária. Ela substitui a luta política real por uma perfumaria, uma representatividade que não altera em nada a vida da população pobre, basta olhar para os ministros identitários, Sílvio Almeida, Aniele Franco e Sonia Guajajara, nada fizeram de bom para a população trabalhadora.

O artigo então fala de reduzir “a questão racial negra ao identitarismo”, mas tal redução não está colocada. É por defender o movimento negro real, dos negros, e não de burgueses imperialistas e “ativistas” vendidos que existe a oposição. A indicação não se trata de questão racial negra, mas de uma distração que levará ao aumento da repressão contra os negros: o golpismo. E se não vêem críticas quando são nomeadas pessoas brancas, talvez estejam esquecidos dos recentes nomes para o STF, indicados pelos golpistas Michel Temer e Jair Bolsonaro.

“No que tange ao PT e sua falta de compromisso com as pessoas negras, Lélia Gonzalez já denunciou o partido em 1983”.

O veículo ainda tem a cara de pau de falar de “falta de compromisso com as pessoas negras” por parte do PT, quando defende uma política golpista. Do início ao fim, uma farsa.

Então, é citada uma autora negra que: “fala que a mulher negra é o outro do outro do outro, e ao que parece, o presidente Lula não vê uma mulher negra como capaz de ser jurista.

“Ao que parece, está inclinado a indicar outro homem branco.

“Diante disso, […] nós, pessoas negras, entre direita e esquerda, continuamos negras/as.”

Ora, como já demonstrado, o primeiro argumento é uma falácia. O segundo, uma estupidez, e o terceiro, a defesa da despolitização dos negros, do movimento negro real. O que se pode dizer da campanha e dos movimentos que a defendem exige apenas uma simples mudança terminológica: ao invés de se chamar de movimento negro, poderiam ser chamados de golpismo negro, se é que a parte do negro é uma realidade em tais movimentos da burguesia.

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